Capítulo 4

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Já de volta ao palácio Dardeno Victorine, Nora e Bri desembarcaram correndo. Bri estava ansiosa para a folga e para ver o namorado, enquanto Nora, só parecia querer fugir mesmo. Ela pegou sua mala de mão impedindo que um dos funcionários a ajudasse com a bagagem, e simplesmente subiu os degraus da escada na entrada, de dois em dois — de dois em dois —, se equilibrando com uma destreza assustadora sobre os saltos. A mulher nem balançou pelo amor de Deus. Eu ainda estava olhando pra ela quando Bri se despediu e se afastou em direção aos portões, porque o namorado tinha vindo buscá-la e ela não ia recusar a carona.

Enquanto a mim, depois de finalizar a escolta — e pedir que alguns dos meus homens preparassem um relatório sobre a viagem — entrei no palácio e segui em direção a uma das várias salas de reunião que tínhamos por ali. Esta ficava próxima ao gabinete de Sebastian. Eram dez da manhã, dez e cinco para ser mais exato.

Bati na porta e entrei depois de receber permissão. Vários rostos conhecidos se viraram para mim, bastante ansiosos. Sebastian estava em pé atrás de sua mesa, junto de seu assistente pessoal, Brandon, Garret estava parado ao lado dele. Edward, pai de Blanche — que agora fazia parte do staff de segurança e cuidava da guarda pessoal do rei — enquanto eu cuidava do novo grupo de guarda-costas para o resto da família, também estava ali.

Sentados nas poltronas, diante da mesa, tínhamos Brant, e ao lado dele o novo diretor geral de segurança Domenico Salvatore que era meu superior tecnicamente. Ele era responsável por coordenar tudo relacionado a segurança na família real, além dos eventos e de trabalhar como intermediário com a polícia local e entre as guardas. Supostamente eu tinha que obedecê-lo. Supostamente.

— Tranque a porta — pediu Sebastian assim que entrei, e eu obedeci prontamente, já me livrando das luvas e do casaco deixando tudo no cabide, e em seguida fui me acomodar em um cadeira perto da de Domenico. — Já que estamos todos aqui podemos começar. — Sebastian voltou os olhos sérios pra mim. — Como foi a viagem da Nora?

— Pelos relatórios anteriores, não houve nenhum incidente. — Eu estava acompanhando a viagem em tempo real, e todo dia pedia relatórios sobre o que estava acontecendo, ao redor da irmã da rainha. Sebastian tinha me incumbido dessa função diretamente e eu tinha aceitado sem titubear, digo... Eu aceitei, pronto. Ele queria apenas pessoas muito confiáveis ao redor de sua família e isso eu entendia, dado os últimos acontecimentos. Eu teria viajado junto com a Nora, mas problemas aqui me impediram de ir, por isso selecionei pessoalmente os melhores homens para acompanhá-la — Sei sobre o que chegou hoje.

Sebastian balançou a cabeça confirmando uma pergunta que eu não tinha feito.

Nos últimos meses, depois do incidente com Roger Aubry, as coisas ficaram complicadas. Vazou para a imprensa que Sebastian estava acobertando um louco escondido na cidade e que estava atacando seus cidadãos.

Isso pegou muito mal, ainda mais depois da coroação que teve que ser adiada umas duas vezes, devido à burocracia da papelada para reconhecimento de Sebastian como parente do antigo rei, o que deixou muitos simpatizantes de Hugo Hilton eufóricos. Sim, havia ainda aqueles que tinham acreditado na palavra do homem, que achavam que Sebastian não merecia estar onde estava e que toda família real não passava de um bando de impostores, além de estarem de conluio com representantes do antigo movimento rebelde. Não ajudou em nada também, Sebastian ter perdoado o líder do grupo rebelde. As críticas aumentaram e agora um novo inimigo tinha surgido, um muito silencioso, que trabalhava com ameaças e cartas anônimas.

Cartas essas que ninguém conseguia rastrear, um inimigo que ninguém conseguia encontrar e que parecia estar por toda parte. Por isso Sebastian pediu que Brant, Garret e eu cuidássemos da criação do grupo de segurança representado pela antiga empresa que ele tinha fundado, anos atrás, e que agora Brant, Garret e eu éramos os donos. O que Domenico foi completamente contra, querendo sempre dar preferência a sua própria agência e aos seus agregados da polícia. Não era segredo pra ninguém que descordávamos de muitas coisas, mas pela segurança da família real, tentávamos o máximo possível seguir na mesma direção.

Meu conto de fadas secreto (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora