(...)
As roupas estavam a começar a formar camadas nas malas pretas de viagem, com elas, juntamente, várias lágrimas carregadas de saudade que nem sequer chegara a ser sentida.
Fazia exatamente dois dias que o Diogo me pediu em namoro, as coisas têm corrido muito bem, estamos juntos todos os dias e as nossas demonstrações de afeto já não eram tão escandalosas para os nossos queridos amigos, no entanto as piadinhas sempre rondavam aquela casa. Durante estes dois dias eu apercebi-me que estava mais apaixonada do que eu própria julgara estar e a sensação é incrível, saber que se pode amar uma pessoa cada vez mais.
Eu consegui perceber que eu não era a única apaixonada naquela casa, a Inês e o Nuno estavam mais próximos do que nunca e quando ele soube que ela iria estudar na escola de Teatro em Lisboa ficou muito feliz, o que mais me deixava triste era o facto de o Joca ter uma paixoneta pela Bárbara, todos conseguiriam notar, menos ela, até porque nós sabíamos, e ele sabia que a Bárbara não gostava dele, não da mesma maneira que ele gosta dela.
Mesmo sabendo que os meus pais não me apoiam na mais nova e importante fase da minha vida eu liguei-lhes, apenas para avisar que tinha conseguido entrar na minha Universidade de sonho e a única coisa que ouviu foi um 'só não desperdices a tua oportunidade, sabes que se não conseguires vais para medicina', se doeu? Claro que doeu, mas ninguém precisa de saber.
- Como estão as arrumações? – a Bárbara entrou no quarto com uma mala decorada com a bandeira dos Estados Unidos, sim ela estava muito entusiasmada.
- Bem – respondi simplesmente depois de limpar os rastros de lágrimas que me atraiçoavam.
- Que animação! – a Báh levantou os braços no ar, eu soltei um riso. – Já tratei do nosso táxi para amanhã de manhã – disse num suspiro.
- Tudo bem – sorri levemente – Pode entrar – disse depois de ouvir alguém a bater à porta.
- Têm a certeza que têm roupa? Olha que eu não sou o Diogo Ju! – reconheci a voz do Miguel e ri.
- Palerma, entra lá, estamos vestidas. – disse a rir.
- Vim chamar-vos. – disse enquanto sorria.
- Para quê? – perguntou a Báh com a sobrancelha direita arqueada.
- Decidimos ir almoçar fora. – respondeu enquanto dava de ombros.
- Tudo bem, já descemos – disse a Báh logo depois vi o Miguel desaparecer no corredor.
- Quem disse que eu quero ir? – perguntei sem ânimo na voz.
- Quem te disse que eu me importo? – perguntou a Bárbara com uma voz extremamente engraçada e eu gargalhei – Anda, vamos – disse ela enquanto passava o braço por cima do meu ombro.
Quando chegamos ao fim das escadas podíamos ouvir as risadas que vinham da cozinha, fomos até lá e todos nos olharam.
- Bom dia alegria! – disse o Nuno a gritar.
- Bom dia. – disse eu e a Báh a sorrir.
- Olá – disse o Diogo enquanto caminhava na minha direção e selou os nossos lábios ambos sorrimos.
- Nossa senhora da bicicletinha! – disse a Báh com uma expressão de nojo – Eu nem sequer comi nada ainda, acho que vou vomitar ar! – disse fazendo com que todos se rissem.
- Vamos jovens! – disse a Inês enquanto era rodeada pelas mãos do Nuno na sua cintura.
- Ei, ei! – disse a Bárbara enquanto dava umas palmadas nas mãos do Nuno – Olha o abuso jovem queres tocar na encomenda tens de pedir em namoro como o Diogo fez à Ju – disse a Báh com uma cara muito hilariante.