Strange behavior

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— Por aqui, crianças.

Estávamos há exatos dez minutos andando por uma trilha sendo guiados por Elisabeth, que em alguns momentos suspirava em irritação por nós ver demorando a acompanhá-la.

— Mamãe, não acha que deveríamos voltar? – Cloe perguntou, um pouco ofegante. – Já estamos aqui a tempo de mais, a nossa água já acabou.

— Mas não são nem meio dia – retesou. – Não creio que esses jovens já estejam cansados com tão pouco.

Ela olhou para o grupo, alguns já estavam sentados, outros apoiavam-se nos joelhos enquanto respeitavam de boca aberta. O cansaço estava estampado em seus rostos.

— Seus amigos são bem sedentários – disse Alan para Cloe. – Acho que uma corrida diária os ajudaria.

— Não temos... tempo... para corrida... – uma das jovens disse, fazendo pausas para respirar. – Trabalhamos o dia inteiro... e quando chegamos vamos direto para a cama.

— Trabalham juntos? – questiono – Todos vocês?

— Sim.

— Ora, mas isso não é desculpa – ralhou Elisabeth.

A menina imediatamente abaixou a cabeça novamente, tentando recuperar o fôlego. Eu não estava tão cansado quanto eles, mas vi que não aguentariam avançar mais nenhum paço.

— Bem, senhora Johnson – chamo sua atenção –, Cloe está certa, deveríamos voltar.

Ela olhou para mim como quem estava procurando algum traço de humor. Não achando, porém, ela disse:

— Se não há outra solução, vamos indo – deu meia volta.

Assim que ela passou por mim, vi os rostos aliviados doa amigos de Cloe, que logo começaram a seguir a anfitriã de volta para a casa. Carla não estava no meio deles, decidiu ficar com o senhor Johnson para ajudar no almoço. Mas caso estivesse, acredito que ela seria uma das primeiras a sentir exaustão.

Pelo pouco que descobri dela, sua rotina consiste em trabalho, algumas horas em casa e a grande parte do tempo indo na casa de conhecidos. Quando chegava em casa, comia e se deitava, não tendo – ou não querendo ter – nenhuma hora vaga para exercícios físicos, fazendo-a ficar num estágio avançado de sedentarismo.

Eu não a julgo, apesar de tudo, também não sou fã de exercícios e tenho pavor à ideia de levantar às seis da manhã para correr.

— Obrigada pela força.

Já estávamos caminhando de volta, em passos lentos, quando Cloe se aproxima de mim.

— Como?

— Sabe, minha mãe costuma ser muito insistente – começou. – Provavelmente ela teria andado mais nove metros se não fosse por você.

— Acho que ela teve compaixão dos pobres idosos – sorrio. – Aliás, como anda sua coluna, senhora Johnson?

— Está me chamando de velha?

— Eu? Jamais faria isso – lhe respondi sorrindo, e recebi um soco no ombro.

— Caso não saiba, tenho vinte e um – disse orgulhosa.

— E eu tenho vinte e três.

— Oh, me desculpe Matusalém, por não viver tanto quanto a ti.

Instantaneamente minhas risadas ganharam força com a resposta de Cloe, e os que andavam na nossa frente viraram-se para trás em busca do barulho. Alguns até riram, outros permaneciam com a mesma expressão cansada de antes.

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