Corações partidos

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Alec sentia frio. A noite era tão escura quanto bonita e ele se perdeu por um momento olhando para as estrelas que brilhavam tão vividamente no céu tão azul que era quase negro. Era impressionante que coisas tão distantes pudessem chegar até ele. Aquelas estrelas estavam a uma distância tão grande que ele sequer conseguiria mensurar. Algumas coisas foram feitas para ficarem perto; outras foram criadas para embelezar o mundo à distância. Alguém agora só embelezaria seu mundo à distância. Algumas "coisas" que antes haviam estado tão próximas agora só poderiam ser vistas de longe.

Enquanto caminhava para casa, distraído pela dor que afligia seu coração e irradiava pelo resto do corpo, ele tentava respeitar a decisão de Magnus, mas as lembranças fluíam tão rapidamente por sua mente que o haviam deixado tonto.

Lembrava de Magnus enquanto cuidava dele naquele primeiro dia, quando se conheceram. Apesar da gratidão, sabia perfeitamente que o sentimento que tinha nascido entre eles passava longe daquilo. Já "conhecia" Magnus, tecnicamente, antes de vê-lo pela primeira vez, e já tinha se considerado tolo quando se sentiu atraído por aquela imagem. Já tinha visto imagens dele na internet e ele era bem conhecido pelos seus colegas e professores da faculdade. Quando encontrou Magnus, se aproximou dele, e se tornaram amigos, percebeu que não era só atração o que sentia.

Quando se encontrou com Etta, tinha consciência de que não seria fácil, mas nunca imaginou que ela fosse demonstrar sua posse por Magnus de forma tão explícita. Vê-la beijando ele não teria sido tão ruim e não tivesse percebido que ela o provocava. Imaginou até aquele dia que seus sentimentos estavam bem escondidos, mas se ela tinha percebido, fazia sentido que tenha se comportado de forma tão hostil; Ficou grato quando Magnus não tentou aproximá-lo novamente.

Magnus sempre foi tão presente que agora a falta dele criou uma ferida aberta em seu peito. Durante sua primeira semana naquele trabalho, Magnus tinha ido algumas vezes até sua sala para ver se ele estava bem depois de ter passado mal no dia da entrevista, e então tinha ido até a sala para garantir que ele estava se adaptando bem à sala, aos colegas de trabalho. Também era gentil com Maia, mas a aproximação deles foi natural e constante de uma forma que ele sequer percebeu como haviam ficado tão próximos.

Todos os abraços de Magnus tinham se tornado especiais para Alec simplesmente por ele não sair simplesmente abraçando todo mundo com tanta naturalidade. Magnus era gentil com todo mundo, galanteador em todas as vezes que passeava pelo escritório, mas não era tão aberto para aproximação física como se poderia imaginar. Ele se sentia muito feliz por ser uma exceção àquela regra. E quando percebeu estar realmente apaixonado, no dia em que Magnus esqueceu até de almoçar para ouví-lo falar de como tinha ficado abalado depois que o pai e mãe se separaram, e então tinha comprado uma caixa de seus doces favoritos para que comessem juntos para "afogar as mágoas", ele se deu conta do quanto Magnus era especial. Teve consciência de que era um homem daqueles, aquele homem, que queria para sua vida. Alguém que o respeitava e que o ouvia. Alguém que estava sempre próximo e presente e que o apoiava. Alguém que também o amava, embora não fosse da forma que queria. Foi com dor que teve que esconder o que sentia, em respeito a Etta, a Magnus e ao relacionamento deles.

Quando chegou no quarteirão de casa tentou se recompor. Tinha consciência de seus cabelos bagunçados pelo vento e sentia que em seu rosto a expressão era de tristeza, de cansaço, de mágoa. Isabelle, que ainda devia estar esperando que ele chegasse da faculdade como fazia todas as noites, veria que ele não estava bem. Apesar de se recusar a chorar pela tristeza, decepção e pela sensação de abandono, ele ainda estava arrasado, e Izzy perceberia assim que colocasse os olhos nele. Era óbvio que Magnus escolheria a namorada. Não era nem uma escolha de verdade, ele estava fazendo o que acreditava ser o melhor pelo relacionamento. Alec sequer tentou convencê-lo de que aquilo não adiantaria de nada. Se sentiria culpado se tentasse dissuadir Magnus, ele acabasse cedendo, e aquilo custasse o namoro com Etta. Não poderia se colocar no meio de um relacionamento que já durava há tantos anos.

Let You Go - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora