Para te fazer feliz

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Os dedos dele deslizavam pelo meu corpo nu e suado, depositava beijos leves, molhados e frescos em mim. Estava caída de amores por ele. Mais que isso eu vivia para aquele rapaz.

Percebi com ele que precisava de pouco para ser feliz.

Já fudi tudo entre nós, várias vezes até e ele sempre me aceitou de volta. De alma borrada e maquiagem desfeita. Já me aceitou vestida e nua. De joelhos e sem graça nenhuma.

Chegou um tempo em que eu percebi que sem ele eu virava miséria. Não me integrava no meio de multidão. A definição de solidão assentava-me que nem uma luva.

“Anda para aqui. Anda meu anjo.”  Os braços dele abriam-se para mim e eu não me sentia mais sozinha. Ele chegava e eu ficava bem. Eu integrava-me no mundo. Eu voltava a mim mesma nos braços dele.

Felicidade para mim passou a ser beijo na boca, abraço apertado, sexo molhado e gostoso, carinho na cara, pequeno-almoço na cama. Mas essa felicidade era só com ele. Tudo com ele. Era essa mesmo a definição d aminha felicidade, tudo com ele. Desde que fosse com ele eu era feliz e todo o mundo sabia disso.

As pessoas olhavam para o meu sorriso e viam-no a ele, as pessoas colavam nos meus olhos não porque eles eram azuis mas sim porque tudo o que eles viam era ele. As pessoas admiravam o meu corpo porque era dele. Tão simples quanto isso.

Ele não é rapaz de cola não. Ele é homem mesmo, daqueles que se preocupam se estás bem, se és feliz, se precisas de alguma coisa. Mas também é safado, e bom no sexo, no beijo, na cama, no sofá, no chuveiro, em todo o lado. Ele é bom de coração e de alma. De fisico e de quimica também.

Que mais podia eu querer, se eu tinha tudo?

A minha mãe sempre me disse que menina aquário não se acostuma á vida, não se acostuma a hábitos, muito menos a pessoas. Aquário quer mais é sexo na hora errada, amor na hora errada também. Quer se apaixonar quando está solteiro e passa a vida sonhando com isso e depois quando se apaixona, rápido se enche, rápido escolhe deixar aquilo para trás e conhecer novas pessoas a toda a hora. E eu sei que a minha mãe tinha razão, qual é a mãe que não tem? Ela tinha sim. Mas com ele …eu não o queria largar. Queria renegar o meu nascimento e deixar de ser aquário só para passar a ser só dele.

De todas a vezes que eu tocava no assunto de que a nossa relação nunca iria funcionar ele ficava bravo. Fulo da vida. Batia com a porta e saia de casa. Eu chorava encostada a um canto esperando que ele voltasse. Rezando para que não fosse ele a escolher a tal dita cuja liberdade.

Acabava por adormecer ali mesmo e, quando acordava estava nos braços dele. Ele pousava me devagar na cama e eu fingia que ainda estava a dormir. Ele tirava me a roupa gentilmente para evitar que eu acordasse do meu falso sono. Cobria-me com os lençóis da nossa cama.  E depois o silencio enchia o quarto. Podia a cada som, imagina-lo. Sentava se na cadeira ao lado da cama e ficava ali a olhar para mim e provavelmente a pensar no que lhe tinha dito, no que é que ele podia fazer. Ai, chegava um ponto em que ele devia não saber nem mais o que pensar então levantava-se, e ainda vestido, deitava-se ao meu lado. Eu a jeito de bela adormecida mexia-me um bocadinho e chegava-me para o seu peito. Conseguia ouvir o seu coração ora muito calmo ora muito aflito. Ele sempre me puxava ainda mais para se e abraçava-me com força. Beijava a minha cabeça e dizia sempre “ Que é que eu faço contigo meu anjo? Eu não te consigo deixar ir. Eu não quero nem pensar em te perder. Que é que eu faço, hein? Fala para mim meu Deus. Eu não consigo ser mais feliz assim...”. Eu sentia as lágrimas dele a caírem na minha testa e eu não podia resistir em abraça-lo. Mais que isto eu não podia ama-lo.

Eu faria de tudo para que ele fosse feliz outra vez.

De sorriso rasgado á porta de casa, de sorriso cansado depois do trabalho e de sorriso safado depois de sacanagem, ele era feliz. E depois deixou de ser...

Ele já não era o mesmo. Ele já não sabia o quer era sozinho. Talvez por isso eu tenha feito o que fiz.

Tu sabes que amas alguém quando começas a por de lado o que tu queres fazer para fazeres essa outra pessoa feliz. Acho eu.

Por isso o que eu fiz de um certo jeito, vem contra o que eu disse porque naquela manhã depois dos beijos e dos corpos transpirado com que comecei esta história, eu levantei-me, não tomei banho sequer porque eu queria o cheiro dele comigo, ao menos isso eu ainda podia levar. Vesti uma t-shirt dele umas jeans, as all-stars, peguei numa mochila e em alguns trapos com muito cuidado para não o acordar e depois fui para a cozinha.

Peguei em papel e caneta e…

“Para o garoto que eu mais amo, desesperadamente

Eu tinha que ir, ir para algum lado, nem eu sei para onde mas eu tinha que ir. Simplesmente precisava de espaço, acho eu. Espaço para eu ser eu. E eu acho que tu precisas disso também. Deixamos de sermos nós próprios para passarmos a ser um só.

Não me chames egoísta porque acredites, ou não estou a pensar em nós dois neste momento. Eu fiz isto por ti também, percebe isso meu amor, por favor.

Ainda me tens nos teus dedos, ainda sou tua, inteiramente tua ainda que longe de ti.

Por favor acredita quando digo que tudo o que eu faço é a pensar em ti, não sei o que mais fazer. Tu tens me, tu tens me amor.

Tu do que faço, eu faço-o para ti, apenas para ti.

Amor sê paciente comigo. E por favor não te apaixones por mais ninguém, eu prometo que um dia voltarei para ti.

Eu sei que agora dizes que me odeias, e que provavelmente me magoarias com as tuas palavras. Dirias que fudi tudo e que nunca mais me perdoarias. Mas amor percebe que tudo o que eu faço é por ti.

Percebe que á algo em amar tanto uma pessoas que sentes a necessidade de lhes dar espaço, e tempo para os deixar respirar. Como eu queria que tu percebesses isso… como eu queria que tu compreendesses o que sinto.

Espero que um dia percebas.

Acredita me ti, acredita me mim. Nós fomos feitos para estar juntos, quando o disse não te estava a mentir e espero que tu também não o tenhas feito.

Eu tenho que te deixar ser a pessoa que eu sei que podes ser.

A pessoa pela qual eu me apaixonei, cai de amores por ela e ainda caio sempre que olho para ti.

Não me odeies.

Não me odeies, por favor porque tudo o que eu faço é por ti, para ti.

Um dia eu vou voltar, como faço sempre. Prometo.

Esperas por mim?

Com amor daquela que te deixou para seres feliz outra vez.”

E sai de casa abraçada a mim própria matando-me por ele. E deixei eu, de ser feliz.

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