No alto do céu, muito mais longe do que o olho nu era capaz de alcançar, havia muito mais do que a mente humana poderia cogitar. Não somente em questão de matéria, de física, de ciência e até mesmo de tecnologia, mas também no que tangia à possibilidade da existência de vidas diversas das que habitavam a Terra, com características e peculiaridades que os humanos eram incapazes de determinar.
Disso, no que chamavam de Universo, havia aos montes.
Em alguns períodos da História da humanidade, arriscou-se falar de algumas dessas formas de vida. Primeiro na base do "boca a boca", na comunicação rudimentar que os humanos possuíam, e então, num dado instante, tudo passou a ser registrado de forma escrita, ao longo dos séculos, de diversas maneiras. Em determinadas vezes os humanos acertavam, e pareciam realmente saber do que falavam; noutras — e estas eram maioria — não tinham a mínima noção do que acreditavam. O importante, para os humanos de antes, assim como para os atuais, era poder fazer seus registros, de maneira que tudo o que já tinha sido visto, descrito e descoberto ficasse eternizado para os que viriam depois.
O que os humanos não sabiam era que esse desejo constante de fazer registros, de se expressar da forma que fosse e de descobrir nada tinha de natural, como gostavam de imaginar. Não era a tal natureza humana que causava isso, mas a influência direta de seres superiores que agiam sobre eles, lhes dando inspiração para fazer registros, para conhecer e multiplicar os conhecimentos. Foi assim que o primeiro ser humano falou. Foi como o primeiro humano escreveu, compôs a primeira música, inventou a primeira estória, a primeira roda.
Em determinado período os humanos quase entenderam isso, quando, na chamada Grécia Antiga, criaram as figuras das musas. Patronas das Artes, eram filhas de Zeus, o deus todo poderoso daquela religião. Não tinham compreendido bem o que haviam criado, mas, certamente, foi uma das vezes em que passaram bastante perto da realidade.
Musas existiam, desde muito sempre, e continuariam existindo além do tempo, eternamente, cumprindo seus papéis, da maneira que pudessem fazê-lo. Quando alguém tem uma ideia, uma inspiração, um desejo de se comunicar que seja, pode não estar ciente disso, mas foi por causa de uma musa que isso aconteceu. Elas lhe davam o que eles chamavam de talento, assim como eram as vores que lhes davam o que chamavam de consciência, dentre outros aspectos que, para os humanos, vinham de suas essências, porém, lhe eram emprestados a partir de outras criaturas, mais antigas e evoluídas.
Nem mesmo as musas sabiam as suas origens, e, em verdade, sequer se importavam. Sabiam que as criatividades humanas as alimentavam, e seguiam seus instintos de inspirar e influencias pessoas, ajudando-as a criar e perpetuarem suas criações, nos mais diversos campos que se poderia supor, não apenas no artístico. Suas vidas eram longas, muito longas, e uma mesma musa poderia ter sido a responsável, ao mesmo tempo, pelas inspirações de Cleópatra, Mary Shelley, Marie Curie e Valentina Tereshkova, por exemplo. Se seguissem as regras corretamente poderiam até mesmo ser imortais, e grande parte delas as seguia.
Eram poucas as regras e, no fim, todas tinham a mesma base: consumir, sem ser consumida. A elas cabia doar-se aos humanos minimamente, para os inspirar, e envolver-se com eles até se alimentarem, e então se afastar. Normalmente era uma tarefa fácil, e isso explicava o grande número de musas antiquíssimas a desfilar pelo Mouseion. Contudo, algumas sucumbiam e acabavam por se perder, nunca mais sendo vistas, ficando para trás apenas o rastro luminoso de suas existências. Mas poucas caíam nesse tipo de enrascada, e o equilíbrio entre suas vidas e a dos humanos ocorria sem maiores complicações, cada um existindo à sua maneira, pacificamente.
Exceto pelo fato de os humanos não saberem disso, claro, mas estava tudo bem. As musas sabiam, e para elas, era o bastante.
Esse é o começo, bem curtinho, para situar vocês! Espero que tenham gostado, e até o próximo!
A fic tem trilha sonora. Caso queiram escutar, o link vai ficar aqui nos comentários desse parágrafo >>>
VOCÊ ESTÁ LENDO
Letras & Sons
FanfictionSeokjin é uma musa com gosto especial por inspirar humanos considerados "pouco interessantes", que as demais julgariam como um caso perdido. Quando avista Namjoon tendo dificuldade para compor sabe que ele é o tipo de humano ideal para influenciar...