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— Se apresenta para a turma. — a senhorita Cliffer pede atenciosamente.

Seus piercings fazem menção de me chamarem a atenção. Agora, estou o encarando com curiosidade. Sua jaqueta de couro, suas botas pretas que fazem um barulho engraçado contra o piso de madeira e seu olhar de quem acabou de enterrar um corpo na noite interior. Sinto realmente um frio percorrer por meu corpo quando ele diz seu nome "Henry Scott" e se senta uma cadeira depois da minha.

— Sabe, é feio ficar encarando assim, ainda mais para uma Dawson.

Sua caneta bate irritávelmente na mesa e quase sinto vontade de gritar para que pare.

Mantenho a calma, é tudo que posso fazer, é tudo que devo fazer.

— Como sabe que sou uma Dawson?

Henry parece hesitar, então faz uma pausa, acho que para inventar uma boa desculpa, razoável, sobre como me conhece ao invés de realmente dizer a verdade.

— É filha de Klaus Dawson. Todos conhecem o cara que morreu há duas semanas atrás. — ele ajeita a coluna, inclinando-se um pouco mais.

"O cara que morreu há duas semanas". Henry não usa palavras delicadas como a maioria das pessoas. Deveria o repreender por ser tão insensível, mas depois de passar semanas sendo tratada como uma garota frágil demais, gosto de alguém que enxergue a realidade de uma maneira diferente.

— Sim, sou filha desse cara que morreu.

Seus olhos agora me encaram, acho que está tentando me irritar da mesma maneira que eu o irritei antes, porque agora sinto que ele pode enxergar até a minha alma e desvendar meus pensamentos somente num piscar de olhos.

— Isso vai ser interessante. — ele sorri, e então volta sua atenção para o quadro negro, como se aquilo realmente fizesse algum tipo de importância para alguém que parece tão despreocupado quanto a fazer anotações.

É, talvez seja.

Antes Que Ele Se VáOnde histórias criam vida. Descubra agora