CAPÍTULO 10

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Observei o rosto de Amarantha pela quarta vez naquela noite, a minha simples presença enquanto ela dormia era suficiente para deixar o sono da Grã-Rainha aos farrapos.

Aquele lugar era extremamente chato, era abafado. Havia um cheiro de sujeira impregnado naquele lugar, de podridão.

Andei pelos corredores, apenas para ter certeza se os meus reféns estavam se comportando. Haviam alguns escravos presos nos calabouços, eles eram alimentados com uma água barrenta e o que parecia ser uma lavagem fermentada. Eles fediam demais. Nunca vir uma degradação férrica em massa tão de perto, os olhos dele eram opacos sem esperança. Haviam um choro estrangulado de uma criança abafado pela mão da mãe, dei as costas, eu provavelmente vomitaria se continuasse naquele lugar por mais algum segundo.

Voltei para o meu quarto, um féerrico estava dormindo levianamente, ele dormia tranquilamente mas acordou quando o vinho fez barulho ao ser despejado no vidro da taça.

Sentei na poltrona, me deliciando com o meu tédio crescente. Por algum motivo, os olhos violetas pareciam ser algo interessante o bastante para que eu prestasse atenção por horas.

— Para onde fora ?

— Não te devo satisfações, Grão-senhor.

A expressão dele endureceu.

— Não usar a máscara de megera o tempo todo, sabia ?

— Não é uma máscara. – mostrei as minhas presas para ele. – Sou uma pessoa naturalmente difícil de lidar, assim como você.

— Não sou uma pessoa tão difícil de lidar.

— É sim – acenei positivamente com a cabeça. – Você me trata bem por gostar da minha presença por ser algo bonito para ser observado, e também, não é burro o bastante para me tratar mal.

Ele acenou com a cabeça e estremeceu levemente.

— Você me encara como se eu fosse uma presa. – revelou ele.

— Coisa de família.

— Eles devem ser tão fáceis de lidar quanto você, eu presumo. Nestha, Elain, Kai e Cardan Archerons.

Levantei a sombrancelha esquerda.

— Cardan não é um Archeron. Nunca foi.  Ele é de outro Clã. Kai não é meu irmão, é o meu primo.

Rhysand arregalou os olhos

— A mais difícil de lidar é Nestha. A mais fácil de lidar é Elain. Cardan pode ser tão horrível quanto Nestha, mas ele normalmente só recorre a humilhações verbais. Kai é um poço de ódio ambulante, pronto para afogar alguém.

Tinha Jo, que era mais fácil de lidar que Elain. No entanto, está morta.

— E você ? – ele perguntou.

— Meio termo.

Ele sentou na cama, de braços cruzados.

— Você me acha uma pessoa difícil de lidar.

— De acordo com as histórias de Lucien, você é um ser Feerico terrível de lidar.

Ele arqueou uma sobrancelha, como se imitasse o meu gesto.

— Você o matou, e ainda leva em conta a opinião e histórias dele ?

— Por que não levaria em conta a opinião de alguém inteligente? – balancei a cabeça em negação – Não fale mal dele, a alma dele ainda pode está assombrando essas paredes.

— Rhysand – uma voz grave e aveludada soprou do quarto ao lado. O rosto de Rhysand tornou-se mais branco que papel. Uma pontada de medo.

— Não brinque com isso, Feyre. – ele deu uma risada nervosa – Foi você quem o matou, a alma dele deverá assombrar você a noite, não a mim.

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