Música tema: La llorona, Rosália
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Pov (...)
A escuridão assombra tanto que todos à tem como inimiga. Após me acostumar vi que não se passa de uma imensidão escura, ainda causa arrepios caso pense muito sobre ela, nada mais que um abismo sem fim. A escuridão faz-me lembrar muito de uma cova, aberta para enterrar aquilo que resta e fazê-lo repousar no escuro, dentro de um buraco debaixo da terra. Está cova servindo apenas para ser local de memorial, tendo uma lapide e flores sobre a terra. Flores que nem sorriem nem choram, não tem sentimentos pois estão num lugar onde o sol bate sem intenções de alimenta-lás e as nuvens choram em lágrimas grossas a fim de retirar suas pétalas. Um ciclo triste.
A um tempo escutei que a morte vinha numa carruagem, esperávamos ela num campo vazio, vestidos de vermelho, sem expressar emoções mais no fundo sentindo tristeza.
Naquela minha cidade natal, contavam sobre a tal chorona, a tal da morte. Diziam que quando ela passava nem mesmo as flores do cemitério conseguiam ficar sem chorar. Ela vinha com seu manto preto na tentativa de esconder seu rosto sem face, que carregava todas as lágrimas do mundo, menos as lágrimas de alegria, estás a machucavam. Era como um esqueleto, puro osso, mas para os humanos que apareceu conseguia se disfarçar. Andava de mãos vazias, mais sempre volta para casa com a pessoa mais amada de alguém. Dizem que ela nunca volta para casa de mãos vazias.
- Vamos para o nosso passeio querida?- A grande dama de véu preto me chamou, eu estava à esperando por muito tempo.
- Veio sem seus cavalos dama?
- Não temos necessidade de utilizá-los hoje. Venha, prometo que mais a frete a vista ficará melhor e mais florida.
- Nunca te perguntei isto mas, onde estamos afinal?
- Num campo, não vê? A grama é verde e macia, como me disse diversas vezes.
- Eu sei que isto é um campo dama, mas onde estamos?
- Sua tão falta de conhecimento sobre o sobrenatural ainda me intriga. Se eu te contasse você sumiria junto ao vento como pó, estás informações são demais para sua mente tão pequena e focada apenas naquilo que seu olhar quase cego vê.- Ao longo de percurso, o ar começou a ficar rarefeito, parecia que estávamos subindo uma montanha, mesmo caminhando reto.- Estamos tendo essas conversas a algum tempo, como não vê com o olhar sobrenatural ainda?
- Acho que talvez eu ainda não tenha caído nos seus encantos dama.
- Você é mais esperta do que penso querida.
A grande dama continuou uma conversa explicando coisas sobre o campo. Aos poucos o campo começou a ficar florescido, flores vivas e flores muchas. Flores tão coloridas que doíam a vista, já outras de tão tristes estavam ficando escuras, era possível ver suas cores caindo no chão como pó e sendo arrastadas com o vento para longe.
- Onde estamos agora?
- No meu paraíso. Aqui todos os dias, uma flor desmancha e várias coloridas nascem.
- Aqui tem um clima tão...
- Tristonho?
- Isso, tristonho e deprimente. Mesmo tendo tantas cores elas não dão ânimo, muito menos vontade de viver.
- Isso porque são flores de cemitério querida.
- Então este é o seu paraíso? Um campo feito de flores que carregam saudades e servem de lembranças?
- Isto! Se você fosse além e visse com a alma, veria que em cada uma destas flores há uma alma que acabou de chegar a este lugar. Este campo não é meu, eu apenas aproveito dele para saciar minha fome. Enquanto alguém vivo ainda lembrar destas almas, eu não posso me tomar posse delas, já quando são esquecidas...- A grande dama ficou em silêncio por alguns instantes.- Essa parte da história é cruel demais para te contar querida. Mas, todas as vezes que piso neste local, milhares de flores novas brotaram e milhares de flores se apagaram.
Fechei os olhos para auxiliar numa respiração funda, pois sentia falta de ar. Quando os abri, vi tudo aquilo que a dama tinha dito, almas em frente a flores específicas, algumas ajoelhadas, outras chorando ou rezando não consegui diferenciar. Era uma cena triste, que combina muito bem com este lugar. Este contraste entre os dois mundos.
- Dama, aqui é aquele que muitos nomearam de purgatório?- Questionei.
- Alguns pensam que são, mas não é, nem mesmo eu sei o que isto é. Podemos dizer que é como o cemitério dos mortos, onde eles lembram de seus entes vivos. É um vão entre os mundos. Real, sobrenatural e espiritual.
Andamos um pouco mais para frente quando escutei de longe uma bonita voz cantar.
- Dama, temos tempo para que eu possa procurar está voz que canta tão belamente?
- Temos mais tempo do que pode imaginar queria. Estarei aqui quando quiser ir. Mas se lembre que ela não vai te ver, almas apenas conseguem ver outras almas ou aqueles que tem uma conexão muito especial.
Caminhei até a voz em passos cautelosos, ela estava no meio do campo de flores, rodeada por rosas murchas e apenas duas rosas vermelhas muito bem cuidadas. Era uma senhora que cantarolava aquela música que me parecia tão familiar.
- Ay de mí, llorona, llorona, llorona. Llévame al río. Ay de mí, llorona, llorona. Llévame al río. Tapame con tu rebozo, llorona, porque me muero de frío...
Por algum motivo a voz parou de cantar e parecia me encarar. Não entendi pois a dama disse que almas não poderia me ver.
- Antoniette?- Aquela senhora falou.
Antoniette, um nome bonito e familiar.
- É você Antoniette?- A senhora continuou a insistir naquele nome.
Eu não me lembro do meu nome. Qual é o meu nome? Será que eu tenho um nome?
- Perdão senhora, mais eu não recordo meu nome, porém Antoniette é um nome belo.
- Como chegou até aqui?- Indagou a senhora.
- A dama... Ela quem me trouxe.
- A Dama. Aquele ser tentou me roubar para si diversas vezes, mas minha flor nunca murchou, olhe.- Me aproximei com receio.- Está é a minha rosa, está do lado é a do meu marido.
- É realmente saudável sua rosa senhora. Se não veio com a bela dama, como ainda permanece aqui?
- Eu não sei. Não existem tempo nesse lugar, existe apenas as flores. Tudo que se pode ver são as milhares de flores que nascem e desaparecem e, no meio delas, um alto ser de véu escuro que cobre teu rosto, chorando lágrimas que nunca param de cair.
- Era sobre isso que cantava! Sobre está tal criatura.
- Não faz sentido tu estar aqui Antoniette.
- Já disse que não lembro meu nome senhora...
- Confie em mim, você é Antoniette, minha neta. Caso contrário, não estaria te vendo.
Não sabia se acreditava na senhora ou não, mas continuei a conversa.
- Caso não incomode, qual é seu nome?
- Você já sabe bobinha. Quando sair daqui irá se lembrar.
- Ok...
- Querida, devemos ir agora.- A grande dama apareceu.
- Não irás levar ela llorona.
- Eu deveria ter pensado que você a veria, mas eu tenho que levá-la embora, você sabe das consequências.
- Me deixe conversar com ela mais um pouco llorona, por favor, isto é tudo que eu te peço.
- Rápido.
A dama saiu, ficando apenas eu e a senhora novamente.
- Eu preciso ir senhora.- Digo.
- Me escute Antoniette, observe as flores deste campo. Nada aqui tem garantia de permanecia, nem uma dessas flores. O vento bate e elas se movem como um rio, cada uma delas. Llorona é como estás flores, ela se move com o vento. Tome, isto é um manto, se cubra com ele caso sinta que esta em perigo.
- Mas...
- Não questione Antoniette.- Uma rosa surgiu ao lado daquela que a senhora disse ser a dela.- Você não tem muito tempo...
- Como assim? De quem é esta for?
- Sua.
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The Future
Random2° Temporada de the village Quão insano pode ser o futuro? Quão triste pode ser o futuro? Quão mágico pode ser o futuro? Quão nostálgico pode ser o futuro? Quão difícil pode ser o futuro? Quão perfeito pode ser o futuro? Quão revoltante pode ser o...