Capítulo 32

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{POV.ANY}

- Que? Como assim? Ela era louca? (Perguntei assustada me sentando ao lado dele).

Pelo que Josh tinha contato, totalmente normal que ela não era né.

- Louca por completo não, Elisa tinha seus picos de lucidez mas seus surtos eram muito pesados. (Josh explica).
- Por que Taddy te culpa pela morte dela então? (Perguntei curiosa mas não querendo ser invasiva).

Josh respira fundo como se eu tivesse acabado de tocar em uma ferida.

- Elisa morreu há 5 anos vítima de um acidente de carro onde ela tava com Taddy, ele passou um bom tempo na uti mas ela morreu na hora. (Josh explica e sinto meu coração apertar só de sentir a dor dele). - Eu já estava cansado, Elisa foi diagnóstica com uma série de distúrbios e eu pagava os melhores profissionais pra ajudar ela, mas ela não queria se tratar. Dizia que não era louca, que quem a deixava "nervosa" era eu. Um dia brigamos feio, ela quebrou a sala quase toda de nossa casa, pegou Taddy e saiu de carro. Horas depois recebi a ligação que ela estava morta dentro do carro e Taddy sendo levado para o hospital em grave estado.

Eu coloco minha mão no ombro de Josh tentando passar o máximo de conforto que consigo, jamais diria que um homem como ele teria um passado tão triste.

- Qual era os problemas dela? Por que não ouvi ninguém falar sobre isso? (Perguntei confusa).
- Porque ninguém gostar de falar algo tão triste e quando falam dizem que o culpado é sempre eu. Taddy foi embora justamente pra fugir dos comentários. (Josh responde rápido). - Elisa tinha uma série de distúrbios, alimentares onde ela passava dias sem comer e depois comia sem parar até passar mau. Bipolaridade, tinha dias que ela estava de boa super feliz comigo, mas no outro já estava triste e as vezes até agressiva, e nisso eu acrescento que ela não podia ser contrariada, ou ameaçava se matar ou quebrar tudo que via pela frente. (Josh contava e eu engoli seco ainda chocada). - Mas o mais terrível de todas é que ela tinha medo das pessoas, uma coisa era ser tímida e outra bem diferente era ser como Elisa. Em 15 anos juntos, ela jamais foi comigo há nenhum evento ou sequer visitou nossa empresa. Ela tinha medo até de falar com nossas empregadas em casa, enquanto as moças trabalhavam ela se trancava no quarto pintando. (Um sorriso de lado surgiu no rosto de Josh com um olhar encantado).
"- Pintar, era essa a maior paixão dela. Elisa sempre foi linda, com os cabelos lindos e escuros, os olhos amarelados como os de um gato. Eu adorava quando ela estava em um de seus bons dias e eu chegava cansado da empresa, e ela corria toda suja de tinta me abraçando e em seguida me levava correndo para olhar algum quadro que ela estava pintando. Alguns eram abstratos e eu não entendia quase nada do significa, mas ela não, ela sempre sabia todas as histórias por trás de cada pincelada. Eram coisas pequenas como essas que me fazia não desistir dela. Eu tentei, Keren. Tentei. Eu tentei o máximo que pude ajudar ela".

A voz de Josh falha mas eu sei que ele é orgulhoso demais para chorar na minha frente.

- Eu sei, meu bem. Tá na cara que tu fez tudo que pode. (Digo acariciando o ombro dele). - Então é por isso que Taddy não gosta de mim? Ele tem medo que eu ocupe o lugar dela? (Digo confusa).
- Acho que sim, Taddy sempre foi louco pelo mãe e sempre viu nossas brigas e surtos dela. Ele sabe muito bem que eu precisava de alguém do meu lado por causa da empresa e sua mãe era complicada demais, nem mesmo meus amigos ela conseguiu conhecer. Ela começava a se tremer só de imaginar. (Josh explica). - E eu confesso que acabei colocando a empresa em primeiro lugar quando, na verdade, era para ser Elisa. Eu precisava de alguém que Elisa não poderia ser. (Ele completa e eu engoli seco).

Alguém como eu, alguém que sempre tivesse com ele para tudo e para qualquer lugar. Uma mulher que pudesse ajudar ele nos negócios, um amuleto para ele expor nos eventos, mas acima disso, alguém que lhe passasse calma e segurança.
Josh ficou em silêncio, então de repente ele coloca a mão no peito esquerda e suspira como se sentisse alguma dor.

- O que houve? (Pergunto preocupada).
- Não, calma. É só uma dor passageira, foi muita emoção desde ontem. (Ele explica rápido).
- Então vamos tomar nosso café, já deve está frio. Precisa comer algo. (Falo tentando mudar de assunto e tento me levantar mas Josh segura meu braço me olhando).
- Obrigada, Any. Obrigada por não me julgar. (Josh diz).
- Eu não sou ninguém para julgar outra pessoa. (Digo calma e Josh apenas assenti).

E eu ando até a mesinha perto da porta onde eu tinha colocado a bandeja com café da manhã.
[...]

No dia seguinte...

- Menina do céu, que babado todo é esse? Meu Deus, passada!

Sabina diz chocada após eu lhe contar tudo que aconteceu ontem e a história de Elisa, eu precisa desabafar isso com alguém. Nesse momento havíamos chegado a faculdade a pouco e eu lhe contava tudo enquanto ela arrumava seu armário.

- Teu sugar daddy ter um filho não era algo que estava nos teus planos né? (Sabina pergunta).
- A questão não é Josh , mas sim o filho dele que quer comer meu fígado cru com farinha por achar que eu tô ocupando o lugar da mãe dele. Ainda por cima o babaca tá se hospedando lá em casa, qualquer dia desses eu acordo com ele apertando meu pescoço. (Comento irritada bufando).

Josh me avisou ontem a noite que Taddy vai ficar um tempo conosco, mas eu nem vi a cara dele desde ontem. Se trancou no quarto o dia todo, pediu as refeições no quarto e hoje saiu antes de Josh e eu acordarmos.

- Ele é gatinho pelo menos? (Sabina erguntou maliciosa).
-Sabina , pelo amor de Deus. (Revirei os olhos bufando). - Não a beleza alguma que pague a arrogância daquele almofadinha. (Rebato).

Sabina abre a boca para falar mas é interrompida por Bailey que aparece vindo até nós e entrega uma apostila na mão dela.

- Obrigado. (Ele diz apenas para ela me ignorando totalmente e sai andando).
- Espera aí, ele voltou a falar contigo mas não comigo? (Pergunto indignada).
- Ontem, apenas para pedir a apostila emprestada. (Sabina explica meio tensa e eu solto uma risada incrédula).

E começo a andar atrás de Bler, eu estou cansada desse jogo de gato e rato dele. Quem ele pensa que é para me julgar nem sabe ao certo minha história toda.

-Bailey . Bailey . (Eu lhe chamo e ele finji não me ouvir).

Então irritada eu puxo o braço dele fazendo ele me olhar.

- A gente precisa conversar. (Digo firme).

My Lord - beuanyOnde histórias criam vida. Descubra agora