— Vai se encontrar com o tal Seokjin de novo? — Jungkook perguntou ao ver Namjoon passar pela sala, todo arrumado como se estivesse prestes a fazer um show nos seus tempos áureos.
— Vou — respondeu sem diminuir o passo, acenando para o casal sentado no sofá.
— Nesse caso, não esperaremos acordados. — Yoongi emendou.
O músico deu uma gargalhada, alcançando a porta e ganhando a noite. Era uma decisão acertada a de não esperarem acordados, afinal, era muito provável que sequer voltasse antes do nascer do sol. Não costumava fazer nada demais nos encontros com Seokjin. Como da primeira vez, apenas conversavam e desfrutavam da companhia um do outro. Não eram realmente encontros especiais, mas por algum motivo curioso, a simplicidade do que faziam era o que marcava aquelas horas como algo relevante.
Namjoon não tinha mais noção do tempo desde que passara a conviver com Seokjin. Por quantos dias vinha dividindo suas horas lúcidas entre tocar, rascunhar, se despedir rapidamente de Jungkook e Yoongi e, então, partir para se encontrar com Seokjin e ficar com ele até se cansar e precisar dormir? Não tinha a menor ideia, mas para Namjoon era como uma vida inteira. Estar com Seokjin era tão agradável! Era leve, alegre, como se fosse outra vez um garoto sem responsabilidade alguma, sem pressão nos ombros, sem receios e sem amarras.
Aquele jovem que dizia coisas sem pensar e trazia em si toda a candura do mundo tinha o poder incrível de deixar Namjoon suave. A leveza era tanta, o peso de ser o fracasso que era tinha ficado tão sem força, que tinha até sido capaz de criar uma melodia inteira. Estava totalmente crua, e não sabia que tipo de letra ela pedia, mas conseguiu tirar do violão um som de cerca de seis minutos, som este que deixou Jungkook um bocado satisfeito.
Sentia que não demoraria para que conseguisse criar ainda mais, não apenas sons novos, como também letras. As vibrações estavam lá, dentro de seu peito, vibrações que há séculos não se moviam, como se tivessem morrido. Agora ele podia sentir cada uma delas. A honra de tanta glória devia ser dada a Seokjin. E Namjoon achava que vinha fazendo isso bem, a julgar pela maneira como fazia o rapaz rir. Se ria era por se sentir bem, certo? Seokjin tinha uma risada peculiar e um belo sorriso, uma combinação perfeita que só lhe conferia muito mais beleza e magnetismo. Beleza e magnetismo pelos quais Namjoon se via extremamente conectado. Pelos quais queria estar assim.
Estaria Jungkook correto em sua colocação? Tinha sido uma paixão à primeira vista que o acertara? Já tinha escrito sobre isso um par de vezes, mas nunca tinha sentido aquilo de verdade. Diferente do que as pessoas pensavam, não era necessário sentir algo, ou ter vivido algo, para se escrever sobre o assunto. Era a inspiração que ditava tudo, não a pretensa experiência. Namjoon era capaz de escrever sobre qualquer coisa, desde músicas anarquistas até as mais melosas — o que já tinha feito, diga-se —, sem necessariamente concordar ou ter vivenciado o que escreveu. A inspiração, e somente ela, era quem lhe dava os elementos. E, para sua sorte, depois de eras de ausência e sequidão, ela estava de volta. E tinha vindo até ele através de um cantor desajeitado com sonho de atuar.
É, podia-se dizer que estava vivendo algo bastante romântico, no nível que fosse.
— Pontual como sempre. — Seokjin disse quando Namjoon se aproximou. Estava escorado na parede da área externa do bar onde se viram pela primeira vez. — É como se você fosse o próprio relógio.
— Como sabe que cheguei na hora marcada? Você não tem nenhum relógio à mão.
— Eu apenas sei. — Desencostou-se, fazendo um movimento convidativo com a cabeça. — Vamos entrando. Parece que consertaram o jukebox. Acho que a gente vai ter mais com o que se divertir hoje.
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Letras & Sons
FanfictionSeokjin é uma musa com gosto especial por inspirar humanos considerados "pouco interessantes", que as demais julgariam como um caso perdido. Quando avista Namjoon tendo dificuldade para compor sabe que ele é o tipo de humano ideal para influenciar...