Capítulo 3

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Não revisado

"Alguns mundos, transformam algumas almas"

Arquivo dos sacerdotes da Vida

Duas semanas depois

– Ai eu tô nervosa – murmurei passando as mãos pelo tecido no meu vestido. Nyota me olhou de forma divertida e voltou a digitar algo. Ela claramente não estava dando a mínima para os meus sentimentos, a sensação crescente na minha bexiga, vontade de fazer xixi, o estômago agitado, eu poderia vomitar meu café da manhã e ela estava calma digitando.

Isso era bem a cara da Nyota.

– Eu vou vomitar – me curvei na direção do chão, abrir as pernas tentando livrar meus sapatos do estrago.

– Eu não sei porque você está nervosa, não é sua primeira vez – levantei a cabeça, ainda com metade do tronco curvado, ela ainda digitava. A verdade que não deixava dúvidas era que por mais que eu fizesse isso cem vezes, eu ainda me sentiria igual cada uma das cem vezes.

– Para onde foi a sua empatia? – ela parou de digitar e me olhou. Depois de duas piscadas dramáticas murmurou:

– Eu deixei na aula do Spock – eu tive que rir. Se tinha uma pessoa que nós duas sempre zuavamos, era o Spock. Os vulcanos eram irritantes e muito chegados numa lógica – característica que realmente deixava eles menos atraente, pelo menos para mim –, eles não conseguiam equilibrar as duas coisas e por isso, passaram a pender só para um lado, pelo menos era o que eu pensava a respeito.

Eu tinha alguma pena por eles, na verdade compreensão e alguma raiva – as vezes – que fazia ter vontade de fazer geral engolir alguns sentimentos e defecar empatia. Mesmo que na real, na real, eles sentissem tudo em múltiplos, optando assim por afastar os sentimentos da superfície.

– Srta. Kirk – me virei na direção da mulher loira alta. – Você é a próxima – eu não estava, nenhum pingo preparada, a agitação só piorou no meu estômago e eu senti que poderia fazer xixi ali, sem me mexer. Ela sumiu por onde veio, o local pelo qual eu iria passar para fazer a minha apresentação, o palanque.

– Terminei as alterações nos seus slides – Nyota ficou de pé com o notebook na mão. – Não se preocupe que eu estou aqui – como se isso fosse fazer tudo desaparecer dentro de mim, mas eu sorri para ela pela tentativa.

Eu me vi parada de frente para uma pequena multidão de pessoas, haviam tantas que não tinham cadeiras para muitos, que estavam em pé na parte de trás da sala. Eu espalhei pelo palanque minhas colinhas, temendo que o branco repentino me pegasse. Quando foquei meus olhos nas primeiras cadeiras tentando avaliar o que encontraria, lá estava ele, meu fiel amigo e ajudador, o klingon que todos diziam que eu havia salvado, quando na real foi o contrário.

Sorri para ele.

Ao lado meus pais, Jim e os amigos, assim como professores e eu fiquei um pouco surpresa, com Spock sentado na ponta da fileira.

– Boa tarde! – o som da minha voz ecoou pela sala. – Está é a defesa do trabalho de conclusão de curso de história das civilizações – olhei na direção de Nyota, ela fez um sinal positivo com a mão, e eu senti que estava na hora de começar.

– De acordo com os estudos feitos através de colaboradores, a pesquisa sobre a raça klingon tem avançado e tomado um possível caminho na direção da paz – o que eu de certa forma duvidava, por mais que tentasse acreditar mesmo nisso, e talvez a maioria ali pensasse da mesma forma. – E eu gostaria de dar início a essa apresentação com a frase "nem tudo é o que parece" – aquilo se aplicava a mim, acima de qualquer outra pessoa.

Sacerdotes da Vida (1) - Em Uma Jornada pelas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora