Dumbledore, O Guia

4K 453 265
                                    

- Senhor Black... Posso saber qual a honra de sua aparição? - Para seu espanto o velho diretor de cabelos e barbas longas estava sentado sob uma rocha com seus pés descalços aproveitando para refresca-los nas águas do lago negro e em seu lado um gato acinzentado se mantinha sentado ao seu lado.

- Diretor? Oque o senhor faz aí? - Ele limpou seu rosto vermelho pelas lágrimas e a passos receosos saiu da fenda a onde havia se escondido.

Caminhou para mais próximo do homem e ali ficou na margem o observando ainda descrente na imagem que seus olhos capturavam.

- Vim relaxar os pés por alguns instantes... Como deve saber, senhor Black... Administrar uma escola como Hogwarts não é tarefa fácil... Ainda mais quando se tem seu irmão e seus inseparáveis amigos...

Regulus assentiu concluindo que aquilo era lógico. Sirius era um caos acompanhado de seus amigos, pois tudo para eles era a mais pura diversão e muitas vezes, as consequências de suas atitudes pouco importava para eles.

- Mas... Me diga... Qual o motivo do pranto em local tão inusitado? Não seria melhor juntar-se aos seus colegas sonserinos nas masmorras? Não ouviu falar do lobisomem em Hogwarts? - Dumbledore virou-se pela primeira vez na direção de Regulus e sorriu calmamente com seu olhar sob os óculos de meia lua em sua direção.

- Nada senhor... Só precisava colocar para fora algumas frustração, longe de olhares julgadores.... Eu já estou bem e vou seguir meu caminho. - Avisou juntando seu material escolar do chão.

- Certo... - Fez uma pausa e assim que percebeu que ele já havia recolhido tudo, continuou: - Não gostaria de me fazer companhia e refrescar seus pés na água? Acredito que lhe será bem esclarecedor... Quando eu era mais jovem, um pouco mais que você na sua idade... Eu também tirava um tempo molhando os pés e era uma boa terapia, sabia?

- O senhor acha que vai me convencer de me abrir dessa forma? Com todo o respeito, diretor... Mas eu não quero falar sobre isso.

Dumbledore concordou ainda com uma expressão complacente e calma. Não iria apressar as coisas com Regulus, daria tempo ao tempo.

Regulus sabia que não adiantaria nenhum conselho, ele precisava resolver sozinho aquele problema. Tinha que suprimir seu sentimento, para que aquilo se resolvesse da melhor forma possível. E pedir a James Potter que esquecesse oque ele havia falado.

- O senhor tenho uma aptidão para criaturas mágicas, não é senhor, Black? - Regulus amava criatura mágicas desde criança.

Mas seus pais desprezavam essa paixão que o pequenino Regulus nutria, e o obrigaram a demonstrar seu interesses em outros tipos de assuntos, como poções e feitiços.

- Não, não gosto de criaturas mágicas... São patéticas e uma verdadeira perda de tempo. - Retrucou aquilo automaticamente.

- Isso é oque você diz ou oque seus pais dizem? - Questionou colocando sua mão na água e como se houvesse uma reação ao seu toque. Bolhas começaram a surgir ao redor da rocha, despertando o interesse dele para o fenômeno.

- Meus pais? Eles não tem nada haver com isso... Eu... Eu...

- O senhor já ouviu falar do termo obscurial? - Pediu Dumbledore.

- Já... Meu pai comentou uma vez com o tio Abraxas... Eu ouvi dizer que é uma coisa muito maligna... - Regulus queria entender agora oque o diretor queria dizer com aquilo. Aquela conversa toda estava o deixando confuso.

- O obscurial é uma magia das trevas parasitária, que só se desenvolve em condições muito específicas... Quando um bruxo suprimi sua própria magia, ou possui algum trauma interno pelo uso de magia ou detesta a própria magia... Para não se usar uma palavra mais pesada...

- Odeia... - Sussurrou Regulus. - Mas oque o senhor que falar com isso? Que eu posso ter um obscurus dentro de mim?

- Claro que não Regulus... - Dumbledore sorriu e surpreendeu-se de forma positiva ao ver que ele já estava quase ao seu lado na rocha. - Todos possuímos um destino mágico e glorioso e quando não nos permitimos que ele ocorra, coisas ruins acontecem...

O jovem de cabelos negros e cacheados agora tinha o foco todo nas palavras do diretor.

- Eu sei senhor Black... Os sentimentos são dolorosos e as vezes nos deixam vulneráveis, muito mais do que gostaríamos... Mas é preciso deixar que eles transcorram para que com o tempo possamos aprender a convivermos e transformar-mos de forma que nos tragam benefícios... Como auto-controle, discernimento e tudo mais... Permita-se sentir vulnerável... Jamais em demasia é claro, pois o excesso sempre é prejudicial.

- Meus pais disseram que não podemos ter sentimentos... Isso nos faz fraco... - Comentou cabisbaixo, sentia-se completamente exposto. Como ele houvera feito, mesmo que de forma indireta, com Lily Potter. O gato se aproximou do jovem e lhe esfregou a cabeça, pedindo carinho.

- Só é fraco quem deixa-se sucumbir por eles, o seu poder para resistir está aqui... - Ele tocou no peito de Regulus. - Você é mais forte do que pensa...

- O senhor não entende! Não é fácil! Eu sou... Eu sou um... Monstro... - Disse voltando a chorar.

O toque de Dumbledore em seu peito havia aberto algo em seu ser que ele não esperava e logo estava expondo tudo oque tinha guardado.

- Meus pais nunca vão entender! Eu gosto de garotos! Sabe o quantos eles prezam pelos puro sangue, pelo que eles acreditam ser "correto" ? Sabe quantas vezes eu precisei fazer coisas que eu odeio apenas para agradá-los? Eu precisei ignorar as violências contra o Sirius por causa dessas estúpidas regras que algumas pessoas acreditam serem as certas! Sabe oque eles vão fazer comigo se souberem disso? EU NÃO POSSO ME DAR AO LUXO DE SER FELIZ!!! - Gritou furioso enquanto chorava de raiva.

Dumbledore respirou fundo e segurou a mão de Regulus tentando lhe passar força.

- Regulus eu sei mais que ninguém como é se sentir assim... E eu posso lhe garantir, você vai vencer tudo isso... Se estiver disposto a correr os riscos de mostrar quem você é... Ninguém pode viver a sua vida... Sirius abandonou sua família para viver com os Potter e você viu sua alegria? Nada da mais felicidade ao homem do que o poder de ser quem ele quer ser...

- Mas Sirius tem o James e a família dele... Eu tenho quem? Ninguém! Nem meu irmão liga para mim, não vai ser agora, contando a verdade de como me sinto que ele vai mudar algo. É mais fácil ridicularizar do que me apoiar... E ele tem todo o direito... Eu sou um covarde, nunca movi um dedo para ajudá-lo enquanto minha mãe o torturava... NUNCA! - Regulus pulou da rocha e correu o mais rápido possível para o castelo, já havia passado tempo demais naquela conversa. Não havia razão para que aquilo continuasse.

- Você acha mesmo que vai conseguir ajudá-lo Dumbledore... - Pediu Minerva que saiu de sua forma animaga, fitando Dumbledore ainda preocupada com tudo aquilo. - Você sabe que isso não irá lhe aliviar da culpa que carrega por causa de Riddle, não sabe?

- Eu já não a carrego mais Minerva... Riddle teve todas as oportunidades e infelizmente...

- E falando em Riddle ele está a cada dia aumentando seu poder... Não me admiraria se Regulus acabesse se juntando aos propósitos de Voldemort... Tudo para agradar aquela gente...

- Cuidado Minerva, lembre-se que as palavras não devem ser ditas ao vento de forma indiscriminada... Eu acredito em Regulus, mas ele precisará de uma ajuda extra... E eu já tenho o candidato ideal...

A mulher calou-se por um instante e confusa perguntou:

- Quem?

- James Potter, ele será um ótimo tutor para Regulus, ele mostrará ao jovem Black como a vida pode ser divertida e ele pode se permitir ser feliz...

Teach Me - JEGULUSOnde histórias criam vida. Descubra agora