capitulo 53

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- Você é um grande idiota!- gritei enquanto Rafael andava apressado ao meu lado.

Sua respiração ofegante ao meu lado me deixava ainda mais nervoso, Rafael abriu o portal e por algum motivo estávamos no lugar errado, um lugar aonde nenhum de nós dois fazíamos ideia de onde é.

- Você acha que ficar jogando a culpa em cima de mim vai ajudar em alguma coisa?- Perguntou enquanto andávamos apressados.- Não, não vai!

Eu poderia estar correndo, ou até mesmo largar ele ali para que fosse morto mas, angeline me mataria se eu deixasse isso acontecer.

Estávamos sendo seguidos por um grupo grande de rebeldes, Rafael ja não aguentava mais correr e eu estava sendo obrigado a acompanhar seus passos lentos ao meu lado, ele não tinha forças para abrir outro portão oque deixava a nossa situação ainda mais complicada.

Os uivos estavam cada vez mais próximos, eu daria conta do grupo mas eles poderiam atacar Rafael oque provavelmente seria fatal.

- Sobe!- ordenei com raiva em minha voz enquanto Rafael me olhava confusa.- Nas minhas costas, anda!- gritei apressado enquanto jogava a mochila que eu carregava no chão.

Rafael sequer se atreveu a protestar, ele sabia que a aquela altura essa era sua única escolha e nossa última opção, eu teria que chegar ao castelo com Rafael em minhas costas o mais rápido possível antes que o pior acontecesse.

A sensação do vento forte batendo contra minha pele pela primeira vez me causava um grande desconforto, o medo de que angeline estivesse em perigo fazia meu coração acelerar de uma forma que eu sentia que ele pudesse sair pela minha boca a qualquer momento.

Aqueles lobos não eram tão rápidos, se eu tivesse carregado Rafael antes não teríamos perdido tanto tempo, mas a aquela altura eu não tinha tempo de pensar no que eu poderia ter feito e no que poderia ter deixado de fazer.

(...)

Os gritos de dor causavam aflição dentro de mim, a grande vila repleta por bruxos e bruxas estava sendo atacada por lobisomens e Vampiros que haviam se rebelado contra nosso reino, corpos sem vida estavam espalhados pela pequena cidade, sendo eles de adultos ou até mesmo crianças inocentes vítimas dessa guerra.

Pedi para que Rafael os ajudasse e corri em direção ao castelo tentando ignorar as pessoas que pediam ajuda ao meu redor.

Quando cheguei em frente ao castelo senti meu coração errar a batida, os guardas estavam do lado de fora lutando com Vampiros, alguns que cresceram comigo, que eram como irmãos para mim e agora eles estavam tentando destruir minha família e tudo que eu amava.

(...)

Angeline

A dor que eu sentia era quase insuportável, eu sentia o ar faltando em meu peito me fazendo puxá-lo cada vez mais forte e com mais pressa, Mathias me olhava aflito tentando me ajudar de alguma forma enquanto alguns guardas seguravam as portas com uma espécie de feitiço mas que todos ali sabiam que não duraria muito tempo.

Ursula batia com força contra a porta e gritava para que eles a abrissem logo, Nirvana abriu um portal e se jogou para dentro junto com Samara e kyros, foi nesse momento que tudo começou a se complicar, lobos começaram a invadir o castelo e massacrar os guardas que tinham ali, corpos sem vida eram encontrados em quase todos os cômodos daquele lugar.

E como se tudo isso já não fosse o suficiente eu estava com uma dor insuportável em todo o meu corpo, eu estava dependo de Mathias e dos poucos guardas que restaram com vida, consegui deter pouco menos de cinco lobos com meus feitiços, eu não tinha forças para me ajudar e nem ajudar aos outros que estavam ali.

- Você tem que respirar fundo, eu prometo que não vou deixar nada acontecer a vocês dois!- jurou Mathias enquanto suas mãos seguravam as minhas com forças.

- Mathias...- Eu repetia seu nome diversas vezes, tentando procurar algo para lhe responder, mas a aquela altura nada aparecia em minha mente.- Eu não sei se vou aguentar mais!

O desespero em seu rosto era evidente, seus olhos estavam arregalados, sua boca aberta enquanto ele tentava controlar sua respiração ofegante, sua roupa estava coberta de sangue e de suor, ele estava tão cansado cansado eu.

- E se você estiver em trabalho de parto? Oque as mulheres fazem quando isso acontece?- perguntou frenético mas não me deu tempo de responder e começou a vasculhar o quarto aonde estávamos.- Toalhas... precisamos de toalhas!- gritou enquanto vasculhava as gavetas agora jogadas no chão com pressa.- Encontrei!

Mathias voltou ao meu lado com várias toalhas brancas em suas mãos, ele as deixou sobre a cama ao meu lado e entrou apressado no banheiro saindo rapidamente dali com uma bacia redonda cheia de água.

- Tudo bem, eu acho que ele vai nascer.- Murmurou enquanto molhava uma das toalhas e passava em minha testa encharcada pelo suor.

- Oque?- perguntei eufórica sentindo o nó se formar em minha garganta.- Ele não pode nascer, não agora!- gritei o óbvio vendo Mathias suspirar ao meu lado.

- Sinto muito, angeline. Ele vai nascer e não temos muito tempo, temos que tirar você e ele daqui em segurança, não podemos mover você nessas condições!- tentou me explicar enquanto continuava a secar meu rosto.

- Eu na..- Eu estava prestes a dizer que não poderia ter um filho naquele momento quando uma dor aguda me atingiu me fazendo gemer de dor.

- Você precisa empurrar!- disse Mathias o óbvio.

Eu sabia que tinha que fazer aquilo mas o medo e o desespero tomavam conta de meu corpo naquele momento.

- Eu não consigo, eu não consigo fazer isso, Mathias. - choraminguei enquanto sentia outra vez a dor tomar conta de meu corpo.

- Angeline, olha pra mim!- mandou Mathias me fazendo fitar seu rosto pálido sujo de sangue.- Você consegue, eu estou aqui com você, você nao está sozinha.

Mathias subiu sobre a cama e ficou atrás de mim, suas mãos estavam em meus ombros e suas pernas esticadas ao lado das minhas.

- Vai dar tudo certo, vamos sair dessa e todos juntos!- falou em meu ouvido me fazendo concordar com ele.- Agora você tem que me escutar, da próxima vez que você sentir essa dor você tem que empurrar, entendeu? Apenas empurre angeline.

Sem me dar tempo de responder a dor veio novamente, eu tentava controlar minha respiração ao mesmo tempo que tentava fazer oque Mathias havia mandado, ele repetia em meu ouvido que estávamos quase lá enquanto eu me forçava a aguentar toda aquela dor que caia sobre meu corpo fraco.

Eu tinha medo, medo de que não conseguisse trazer meu filho com vida a esse mundo, e medo de que Ursula ou Nirvana o machucassem, medo de que conseguir protegê-lo e perdê-lo. Naquele momento tudo que passava em minha mente é que eu tinha que ser forte, não apenas por mim, mas também por ele, e pela última vez com a força que me restava eu me forcei a fazer aquilo, o grito estridente de dor que eu emitia pelos meus lábios ecoou pelo quarto logo em seguida acompanhado do mais apavorante silêncio, um silêncio que eu sentia que não era bom.

Destinada A Um Vampiro ( Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora