༄Beijo Oportunista.

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Um sopro recheado de ar escapou entre os lábios arredondados e ressecados que de repente se entreabriram em um bocejo demorado, antes de serem molhados por uma língua avermelhada que se deslizou por eles, hidratando-os. O esverdeado que possuía uma coloração meio murchada e desgastada golpeava o ar com ataques rápidos que iam e vinham, deixando para trás um vulto borrado de seu tom por onde passavam, aquilo que atingia o invisível e o coloria enquanto dedos ágeis e apressados ondulavam entre eles, criando a movimentação.

97, 98, 99, 100... 110.

Cerca de 110 ryō era o que ( Nome ) segurava em suas mãos naquele momento. Dinheiro desonesto que havia adquirido com suor, sangue e lágrimas — Nenhum dos três a pertencendo, claro.

Não era muito, mas era o suficiente para alguém que mais roubava do que comprava, e era justamente isso que você fazia, era disso que você vivia. Você era uma saqueadora nata conhecida por suas habilidades de discrição, não era só uma ladrona qualquer; era a maior e mais perigosa ladra já vista no mundo ninja.

Abrindo um sorrisinho torto e satisfeito, você apoiou aquelas cédulas de ryō no seu colo e olhou para frente enquanto se recostava em cima da mesa na qual estava sentada, observando sem muito interesse a cozinha a sua frente; você estava sozinha e sua única companhia era um silêncio agradável.

A brisa fraca e suave da floresta entrava pela fresta da janela entreaberta, ventilando o local e serpenteando pelos arredores, balançando levemente o seu manto preto enquanto perfurava sua pele por entre o tecido de suas roupas. Era um dia de verão até que bem fresco, daqueles que o céu brilhava com um lindo azul-celeste e os raios solares tinham piedade para com os humanos, não os maltratando, mas sim os acariciando.

Um dia satisfatório para os demais e certamente triunfante para você. Ademais, não tinha mais nenhuma missão para aquele dia, então as ainda longas horas que tinha pela frente até o galo cantar de novo estavam completamente livres para seu próprio proveito. Ah, e como você aproveitaria! Dormiria feito um animal sob efeitos de sedação e comeria como uma pessoa há dias privada de alimentação, e aí de quem reclamasse!

Soltando uma prévia risadinha baixa, você deleitou de sua própria companhia e aproveitou a paz que tinha —e pretendia continuar tendo — naquela silenciosa e vazia cozinha.

Enquanto olhava as sequências de desenhos gravadas na parede sem de fato vê-las e perdia-se em uma imensidão de pensamentos acoplados uns aos outros, sua atenção foi atiçada por uma movimentação repentina que captaste pelo canto do olho.

Voltando suas orbes na direção da inquietação, você se deparou com um Kakuzu igualmente inquieto e aparentemente afobado adentrando o local, os olhos constrastando um verde e um preto chamativo dele pousaram na sua figura por um instante, antes de desviarem, como se você fosse apenas um mero objeto da cozinha.

Sob a máscara escura dele, Kakuzu parecia bastante rígido e nervoso, ele andou com passos apressados e determinados e começou a vasculhar todos os cantos imagináveis que existiam em uma cozinha, tirando umas coisas dos lugares, olhando debaixo de outras, averiguando dentro dos armários, até mesmo dentro da geladeira; ele obviamente estava procurando por algo e estava desesperado para encontrar.

Dinheiro, você deduziu.

Claro, se é do Kakuzu que estamos falando, o mais provável de ser é dinheiro.

Apoiando o queixo nas mãos e se inclinando para frente, você assistiu calada o visível sufoco que o mais alto passava enquanto se agachava de armário a armário, vasculhando até o último esconderijo possível.

━ Perdeu alguma coisa, grandalhão?

Kakuzu lançou uma rabissaca na sua direção e te ignorou. Você soltou uma risada silenciosa em resposta, que foi seguida por uma série de palavreados murmurados baixinho pelo seu companheiro.

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑏𝑒𝑛𝑑𝑜 𝐵𝑒𝑖𝑗𝑜𝑠→𝐴𝑘𝑎𝑡𝑠𝑢𝑘𝑖 𝑥 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑜𝑟𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora