— Aonde vamos? - Perguntei após um tempo. Estavamos afastados de casa.
— Assopra ali. - Desviou minha pergunta, aprontando para o vidro do carro.
O carro continuava em movimento, já passávamos de Kensington. Soprei o vidro do carona e parecia ter surgido alguma coisa. Soprei mais e aquela palavra surgiu novamente. TAPTOS. Mas ao invés de me irritar, lembrei do que ele disse outrora. Nem sempre requer compreensão, só precisávamos sentir. Me permiti sentir. Transformei aquela palavra, na minha palavra particular e instantaneamente comecei a ter apreço por ela. Sorriso brotou em minha face, fazendo com que outro brotasse na sua. O efeito da palavra, de uma palavra ininteligível, mas que se fazia presente por ter um significado em suas entrelinhas misteriosas.
— Ainda não desisti de descobrir o que isso significa. Mas agora, já não me deixa inquieto, gosto dessa palavra. - Comentei acaso.
Desisti de perguntar aonde iríamos. Ele andava cheio de mistérios e surpresas, resolvi não quebrar o encanto do que quer que ele estivesse aprontando.
— Que bom. Só o fato de ela existir somente em nosso mundo, já torna tudo diferente. Mas, gostaria mesmo que você descobrisse. - Seus olhos miravam a estrada, pareciam mais radiantes agora.
— Uma dica? - Pedi. Talvez a leveza do momento o fizesse ser mais piedoso.
— Nope. É fácil Hazza. Tão fácil quanto foi amar você.
Ele me olhou por uma fração de segundo. Porém, seu sorriso torto se manteve ali. Meu coração se encheu de emoção, que foi levada até meus dutos lacrimais e o fez escorrer três gotas sutis.
Desviei minha atenção para a janela do carro, e então uma espécie de Dejà Vú aconteceu. Conhecia aquele lugar, embora não recordasse de estar aqui antes. Louis estacionou rente a calçada. Desci do carro de olhos fixos no padrão daquelas grades pretas que contornavam toda a extensão do parque. Ele tomou a minha mão, e me puxou para o interior do local.
O parque não era tão grande. Tampouco precisava, era todo ornamentado com flores diversas e cercas vivas. Árvores em locais estratégicos, um parquinho infantil e mesas e bancos para piquenique.
— Que lugar lindo. - A sensação de que já estive aqui antes, era intensa mas resolvi não falar sobre isso ainda.
— Vamos deitar aqui.
Ele sentou na grama e apoiou-me para que sentasse junto. Deitamos um ao lado do outro, absorvendo a luz fraquinha do sol.
— Era uma vez um garotinho de cabelos castanhos mogno e olhos verdes como esmeraldas.
Comecei a prestar atenção em seu perfil. Ele falava de olhos fechados. Como se assim, conseguisse lembrar com mais facilidade.
— E havia um outro garoto de olhos azuis, que se encantou pelo garotinho desde a primeira vez que o viu, ainda bebê. Era um sentimento puro, de criança, como se ele fosse um irmão. Ele participou de todos os momentos importantes de sua vida. Ele lhe ensinou a falar seu nome, mas ele não conseguia pronunciar direito, ele se irritava mas continuava a ama-ló com todo o seu coração infantil. Ele lhe ajudou a andar e ficou mais feliz do que ele quando o viu chegar do outro lado do percurso.
Comecei a chorar ao ouví-lo dizer aquilo. Eu não sabia de sua participação nesses anos de minha vida.
— Ele sabe de cor todos os presentes que lhe deu ao longo dos seus desessete aniversário e sabe que ele ainda possui boa parte deles. Ele lhe deu seu primeiro chocolate, escondido da mãe. E quase apanhou da sua quando o pequenino apareceu todo sujo de marrom. Ele o levava de volta para casa quando ele fugia da sua e aparecia de repente na cozinha vizinha, pedindo biscoito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Born To Me 》Larry Adaptation
Fiksi RemajaLouis Tomlinson e Harry Styles. Dez anos de diferença de idade. Ele pegou Harry no colo ainda recém-nascido. O viu dar os primeiros passos, balbuciar as primeiras palavras e o viu passar por tantas e diversas experiências ao longo dos anos. Ele vi...