Foi numa tarde de sábado. Estavamos na cama, não tinhamos saido de lá o dia todo. Enrodilhados nos lençois, nus, colados um no outro enquanto a chuva caia lá fora apesar de ser primavera.
Ao fim de um certo tempo no silencio do olhar de ambos demos por nós aborrecidos. Decidimo-nos entao por um filme. Peguei no computador e coloquei-o em cima das minhas pernas mas ela, como sempres, como em todas as situações decidiu tomar o controlo.
Tirou-me o computador e colocou-o sobre ela.
Eu estava completamente deslumbrado por ela. Pela forma como o cabelo dela caia sobre o seu peito nu, a forma rapida e destemida do seu escrever no computador, tal e qual a sua forma de vida. Os seus olhos fixados no computador, eu podia ver nele todos os seus planos para o futuro, para o que ela desejava que se concretizasse. Eu gostava da forma de como ela mordia o lábio quando se perdia nos seus proprios pensamentos, a forma como os seus olhos esbugalhavam ao encontro de algo diferente.
Eu estava perdido nela. Naquela advogada para ser, naquela que eu desejara que viesse, no futuro, a ser a minha vida e não apenas a pertencer nela ou a fazer parte dela.
O filme tinha começado e eu tinha encostado a minha cabeça no seu ombro para me acomodar. Em geito de ser ela mexeu-se como se estivesse incomodada com o gesto. Ajustei a minha postura de forma a soltar me dela e olhei para ela com olhos de ver desta vez.
Parecia-me entalada com alguma coisa, como se tivesse algo para me dizer á já algum tempo. Conseguia sentir a tensao, agora a acumular se entre nós.
Os olhos dela estavam fixos no filme pausado no ecra do computador. Num movimento quase que ansioso ela pegou no totó que tinha no pulso e prendeu o cabelo, puxou o lençol para cima tapando-lhe um pouco do peito. A sua respiração estava ofegante e o seu peito saltava ritmicamente .
Lambeu os labios.
Fechou os olhos e mordeu o labio inferior.
O medo apoderou-se de mim e depois ao som das suas palavras eu morri com ela.
_ Eu não gosto mais de ti. Eu disse para mim mesma que uma tarde assim, sem trabalho, sem distrações, só nós dois era o que estava a faltar na nossa relação. Que não estava a resultar simplesmente pelo facto de não termos tido tempo um para o outro. Mas eu enganei-me. E só agora quando te encostas-te a mim é que me apercebi disso. Eu senti-me suja, incomodada com o teu cheiro, com o teu suor em mim. E depois senti-me culpada porque eu sei o quanto tu me amas e o quanto eu queria gostar de ti. Mas eu não gosto. Tu amas-me e eu nem gostar de ti gosto.
Ela levantou-se da cama. Vestiu-se. Soltou o cabelo. Pos gloss nos labios e saiu.
Ao fim da madrugada levantei-me como uma alma penada. Sem nada. Perdido. Morto mesmo estando vivo.
Corri para o banheiro e vomitei o coração pela boca. Tomei um banho. Sai do banheiro e peguei no telemovel para ver as horas: 5.30 da manhã. Reparei no bilhetinho que ela me tinha deixado juntamente com a chave da porta.
Ela não ia voltar mais. E no bilhetinho dizia “Desculpa. Eu amei-te até ter dormido com o teu amigo e me ter apercebido que o meu amor tava mal direcionado. Tou amando ele. Desculpa-me “.
Que cabra. Parte-me o coração. Fica com o meu amigo. E eu continuo aqui esperando que ela se arrependa do que me disse, que se aperceba que tem o meu perdão e que pode voltar, que eu não digo não.
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Unconnected
Romancehistorias livres. sem conexão. do ponto de vista dela. e do ponto de vista dele. espero que gostem ;)