Sozinha

1.5K 125 35
                                    

Corro pelo corredor sem fim sendo seguida por ele, Sebastian, coloco minhas mãos na janela em minha frente, olho o medico que estar tentando ressuscitar meu pai a qualquer custo, entretendo, parecia que se esforçou não servia pra nada, bato minha mão na porta enquanto gritos de desespero saiam da minha boca, meu pai não pode nos deixar, seu corpo pulavam com o choque fazendo cada pedacinho de mim ter a esperança dele levantar dali e falar que estava tudo bem.

-PAI!! -Berro sentindo minhas cordas vocais arderem e meus olhos ficarem mais embaçados pelas lagrimas grossas que desciam pelo meu rosto.

Como se fosse uma despedida seu rosto vira sem qualquer intenção na minha direção, seus olhos estavam sem vida, seu rosto estava pálido, ele estava morto, meu pai tinha me deixado sem olhar pra trás.

-NÃO ME DEIXE, NÃO SEJA UM EGOISTA -Rosnei

-Ele se foi... -Sinto sua mão pesada em meu ombro e a empurro, não, ele não se foi, ele não me deixou.

-Você não sabe de nada, ele não me deixou -Engoli meu choro enxergando a minha figura materna atrás da sua figura alta e musculo

Minha mãe olhou nos meus olhos e naquele momento ela já tinha percebido o que tinha acontecido, seus olhos assustados agora estavam cheios de lagrimas e dor.

-Cadê seu pai? Ele esta bem ne? -Arriscou perguntar mesmo sabendo a resposta, era mais fácil tentar ter esperança, ela estava apertando tão forte sua bolsa que seus dedos estavam brancos.

-Ele se foi -Minha voz saiu fraca e chorona por causa das lagrimas, começo a me aproximar dela para a abraçar mas ao contrario de mim ela sai correndo, ela me queria longe? aonde ela estava indo? Por que ela esta fazendo isso? Varias perguntas se formam em minha cabeça

-Mas eu também estou triste.... -Sussurro envolvendo meus braços em Sebastian que parecia não ter se acostumado, ignorei, esse era o menor dos problemas que eu preciso lidar agora, mesmo que meu rosto estivessem queimando e o meu coração palpitando, eu me sentia confortável com ele.

-TEM UMA MULHER QUERENDO PULAR DO PREDIO -Gritou um enfermeiro para os médicos que correram para mesma direção que minha mãe foi, minha mãe? não, ela não faria isso, ela não me abandonaria também, mesmo que eu tivesse certeza meu corpo pedia pra eu ir, minha cabeça já não estava no lugar.

Corri lado a lado com um medico para o terraço, quando mais eu subia os degraus da escada, mais eu sentia falta de ar e desespero, a ansiedade estava tomando conta de mim, minha mente gritava para não ser ela e meu corpo gritava para desistir, empurro a porta em minha frente que estava meio aberta e olho para os lados encontrando minha mãe em cima do muro encarando o céu, percebendo minha falta de ar, seus olhos estavam cheios de lagrimas, seus cabelos estavam voando no ar, e sua boca estava com um sorriso falso.

-É tudo culpa minha, seu pai morreu por minha causa, eu matei ele.. -Ela murmurava essa frase repetidamente, fazendo meu peito pesar, ela estava se sentindo culpada como eu.

-Não, não é sua culpa, mãe, vamos para casa, só temos nos duas agora -Exclamei andando para mais perto dela, ela simplesmente balançou a cabeça como um não.

-Eu não vou conseguir sozinha, eu não posso, você vai ter que bater suas asas sem mim e seu pai, querida, agora você esta sozinha -Sua voz saiu insana e certa do que ia fazer, olho para seus olhos, eu não ia deixar ela fazer isso, corro para sua direção mas antes que eu a alcançasse a escuto sussurrar -Eu e seu pai te amamos muito, me perdoe!

Ela olha para o céu novamente e sem demorar estico minha mão em sua direção mas já era tarde demais, ela já tinha se jogado em um caminho sem volta, meu peito doía tanto que parecia explodir, minha cabeça estava doendo, eu estou sozinha.

Caiu de joelhos e olho para o céu, por que isso estava acontecendo comigo? Eu não foi boa o bastante, Por qual motivo eu deveria ser boa e gentil, se as pessoas são tão egoístas e más, eles sempre te passam a perna, Solto um grito de angustia e sinto meu corpo se render a escuridão e simplesmente deixo, seria tão bom se isso tudo fosse um sonho de mal gosto, como uma ultima imagem enxergo Sebastian pegar meu corpo.

-Você vai sempre me proteger e ficar do meu lado? -Sussurro com o pingo de voz que me resta e o vejo concordar com a cabeça, poderia ser um acordo sem pé nem cabeça mas minha vida já esta uma loucura, não temo como ficar pior -Eu aceito o seu acordo, negocio fechado? -Levanto minha mão lentamente apontando meu dedo mindinho para ele que me olha confusa.

Sinto ele equilibrar meu corpo com uma mão, fechando seu dedinho ao meu.

-Negocio fechado. -Sua voz rouca e fria ecoou pelos meus ouvidos, você esta errada, mãe, eu não estou sozinha, com esse pensamento deixo a escuridão me levar, estava feito.

Anjo Bastardo Onde histórias criam vida. Descubra agora