P.O.V Juliana
*Agosto*
Talvez estes dias tenham sido aqueles que me fizeram mais feliz, não só por ser verão e todos na rua terem aquele espírito de calor estampado na cara, ou pelas idas à praia que duram até ao final do dia e que nós, infelizmente, nos temos de despedir, mas sempre com o sorriso no rosto por saber que amanhã podemos voltar. Não estou assim por no fim do dia sair com os amigos, por ceder às brincadeiras na piscina ou por comer um gelado na esplanada que fica na praça do meu condomínio, na verdade o verão torna-se mais completo quando estamos com quem nos faz feliz, com quem nos faz rir, e todas as saídas, todas as brincadeiras só fazem sentido se forem feitas com as pessoas certas. Existem sempre aquelas pessoas que nunca estão presentes, mas bem... elas continuam a ser importantes mas de uma maneira mais suave, não quer dizer que não gostes dessas pessoas, só quer dizer que a ausência delas é tão constante que a presença é a única coisa não se faz notar. Os meus pais faziam os habituais telefonemas aqueles que nem deveriam existir, porque não vale a pena ligar apenas por obrigação, não tem sentido colocar para chamar o número que provavelmente tem marcado como 'Juliana' se no fim de cinco minutos de conversa sempre aparecerá um compromisso, talvez até mais importante, no fim das contas vai ser apenas mais um coração magoado com o vazio que se instala. Então resta uma enorme casa vazia que se faz presente por amigos, aqueles que realmente fazem o meu verão ter sentido.
- Oh meu deus! – fui interrompida pela Bárbara a entrar no meu quarto enquanto gritava histericamente, soltei um riso baixo, ela sempre seria o espírito vivo da casa.
- O que foi desta vez Bah, não me digas que o vocalista dos Nirvana ressuscitou das cinzas e te seguiu no Twitter. – disse enquanto ria e via a mesma revirar os olhos.
- Não sua estúpida... – continuou a revirar os olhos mas ainda com o seu enorme sorriso, então eu percebi que algo de bom estava para vir – Eu fui aceite e tu? – a Bárbara perguntou tão rápido que eu demorei um pouco para conseguir responder.
- Aceite em quê? – perguntei depois de uma pausa enquanto erguia a sobrancelha esquerda. - Ai meu deus Ju, sempre a mesma coisa... – ela negou com a cabeça e andou até mim, sentou-se na cama e encarou-me – Eu fui aceite na California State University! – ela saltou e começou a rir, eu arregalei os olhos e encarei-a. – Tu não foste Ju? – A Bárbara parou e olhou-me assustada.
- Eu nem sabia que já tinha saído os resultados – dei de ombros e fiquei pensativa.
- Estamos quase em setembro – ela disse como se fosse a coisa mais óbvia, e era – Estás à espera de quê? – ela perguntou impaciente – Vai ver – e automaticamente, como se alguém tivesse clicado num botão eu despertei e corri na direção do meu computador, que estava pousado em cima da minha secretária, sentei-me novamente na cama e a cama afundou quando a Bah se atirou para perto de mim, sorrindo escandalosamente.
- Não te preocupes eu sei que vais conseguir – ela apertou a minha mão e sorriu, eu também sorri.
Entrei rapidamente no meu e-mail e procurei por aquilo que procurava, com os nervos parecia não conseguir encontrar mas depois as palavras que formavam o nome da escola destacaram-se no ecrã do computador, sem rodeios cliquei no mesmo e as letras bem cuidadas estavam estampadas de maneira muito bem organizada.
"De: California State University
Exc.ª Juliana Silva, Como responsável da Universidade da Califórnia, tenho o prazer de informar a sua admissão no curso de artes, para estudar na nossa faculdade a tempo inteiro como estudante.
A estudante em questão deve dirigir-se ao nosso estabelecimento para colocar toda a matrícula corretamente, no prazo de 15 dias úteis.
Com votos sinceros,
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