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Acho que estou viciada. Não, agora que Henry descansa sua cabeça em minhas pernas, tenho certeza que estou viciada nele. Não sei em que momento comecei a me perder na devassidão desses olhos castanhos, mas a cada segundo que passo ao lado dele, me faz querer passar ainda mais. Como se nunca fosse o bastante, como se jamais fosse suficiente uma vida inteira ao lado dele.

Minhas mãos viajam em seus fios de cabelos, e sinceramente, é o único lugar no mundo que eu desejaria estar.

— Adoro quando você faz isso.

Sua voz sonolenta e um pouco embargada me desperta. Meu corpo se arrepia ao tom grave de sua voz e percebo como é gostoso ouví-lo. Merda, estou fodida, completamente fodida.

— Quando faço o quê?

— Quando se permite estar aqui, comigo.

Seus olhos se fecham lentamente e um sorriso emirge em seus lábios. Não consigo desprender meu olhar dele.

Luto para repousar a cabeça de Henry cuidadosamente no sofá quando ouço barulhos de vidros quebrando na cozinha.

— O que está acontecendo?

Há alguns copos despedaçados no chão de porcelana e os dois homens a minha frente parecem estar completamente diferentes do que eram. Os olhos de Trish estão negros, tão escuros que poderiam facilmente fazer alguém se perder neles. Otys está com o rosto levemente cortado e seus olhos estão um pouco marejados.

— Eu não concordo com isso. — Otys aponta para... mim? — Saiba que eu não faço parte disso! — grita.

— Você não veio para cá para ficar se metendo no que ele deixa ou não deixa de fazer. Esquece isso, caralho. — Trish balança a cabeça em reprovação, bufando raivosamente.

Otys agora me olha, seus lábios se abrem por um segundo e posso jurar que ele me diria alguma coisa. Mas, ele apenas abaixa a cabeça e tudo que ouço é o barulho pesado de sua bota contra o chão.

Antes Que Ele Se VáOnde histórias criam vida. Descubra agora