Cinco

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— Dada, o que é mais leve que uma pluma, mas nem o homem mais forte do mundo pode segurá-la por mais de um minuto?

— Ah, não sei gatinho…

— A respiração!

Os olhos de Kaminari piscaram rapidamente. Um sorriso pendia nos lábios de seu pequeno, este que havia retirado a chupeta do ursinho pooh apenas para lhe dizer aquilo.

— Nossa, que incrível!

— Dada, dada!

— Sim?

— O que é mais útil quando é quebrado? — Perguntou animadamente. Denki esfregou as mãos sobre os próprios olhos, o sono fácil de ser perdido acabando por ir embora aos poucos.

— Não faço ideia bebê…

— O ovo! — Riu consigo mesmo, uma risada gostosa e doce, mesmo estando de noite, e ambos estivessem no quarto prontos para dormir, Kaminari sorriu preguiçosamente.

— Eu nunca seria capaz de descobrir isso! — Exclamou, fingindo surpresa. A mão fora parar nas costas de seu pequeno deitado, o trazendo mais pra pertinho e afagando aquele local carinhosamente. — Vamos nanar agora?

— Mas dada, quero conversar mais! — Formou um biquinho nos lábios, a tristeza comovendo o loiro, e ao mesmo tempo preocupando. Sabia que Shinsou não queria dormir para chegar logo o dia seguinte onde teria de enfrentar seu pai.

— Já passou da hora de criança dormir, Shinshimie. — Avisou, o olhar sério fazendo o pequeno suspirar entristecido. — Até tomou sua mamadeira bebê, algo está lhe incomodando?

— É que… — Abriu e fechou rapidamente os dedinhos das mãos, ato feito somente nos momentos de nervosismo.

Kaminari soube que o arroxeado não queria tocar naquele assunto de gente grande, porém o mesmo estava entrando em seu space, e praticamente lhe forçando a ficar grande. Caso acontecesse Denki cogitou do pequeno entrar num bloqueio para entrar em space depois, é aquilo não poderia acontecer.

— Quer contar algo pro dada? — Sussurrou. Sua mão sendo esfregada novamente e devagar nas costas do pequeno. — Pode me dizer qualquer coisa.

— É que… Eu tenho um segredo segredoso! — Exclamou com os olhinhos arregalados. O loiro franziu o cenho, pelo menos percebendo como ele pareceu novamente imposto dentro do space. — Quero contar pra você!

— Mas daí não deixaria de ser segredo? — Sorriu um pouco, acabando por deixar Shinsou com uma expressão confusa e perdida.

— Sim, mas… — Coçou a parte de trás da nuca, de repente não sabendo quais palavras usar. — Vai continuar sendo segredo de você não contar pra ninguém!

— Tudo bem. — Riu baixo, já havia perdido o sono, mas talvez aquele falatório fizesse Shinsou voltar a sonolência, então apenas apoiou a cabeça na mão, e se manteve atento. — Prometo não contar.

— Okay! — Fez um formato de concha em frente a própria boca e se aproximou do loiro. Denki também chegou perto, estreitando os olhos quando Shinsou foi sussurrar; — Eu tenho o poder de mudar tudo ao redor.

Denki arqueou as sobrancelhas, não entendendo de imediato, mas logo veio a explicação: o faz de conta.

Shinsou era o melhor aluno da classe de teatro, suas atuações sempre lhe faziam o sentir verdadeiramente no cenário imposto pelo professor. E sempre, definitivamente sempre, ele também passava aquele dom de fazer a plateia ser transportada para o mundo daquelas palavras.

Foi aquele um dos principais motivos que lhe fizera ficar encantado pelo arroxeado. Agora que o pequeno estava em space, certamente ele usou daquele dom para suas brincadeiras.

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