CAPÍTULO 11

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         Os olhos de minha parceira estavam em um tom mais claro e vibrante. Ela estava estranhamente quieta, o olhar estava vazio, distraída eu diria. Ela bebericou um pouco da água do copo em sua mão e se acomodou.

          — Você não parece ser uma pessoa muito ocupada. – disparei contra ela. – Qual a sua profissão ?

          O rosto angelical se fixou no meu e se demorou, como se estivesse procurando alguma coisa maligna em minha pergunta.

            — Herdeira. – ela deu de ombros.

            — Herdeira – repeti com um sorriso. – Não sabia que isso era considerado uma profissão. O que exatamente essa profissão faz ?

             — Gasta basicamente.

             — Deve ser um trabalho muito árduo. – brinquei.

             — É mais fácil do que ser um escravo em tempo integral.

             Meu rosto endureceu rapidamente. Era como se ela quisesse me lembrar a cada momento da situação em que eu me encontrava, como se ela não suportasse. Mas, isso estava fora de questão.

             — Você é bem irritante.

             — Obrigada.

             — Isso não foi um elogio.

             — Agradecerei mesmo assim, queridinho.

             A voz dela estava coberta de zombaria. Mas, mesmo assim, gostei da forma em que fui chamado.

           Pisquei uma dúzia de vezes percorrendo aqueles vestido que evidenciava os seios dela.

          — Já estamos atrasados.

          Um passo, dois passos, três passos e Quatro passos... foram o suficiente para que ela ficasse tão próxima a mim que eu não tinha tanta certeza se eu continuava a respirar.

          A nossa diferença de altura era notável, mas mesmo assim eu parecia tão inferior e sujo perto dela. Ela parecia ser uma escultura de tão linda, imaculada.

          — Não é.

           Os meus olhos arregalaram-se.

           — Como ?

           Ela entrou em minha mente tão silenciosamente, eu nem ao menos sentir.

           — Você não é sujo. Apenas a sua boca.

           Silêncio, apenas um silencioso inquietante vinha dela.

          — É difícil te descifrar, você é muito pragmático. – ela mordeu os lábios levemente.

          Um desejo incessante nasceu dentro de mim, eu queria segurar a cintura dela e trazer ela até mim. Seria um beijo apressado e desajeitado, mais animalesco do que qualquer coisa. Como se eu estivesse em um desespero eminente, como se aquele beijo fosse a minha fuga de toda aquela confusão.

           — Amarantha vai detestar saber disso. – Feyre deu um passo para trás, nós separando de forma amigável.

           — Desde quando você liga para o quê ela pensa ? – lutei para que minha voz não ficasse ofegante.

           — Desde de nunca.
   ...

        Foi uma festa como nenhuma outra. Feéricos bebiam e conversavam e dançavam, rindo e cantando músicas obscenas e etéreas. Não havia nenhum lampejo de antecipação pelo que poderia acontecer no dia seguinte.

         Eles pareciam tranquilos, apesar de não estarem. Dava para perceber pelos olhares rápidos até mim, o medo e o enseio por salvação. Imbecis.

         Eu estava na frente de Rhysand, na mesma mesa onde estavam todos os Grão-senhores. Eu conversava com Tarquin, um macho interessante para dizer no mínimo, fora fácil buscar um assunto em comum, ele era um férrico da água e eu sempre tive contato com feéricos da água.

         Tarquin parecia esquecer que eu havia transformado o seu primo em um pássaro, o seu sorriso vinha de uma orelha a outra, parecia que a tempos ele não sorria daquela maneira.

         Não beba do vinho, não beba do vinho. Era o que eu queria gritar para ela, se ela o fizesse, Amarantha conseguiria escravizar-la e seria algo terrível para todos nós.

         Os pensamentos de Rhysand começaram a me irritar de tão recorrentes e altos.

         Segurei a base da taça e brinquei com o líquido rapidamente, fazendo ele rodopiar e então, bebi parte dele.

         A música parou, Amarantha sorriu alegremente. Todos olhavam para mim, um frenesi de tristeza e déjà-vu.

          Um quantidade significativa de guardas entraram pelos portões. Olhei para Rhysand e encontrei os olhos roxos distantes e opacos.

          A cabeça de Amarantha pendeu para o lado.

          — Deve ser difícil para você processar que você foi enganada – segurei a taça novamente, girando o líquido de um lado para o outro.

          Conti a minha risada.

          — Uma teoria interessante. – falei em um sussurro e observei Amarantha descer do trono e ficar no meio do salão.

         — Você não parece chocada. – disse Amarantha.

         — Não sou um ovo de uma galinha.

         Amarantha ergueu as sobrancelhas.

         — Você está sem magia e com desvantagem numérica. Há mais guardas do que você consegue contar. Mas, mesmo assim continua a fazer piadas.

         Observei ao redor, para os rostos dos guardas recém-chegados. Havia 57 no salão.

          Levantei lentamente da cadeira, dando a volta na mesa. No mesmo instante, os guardas ergueram as armas para mim.

          — Que guardas ? – perguntei em um sussurro. Olhei para uma parede onde não havia ninguém visível. – Lucien, você está vendo algum guarda ?

            O salão ecoou um silêncio devastador, seguido de gritos.

....

     Notas

     O capítulo vai ser longo assim mesmo gente 😅

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