Capítulo I

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Dessa vez o problema do homem era entortar a boca quando falava. Sofia não estava mais aguentando olhar para a cara dele e precisaria de mais cinco minutos naquela mesa para gritar e ofendê-lo por esse defeito.

— Vou ao banheiro. – Ela avisou, mas não acrescentou que já voltava porque simplesmente seria mentira, ele também não teria a esperado se percebesse que ela pegou sua bolsa e a jaqueta no encosto da cadeira.

A batida da música que explodia na boate era legal, mas a letra era tão ofensiva que Sofia se recusava a participar da multidão que dançava sem compartilhar a importância que ela dava àquilo. Talvez na verdade nem conseguissem entender aquelas palavras confusas.

De qualquer maneira, Sofia se dirigiu ao banheiro para retocar a maquiagem e ajeitar a roupa. Estava calor e ela se arrependia de ter passado o lápis de olho e o rímel; parecia que ela tinha olheiras ou que estava possuída por um demônio.

Soltando um suspiro pesado, Sofia limpou os borrões e se encarou no reflexo, agradecendo pela descrição de sua aparência ser apenas um exagero de narração e ela estar linda e gostosa como sempre.

Pena que já estava cansada de perder tempo.

Pegou o celular e procurou o aplicativo do Uber enquanto saia do banheiro. Digitou o endereço e esperou a busca por motoristas, respondendo as mensagens no WhatsApp para gastar os segundos que demorou.

Estava confirmando a viagem quando uma mão tocou seu ombro e a chamou.

Achou que teve o azar de ser encontrada por um dos caras dos quais tinha se esquivado, mas o homem a sua frente não era nenhum deles. Só que se encaixava bem no gosto dela, tanto que a fez desligar a tela do celular para dar atenção.

— Sim? – Ela perguntou, arqueando levemente as sobrancelhas.

Ele tracejou um sorriso no rosto bonito.

— Te pago uma bebida em troca de uma conversa, que tal? – O timbre da voz a agradou, suave e humorado como foi, mas a frase em si era tão comum que inconscientemente ela já não teve grande expectativa.

Pelo menos não era a seca típica de fumante, carregada de embriaguez ou simplesmente feia.

— Pode ser. – Ela respondeu, sorrindo e o seguindo por trás.

Analisou o físico dele enquanto informava seu nome. Era alto e o tipo de corpo atlético, mas as roupas que ele usava não desenhavam sua musculatura muito bem.

De qualquer maneira, não queria saber do que ele podia conseguir com academia, já tinha ideia do tipo físico e estava bom.

— A propósito, meu nome é Evan – Ele interrompeu o que dizia porque tinha esquecido esse detalhe. Segurou a mão de Sofia para não serem separados e continuou: – É maior de idade, né?

— Sou. – Eles chegaram ao bar e sentaram nos bancos. – Por que está aqui?

A mulher não estava mais animada ou esperançosa, então não daria voltas e sorrisos enquanto conversava docemente para no fim se decepcionar e se aborrecer.

Essa objetividade que queria foi transmitida na sua pergunta, e ele arqueou as sobrancelhas olhando divertidamente para ela.

— Aqui com você ou aqui na boate?

Ela suspirou. Talvez não devesse ter aceitado, realmente já estava farta de tentar naquela noite.

— Ambos? Veio com amigos ou está deprimido por qualquer motivo?

Ele riu.

— Vim com amigos, mas já me perdi deles faz tempo. – Pediu para o barman as bebidas e a olhou. – Está deprimida, então?

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