78| vitória

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Vitória Lacroix

-Moça, mas eu não posso fazer muita coisa a respeito. - ela murmurou

-Só me diga o número do voo, é tudo o que eu peço... - implorei, com os melhores olhos pidões que consegui.

-Tudo bem, mas se eu perder meu emprego por sua causa, o bicho vai pega! - cerrou os olhos para mim, esperando que eu mudasse de ideia.

-Eu acho que vou arriscar. - sorri, confiante.

Em seguida, a recepcionista começou a digitar freneticamente em seu computador, e assim que achou o resultado, me olhou e suspirou.

-Você está com sorte, ele está indo ao avião 224. O voo dele era pra ter saído a meia hora, mas por problemas com o piloto, atrasou. - sorriu cínica - A má notícia é que os passageiros já estão embarcando...

-Ah, não. - passei as mãos pelos cabelos, começando a entrar em desespero. - Meu Deus, não, não, eu cheguei tão perto!

-Calma, garota, se recomponha. - ela bradou, irritada. - Olha aqui, eu não arrisquei meu emprego pra você desistir assim tão fácil.

-M-Mas o q-que eu faço?

-Corra. Quem sabe chegará a tempo...

Era tão óbvio que eu não iria conseguir, mas mesmo assim concordei. Antes mesmo da mulher a minha frente terminar sua frase, eu dei meia volta e corri, corri como nunca havia corrido antes (o treinador do ensino médio ficaria orgulhoso de mim agora).

Passei por todos os portões de embarque, olhando cada número atenciosamente, mas nenhum chegava ao 224. Até que eu o vi, ele estava no último portão e seria o próximo da fila, aparentemente, Laura e Jacob já haviam entrado.

-TOM. - gritei, o fazendo parar e olhar pros lados. - E-EU TO A-AQUI!

E quando ele se virou para mim, parecia como se tudo ao redor estivesse em câmera lenta. O garoto me encarou um pouco confuso, mas em seguida sorriu.

-Senhor? Vai entrar? - a mulher dos bilhetes, ou seja lá como se chama essa profissão, perguntou a ele.

-Pode esperar? É importante. - Tommy pediu, fazendo-a revirar os olhos, mas permitindo, pois, aparentemente, o piloto ainda não havia embarcado.

Tom saiu da fila, que agora estava vazia, e veio até mim. Sem pensar duas vezes eu o abracei, tão forte que pude ouvir o pulsar de seu corpo.

-V-Vitótia. - ele me chamou, também parecia na mesma situação que eu. - O que você tá fazendo aqui?

-O que você acha que eu tô fazendo aqui, Tommy? - perguntei, e havia um pouco de irritação na minha voz. - Eu precisava vir te ver.

-Pra se despedir? - indagou, confuso.

-Me despedir? - o olhei, aterrorizada. - Você quis dizer "te impedir", não é?

-Por que me impediria? - aquilo estava me deixando cansada

-Porque eu não quero que você vá. - respirei fundo

-Agora você não quer que eu vá? - Tom me perguntou, e senti uma contada de sarcasmo em sua voz. - Eu te dei essa notícia ontem, Tori. E você não fez nada.

-O que você queria que eu fizesse? - cruzei os braços na altura dos peitos - Pulasse em cima de você e implorasse?

-Não, mas queria que fosse algo melhor do que "Boa viagem"... - ele fez o mesmo, me deixando sem argumentos.

-Eu não tinha como saber disso! - protestei

Estava me doendo ter essa conversa com o Tom, definitivamente não era isso que eu esperava acontecer. Achei que apenas de eu estar aqui já fosse o suficiente para ele ver que eu me importo.

-Bom, então é isso. - o garoto quebrou o silêncio que havia ficado entre nós - Acho que já vou indo. Obrigada por vir dizer adeus.

-Tommy, por favor não, espera. - segurei em seu pulso, o fazendo me olhar novamente. - Ok, eu não pretendia dar esse discurso, mas eu vou...

Suspirei bem fundo, apertando minha mão direita com força, enquanto a outra ainda estava no braço de Tom.

-Olha, eu sei que é tudo complicado, A GENTE é bem complicado, pra falar a verdade. - comecei, olhando no fundo dos seus olhos. - Quando você se foi, eu jurei ter te esquecido, porque é isso o que normalmente acontece. Mas no dia em que eu te vi, depois de 2 anos, eu notei que esses sentimentos nunca foram embora, só estava guardados em uma parte do meu coração!

-Eu sei bem como é. - ele murmurou baixinho

-Pois bem, eu tentei negar com medo de me machucar de novo, como no passado, mas é praticamente impossível ignorar esse tipo de coisa. - sorri fraco - Quando você foi em casa naquela noite e tivemos um dos nossos encontros como antigamente, aquilo mexeu demais comigo, e depois descobri que com você também...

-E eu te disse que não poderíamos ficar juntos, porque já havia uma garota! - Tommy completou

-Uma garota que você não ama e nunca amou. - eu determinei, até eu mesma me assustei de tanto que saí convencida.

-E como sabe que não?

-Por que, se amasse mais a ela do que a mim, não teria ficado chateado por eu não ter te impedido de ir embora ontem. - argumentei, o deixando quieto. - Você não gosta dela Tom, nunca gostou, e eu sei...

-Como eu posso ter certeza de que se eu ficar as coisas vão ser diferentes? - indagou ele, se aproximando mais de mim, fazendo-me engolir em seco. - Como eu sei que você não vai querer que eu vá embora daqui um tempo?

-Eu não sei, não tem como saber. - respirei fundo - Mas o seu lugar é comigo, Tommy!

"Chamando todos os passageiros do voo 224. Chamando todos os passageiros do voo 224", a moça dos bilhetes disse ao microfone, fazendo meu coração apertar.

-O piloto chegou. - Tom disse, meio relutante.

-Tommy, por favor, você não pode ir. - o abracei de surpresa, sentindo meus olhos encherem de lágrimas. - Por favor, você não pode me abandonar assim...

-Vitória, não deixe as coisas mais difíceis do que já estão! - ele pediu, retribuindo o abraço levemente.

*****

Espero que tenham gostado desse capítulo. Ok, eu menti, não foi o último hahahah, é mais difícil se despedir dessa fic do que parece.

Obrigada por lerem até aqui e até o próximo, meus amores.

Mude Por Ela ❀ Tom HollandOnde histórias criam vida. Descubra agora