Como no dia anterior, as coisas ocorreram super bem. Não houve nenhuma surpresa desagradável e todos os mínimos problemas foram resolvidos. Haveria uma pequena celebração dando início à maratona que aconteceria dentro de algumas horas e passaria pelas ruas principais que agora estavam devidamente cercadas e vigiadas, com o trânsito desviado.
Pelo rádio fui informado de quando a corrida teve seu início oficializado, com Nicol e Sebastian abrindo a competição onde um palanque havia sido montado na Rue du Monument.
Aqui onde eu estava, havia uma aglomeração de pessoas, bem atrás da gente, e do outro lado da rua. Todos seguravam alguma coisa, desde bandeiras, a cornetas. Pais ansiosos tentavam segurar as crianças para que não passassem pelas grades. Havia barulho, muito barulho, fogos de artifício estourando, bombinhas. O tempo passava e parecia que cada vez mais gente ia chegando. Olhei para todos os lados e volta e meia minha atenção estava em Nora, parada a alguns passos de mim, arrumando a barraca ao lado de suas crianças e daquele cara lá que trabalhava com ela no centro.
Várias garrafas de água estavam apostos dentro de coolers só esperando os competidores, no fim da corrida que seguia seu curso dentro do previsto.
— Cinquenta e cinco minutos. — Uma voz ressoou no meu ouvido pelo transmissor, um tempo depois. Olhei para o começo da rua para ver se não havia ninguém na via atrapalhando a passagem. Nada. As pessoas estavam eufóricas vendo pelos telões colocados naquela área, o momento que os competidores se aproximavam. Um helicóptero passou por cima de nós e várias pessoas olharam pra cima inclusive eu. — Tudo certo — falei para Tom ao meu lado, um dos novos membros da escolta de Nora. Ele meneou a cabeça concordando e voltou a atenção para a rua, a expressão séria.
Percebi uma movimentação pelo canto do olho, era um garoto, ele vinha correndo e notei que estava vindo na minha direção. Ele trazia uma daquelas garrafas de água que eu tanto vi o grupo transportando de um lado para o outro. O menino parou na minha frente e me estendeu a garrafa.
— Nora mandou te entregar isso.
Olhei para a garrafa como se ela fosse um objeto estranho. Em seguida ergui o olhar para observar Nora andando de um lado para o outro pela tenda.
— Mandou é? — Peguei a garrafa segurando-a pela ponta, ainda observando-a com estranheza como se a qualquer momento ela fosse explodir na minha mão. O que era ridículo.
— Sim. — O garoto sacudiu a cabeça. — Ela disse que se um de vocês sentir sede pode ir até a tenda e pegar água. — E antes que eu pudesse responder, o garoto simplesmente me deu às costas e saiu correndo de volta.
Abri a tampa da garrafa e bebi quando o certo seria guardar para depois. Eu estava de serviço, e não me permitiria nenhuma distração. Mas por algum motivo misterioso me peguei bebendo a água afoito, os olhos grudados atentos a cada movimento da Nora, sabendo que de alguma maneira ela estava de olho em mim. Recusar sua breve oferta não era uma opção, e quando dei por mim, tinha simplesmente secado a garrafa, e em seguida joguei o frasco no lixo. E, depois de pedir que Yohan ficasse atento — coisa que ele já estava fazendo —, fui em direção à tenda como se obedecesse a algum tipo de chamado silencioso.
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Meu conto de fadas secreto (DEGUSTAÇÃO)
Chick-LitNora Bouvier foi treinada à vida inteira para ser perfeita em tudo, a filha perfeita, a esposa perfeita. Hoje, as coisas mudaram. . E tudo o que ela quer é cuidar de seu filho em paz, e ter uma vida tranquila. Isso se os inimigos que a rodeiam permi...