Ninguém está aqui para dormir

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Wammy's House – Winchester, Inglaterra – 24/05/2004 – 02:21

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Near continuou a ficar sentado ao lado da cama, tentando controlar seu choro enquanto murmurava as mesmas três palavras:

- Não se esqueça, não se esqueça, não se esqueça... – repetia Near, apenas. Sem que qualquer tipo de pensamento vagasse por sua mente nesse momento. Só essas três palavras importavam para ele agora; era o seu desabafo.

- Como, como...

Near ouviu o ser deitado em sua cama murmurar essas palavras e logo levantou a sua cabeça, num ímpeto. Afinal, não era para ele estar ouvindo. Tentou se aproximar, ainda no chão, mais do loiro na sua cama, quando percebeu que ele estava acordado e chorando, enquanto dizia:

- Como você quer que eu não esqueça de algo que nem me lembrava? – disse Mello, virando sua cabeça para encarar o ser a frente.

"Não era para ele ouvir, não era, não era..." - Near pensava, sem saber o que responder. Não queria conversar sobre aquilo, era doloroso demais para ele. Não sabia como reagir, então apenas disse o que sentia:

- Era pra você estar dormindo, Mello. – disse apenas, enquanto punha-se de pé, na esperança de ir para longe do loiro. Todavia, foi impedido ao sentir uma mão segurando sua blusa.

- Eu não vim aqui para dormir, Near. – respondeu Mello, agarrando mais fortemente a blusa do albino. – Vim para conseguir respostas e... acho que as encontrei.

Near ficou um tempo parado, ainda naquela posição. Respirava pesado, não sabia o que fazer. Ele não podia simplesmente ir. Tinha que terminar isso.

- E agora, então? Conseguiu suas respostas, o que vai fazer? – perguntou, aflito com qual tipo de resposta poderia receber. "Será que vai me bater? Será que vai me fazer jurar não contar pra ninguém? O que vai fazer, Mello?"

- Foi... por isso que quis tirar ele de mim? Por vingança? – perguntou Mello, agarrando ainda mais forte a camisa do albino. "Foi por vingança afinal, Near?".

Near ficou um pouco surpreso com a pergunta, mas no fundo já a imaginava. Voltou a sentar ao pé da cama, dando um longo suspiro. "Ai, Mello... você consegue ser tão burro as vezes".

- Eu acho incrível... – começou Near, dando um leve risinho. - .... a sua capacidade de fazer tudo ser sobre você – terminou, colocando um braço de apoio em cima da cama.

- Está dizendo que não fez o que fez por vingança? – retrucou Mello, com certo rancor na voz.

- Mello, vê se acorda! Eu não fiz nada! – respondeu, num tom de voz um pouco acima do usual - Eu não escolhi ser o parceiro do Matt naquela porcaria de trabalho, não escolhi fazer com que ele voltasse parte da atenção dele para mim. – voltou seus olhos para os de Mello, e continuou: - Eu não tiro notas boas só para competir com você, eu não almejo ser o L só para ser o seu rival, eu não... eu não sou o "primeiro" só pra fazer você ser o "segundo", Mello.

Mello não esboçou nenhuma reação, só continuou ali, deitado, encarando os olhos de Near e analisando. No fundo, Mello sabia que o que Near estava dizendo era verdade, mas para ele era difícil aceitar. Era difícil não ver Near apenas como "o cara que está no caminho dele suceder o L". Mello sempre colocava Near nesse patamar, não percebendo que ao colocar Near sempre acima dele... Ele mesmo se rebaixava.

- Você sempre esteve na minha frente... – disse Mello, colocando uma mão para o alto e encarando-a. – Eu sinto que eu nunca.... nunca vou te alcançar... e isso me mata por dentro – terminou, voltando a encarar Near.

Near, Abra Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora