EXTRA I - A Curiosidade Matou o Gato

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Wammy's House – Winchester, Inglaterra – 12/05/2004 – 13:56

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Matt's POV On

A aula de química já estava para começar. Hoje não era a entrega definitiva, mas o professor queria ver o progresso das duplas até então e orientar quem estivesse muito perdido ou fugindo da ideia principal do trabalho. Que seja. Eu e Mello tínhamos acabado de almoçar e estávamos indo em direção a sala. Mello estava mais quieto do que de costume, mas sei que estava com medo porque sua dupla – aquele garoto, o Sebastian – meio que o ignorou durante todo esse tempo para fazer o trabalho. Então acho que o trabalho não deve ter ficado tão bom quanto ele queria. Sei que ele deveria estar pensando isso. Já eu...

"Near". Era tudo o que eu conseguia pensar no momento. Bom, porque primeiramente era a hoje a entrega dos trabalhos e minhas notas estavam nas mãos dele e não tínhamos nos falado mais desde o último encontro que tivemos no laboratório. Eu não sabia o que pensar. Várias possibilidades surgiam na minha mente, como ele ficar com raiva por eu tê-lo beijado e ter tirado meu nome do trabalho, ou ele simplesmente não vir ao laboratório pelo que houve aqui, ou... Sei lá, ele escorregar quando estiver descendo as escadas, bater a cabeça e não se lembrar onde colocou o trabalho... Eu estava muito nervoso.

O silêncio que Near fez quando saiu do laboratório, depois do nosso beijo, era ensurdecedor para mim. Não sabia o que pensar, não sabia se tinha feito uma coisa errada. Aliás, ainda nem sabia direito porque tinha feito aquilo. Eu simplesmente queria fazer, sentia que precisava fazer, então eu fiz. Ponto. Para mim era algo normal, mas depois parei para pensar e analisar o lado do Near: ele não tinha contato com ninguém, não tinha amigos nem nada do tipo, o que me fez pensar que, ao contrário de mim, beijar outra pessoa era algo completamente novo para ele. Comecei a ficar ainda mais em pânico. Eu nem sabia se ele era gay, bi, ou se curtia meninos, e na hora nem me importei com isso, só fiz e, bom, por ele não ter recusado, acredito eu que isso não foi nem é um problema para ele.

Mas sei qual foi o pior de tudo. Sei o que o Near deve estar pensando de mim agora. Sei o que eu estou pensando de mim agora. Fui egoísta. Sabia que Near se sentia desconfortável comigo, porque eu lembrava Mello. Sabia que ele estava tentando me evitar a todo custo. Sabia que eu não representava nada para ele de especial. Mas, mesmo assim, eu invadi uma parte íntima dele e roubei algo que jamais poderia ser devolvido. Eu sei que ele 'tava com problemas, principalmente pelo estado que o pulso dele se encontrava.

Pulso... Tentei me lembrar mais da nossa conversa. Depois de tudo o que ele tinha me falado naquele joguinho que fizemos de perguntas e respostas sei que o que houve tem a ver com Mello. Mas por quê? Como? Quando? Onde?

Eu já tinha consciência que Mello, em certos momentos de excesso de raiva, por sabe se lá o que, descontava em Near e eu também sabia que, algumas vezes, Mello partia para a agressão física contra o albino. Mas era raro. Bem raro. E mesmo quando acontecia, Near não se mostrava abalado, nem mesmo tentava esconder caso alguma marca aparecia e quando alguém perguntava ele respondia sendo franco, dizendo que o autor do colorido em seu corpo era Mello. Mas então por que tão alarde em falar? Por que esconder dessa vez? Não, não... Estou fazendo as perguntas erradas. Por que Mello não comentou nada comigo? Ele sempre me falava quando fazia algo do tipo, no caso, bater em alguém. Se realmente foi ele que fez isso a Near, por que não falou comigo? Por que não contou vantagem como sempre fazia? Bom, acho que só tem uma maneira de saber: perguntando a ele.

- Ahn, Mello. Eu estava pensando... - Eu comecei. Não sabia direto como continuar e chegar no ponto que eu queria, mas eu precisava matar essa curiosidade.

- Sobre o quê? - Mello perguntou para logo em seguida começar a bocejar.

- Sobre o Near... - Eu realmente não sabia como falar e perguntar o que eu queria, mas precisava tentar. Eu tinha resolvido não contar a Mello sobre eu ter pegado o albino. Afinal, eu sabia que ele o odiava e se soubesse que eu tinha beijado o cara que ele odeia, bom... Acho que ele explodiria.

Near, Abra Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora