6.

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Passamos o final do dia e a noite inteira dormindo no chão.

Alguns mercadores ficaram rindo de nós, principalmente de Eustáquio, já que ele ronca como um porco. Não vou mentir que ri também.

Ao nascer do dia, nos deram pão e água.

Ficamos assistindo uma carroça cheia de gente passar por nós.

Foram colocados em um pequeno bote, que foi sendo levado pelo movimento do mar.

O céu se fechou e uma névoa verde saiu da água. Em seguida o bote e as pessoas foram levados embora magicamente pela névoa.

— Que bizarro. — falei.

— É isso que vai acontecer se não for vendida. — disse um dos mercadores. — Não será o seu caso, eu mesmo compraria você.

— Meu marido virá me salvar e você irá morrer. — falei.

— Vai achando. — disse ele. — Agora se levantem, chegou a hora do leilão.

Nos levantamos e fui a primeira a ser levada.

— Deve ter uns vinte e poucos anos, está saudável e é muito agradável. — disse o mercador. — Além de ser linda.

— Agradável você vai ver quando eu te matar. — falei.

— Dou cem. — disse um dos homens.

— Cento e cinquenta! — disse outro.

— Dou duzentos!

— Duzentos e oitenta!

— Mais algum lance? — perguntou o mercador e o silêncio se fez ali. — Vendida.

Dois caras me agarraram e me levaram até o homem que me comprou (por questão de tempo).

— Por que me comprou? — perguntei.

— Beleza como a sua não merece ter um fim tão trágico. — disse o mercador e pousou a mão no meu rosto.

— Eu sou casada, acho melhor não encostar em mim. — falei.

— Você é minha propriedade agora, faço com você o que eu quiser.

— Só por cima do meu cadáver.

Fiquei quieta aguentando a barra e Lúcia também já tinha sido vendida.

— Agora por esse belo espécime. — disse o mercador se referindo à Eustáquio. — Quem vai abrir o leilão?

Ninguém queria comprá-lo.

— Entusiasmo! Ele é magrelo mas é bem forte. — disse o mercador.

— Ele é forte mesmo. E fedido como o traseiro de um minotauro. — disse um dos compradores.

— Mas isso é uma mentira absurda! Eu ganhei o prêmio de gênio escolar dois anos seguidos. — disse Eustáquio.

— Alguém faz um lance? — perguntou o mercador.

— Eu alivio você dessa carga, eu alivio você de toda essa carga! — disse Ripchip no ombro de Drinian. Estavam cobertos por uma capa.

— Por Nárnia! — disseram todos os infiltrados e começaram a lutar.

Não perdi tempo e bati com as correntes que amarravam minhas mãos no homem que tinha me comprado.

— Você foi escolher logo a mais selvagem, que pena. — falei antes de bater outra vez. Ele caiu no chão como uma batata podre.

Localizei o mercador que eu prometi me livrar e fui atrás dele, mas antes fui até Lúcia e Ripchip para soltarem as minhas mãos.

— Obrigada Rip, sabia que ia aparecer. — disse Lúcia.

— Minhas crianças estão bem? — perguntei.

— Irritantes como sempre. Sim, estão bem. — disse ele.

Peguei uma espada e fui atrás daquele mercador maldito. Ninguém se mete com a selvagem e sai ileso.

— Volta aqui! — gritei enquanto caçava ele. — Sou mulher o suficiente para cumprir o que prometi.

Mais alguns passos e o alcancei.

— Eu falei pra não se meter comigo. — falei e o feri, não para matar, só para dar uma lição bem dada.

Voltei para onde todos estavam e pelo visto já tinham vencido os mercadores.

— Minha selvagem! — disse Caspian e correu para me abraçar. — Odeio passar noites longe de você.

— Foi só uma noite. — falei.

— É suficiente para me deixar com saudades. Eu te amo. — disse ele e me beijou.

Nos separamos do beijo e estavam todos olhando para nós. Isso foi meio constrangedor.

— Acho melhor conversarmos depois. — disse Caspian como um pimentão.

— Tem toda a razão. — falei.

Saímos dali e caminhamos para a saída.

Muitos (a maioria) do povo foi atrás de nós, aplaudindo e falando coisas que eram como música para meus ouvidos.

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Música para meus ouvidos é 11:11 do Ben Barnes

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Plágio é CRIME

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