Enganada

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A força no qual ele me apertava aumentou, ele respirou, se afastando e olhando nos meus olhos.

-Que fantasmas? Quem te falou essas baboseiras? -Sua voz saiu severa e seu olhar não desviou de mim em nenhum momento.

-Eu... ninguém -Menti, eu sou uma covarde, se ela descobrir que eu contei nunca poderemos ser amigas.

-Droga, seus lábios estão azuis, por que diabos você dormiu aqui? -Me repreendeu acariciando meus lábios

Abri a boca para argumentar que a loira tinha mandado mas fui surpreendida, ele me pegou no colo, minhas pernas ficaram em torno do seu corpo e suas mãos ficaram nas minhas nadegas e subiu escada a cima me carregando, olhei para a parede que se encontrava um relógio era quase 04h da manhã.

-Eu tive um pesadelo muito feio -Fechei a boca em uma linha sentindo seu cheiro, ele cheirava tão bem -Mas eu não lembro o que era, mas eu sei que tinha um fantasma embaixo do sofa

-Fantasmas não vivem embaixo do sofá, boneca, eles vivem na sua cabeça - Suas mãos massagearam minhas costas

-Mas eu não quero que eles fiquem na minha cabeça -Balancei a cabeça com sono

-Ja tentei me livrar deles, e nunca consegui, até encontrar outra coisa que dominou meus pensamentos -O aperto aumentou.

Ele abriu uma porta que estava no final do corredor, levantei a cabeça ainda com sono, era um banheiro, ela tinha uma banheira grudada na parede gigante e se escondia em um box embaçado, ele me sentou no vaso e levantou meus braços.

-Ei! -Bati na sua mão ousada - Você é homem, não pode me... me dar banho -Cruzei os braços

-Mas como eu posso te proteger dos fantasma se eu vou estar la fora? -Ele cruzou o braço e se encostou na porta, o que ele falava fazia sentindo

-Ja sei! -Bati palma me levantando -Eu fico dentro do box e voce aqui! -pulei para dentro da banheira e fechei o box

Liguei o chuveiro e me esquentei, a água quente batia no meu corpo frio que chegava a doer, eu não sabia que estava tão gelada ate sentir aquela água quente.

Terminei o banho e me vesti com a roupa que foi jogada no box, abri o box encontrando Ian se olhando no espelho que eu não percebi que estava quebrado em pedaços, estremeci no momento que seus olhos pararam em mim.

-Estou com frio -Abri e ergui os braços me oferecendo para ser pega no colo

Ele me olhou por um momento e me pegou nos braços, me apertei contra ele gostando do seu corpo quente, ele andou mais entrando no quarto perto do banheiro, ele não tinha muita coisa mas a cama de casal grande me agradou, ele me colocou na cama e me afundei na colcha, olhei de relance para ele que se afundou no meu lado.

-Você pode dormir comigo? -Questinei pensando se isso agradaria a mamãe ou não.

-Posso, só existe esse quarto disponível na casa e parece que ele é meu e seu, agora quieta - Concordei com a explicação dele e me arrumei sentindo a paz reinar, eu me sentia tao segura que o sono veio rápido

[......]

Acordei escutando os galos, olhei para o meu lado não o encontrando, talvez ele tivesse saido para trabalhar.
Desci sentindo minha barriga roncar, cheguei percebendo que nao tinha nada pronto, entretanto a despensa estava abastecida, comi algo fácil de fazer percebendo que agora eu ia me virar na cozinha, estremeci.

-Sua inútil... isso é hora de se acordar -A mesma menina de ontem me insultou.

Arregalhei os olhos surpresa com o tom dela, parei de comer olhando para ela, minha estadia seria longa...

[......]

Todos os dias eram entediantes, ian saia antes das galinhas e chegava de madrugada, ele contratou uma cozinheira que é o meu único conforto, mas a outra funcionária me maltratava de todos os jeitos possíveis, ela me odiava.

-Dona Marta, você sabe onde esta minha boneca? -Perguntei para a cozinheira que era como uma familia para mim.

-Você ja olhou na sala, menina? -Me questionou distraidamente, fazendo o almoço, agradeci indo para a sala mas um barulho me chamou a atenção na parte de tras da casa.

Caminhei, entretanto parei na metade do caminho com a porta dos fundos aberta, o barulho de lá me chamou a atenção, minha fobia me impediu de sair de casa ate agora, mas a minha curiosidade esta maior nesse momento.

-Perdeu alguma coisa? -Passei pela porta encontrando Lorena, a empregada do mal... com a minha boneca.

-Me devolve -Me arrepiei com o medo do que ela poderia fazer com a minha única lembrança, ela se esquivou.

-Vou te devolver sim, mas só depois que você recolher todos os ovos do galinheiro -Parei, quando ela começou a puxar a cabeça da minha boneca, maldita.

Procurei o galinheiro e vi que ficava do outro lado da fazenda, meus labios fizeram uma linha, seria rápido.

-Pare! Eu vou. -Tentei pegar a boneca novamente mas ela não cedeu.

Cheguei no galinheiro cansada, deveria ser uns 16h da tarde, eu sairia daqui ate uns 30 min, fechei meu punho me desejando força.

-Aquela filha do homem de baixo... -resmunguei olhando para a barra do meu vestido e os meus pés sujos, eu não tenho o hábito de usar chinelos, um erro meu.

Entrei na casinha minúscula, a careta se formou no meu rosto automaticamente, o cheiro aqui era insano, me direcionei para a primeira que estava sentada em seu ovo.

-Eu sou vou pegar emprestado -Sussurei cautelosa para a galinha que eu juro! Que me olhou feio, ela avancou seu pescoço não me deixando chegar perto.

Levei diversas bicadas nas mãos até conseguir chegar na minha última amiguinha, meus dedos estavam inchados e o meu cheiro era a pura catinga.

-Você seja boazinha comigo viu -Brinquei colocando a mão por baixo da ultima que não ligou, não tinha nada -O que você tem? -Fiz carinho estranhando a pequenina.

Levantei ela para conferir o por que não tinha ovos e percebi que a coitada não tinha uma perna, coloquei ela no lugar devagar.

-Coitadinha! -Sentei no fundo do galinheiro conversando com a mesma, eu estava tão sozinha que so poder desabafar com os animais ja me alegrava.

Continuei falando o máximo que tinha na minha imaginação ate olhar para a porta do galinheiro, estava uma escuridão, levantei tirando o barro e penas do meu vestido.

-Eu volto amanhã! -Corri me despedindo das galinhas.

Me apressei sabendo que a esse horário as empregadas ja teriam ido embora, onde sera que ela deixou minha boneca? Apertei meus passos abrindo a porta dos fundos.

-MENINA!! Aonde você estava? Eu tive que ligar para o patrão -A velha marta apertou meus braços me puxando para dentro da sala- Me desculpe.

-O que foi, dona Marta? -Questionei e adicionei - eu estou bem!

-SAIA! -Um rugido estremeceu as paredes, ele estava atrás de mim, depois de 2 semanas sem ouvir a voz dele.

Dona Marta se desculpou com o olhar e saiu apressada com a sua bolsa de mão, por que esse nervosismo todo? Ele fico preocupado comigo?

Me virei para me explicar mas minha boca foi fechada quando a palma de trás da mão do Ian caiu sobre minha face, cai com o impacto e o cansaço de hoje, arregalhei meus olhos assustada com o demônio que estava a minha frente.

-VOCÊ TENTOU FUGIR! -Seus olhos enfurecidos estavam fora do meu alcance, com toda brutalidade ele arremessou uma jarra que estava perto.

-Não foi isso -Tentei chamar sua atenção mas isso me deu mais medo.

-Entenda uma coisa! -Ele me puxou pelos cabelos para ficar de pé, seu rosto estava colado com o meu -Você nunca deve tentar fugir de mim, não deixarei que me abandone.

A máscara estava no chão? O contrato com o diabo estava selado.

Anjo Bastardo Onde histórias criam vida. Descubra agora