Capítulo XI

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Sofia sentia uma decepção infantil em não conseguir uma solução decente para ter uma gravidez pacífica. Tinha terminado o trabalho, participado da aula de artes e acabara de tomar banho depois de chegar da academia. Sua cabeça estava limpa e o corpo relaxado para pensar a vontade, mas mesmo assim não o sentimento frustrante não a deixara.

Estava agarrada à almofada e sentada despojadamente, com os pés descalços, no sofá, e realmente parecia uma criança emburrada por serem tão infrutíferas suas ideias. E um medo dominava seu coração.

Tinha pavor de perder o bebê. Não só a guarda, caso não conseguisse provar que Evan não era o pai; perder o filho no ventre. Já suspeitava de ter perdido um uma vez, e agora que se encontrava absurdamente nervosa, como estivera na ocasião, o medo despertara. Consolava-se pensando que aquilo fora milhões de vezes pior, e realmente fora, mas estava irracional e se questionava sobre essa possibilidade caso se enervasse muito durante a gravidez.

Sofia mordia os lábios, deixando-se levar. Fechou os olhos, e a memória desagradável que veio de súbito fez por um momento seu coração parar.

Levantou-se depressa. Não se permitia lembrar daquilo, e agora muito menos. Colocou os chinelos e saiu do apartamento num segundo, como se fosse o lugar o problema e não ela. Como se assim corresse também da pontada de dor que aquela lembrança causara.

Ficou no mercado comprando o que faltava, e então decidiu de repente que tentaria aborrecê-lo para que fugisse dela, como deveria ter feito quando se conheceram. Agora ela estava com raiva dele por isso também. Que tipo de idiota ficaria respondendo perguntas tão estranhas de uma mulher que não tinha interesse romântico nele? Ela bufava e jogava as coisas no caminho. Devia ter colocado o pé atrás, ela bem poderia estar querendo sequestrá-lo para vender seus órgãos na deep web. Sofia riu e pressionou a testa, suspirando cansada em seguida. Quem a visse poderia pensar que era louca, e talvez realmente fosse.

Demorou talvez meia hora comprando as coisas, e mais dez minutos no caixa. Voltou de Uber por causa das sacolas e quando subiu e guardou tudo resolveu por em prática o plano.

Abriu finalmente a conversa de Evan e adicionou seu contato. Chamou-o e esperou ser respondida, o que não demorou muito.

Oi

Como vc tá?

Sofia se segurou para não revirar os olhos, teria que perder aquele costume na frente dele. Se bem que estava querendo ser desagradável...

Bem, e vc?

Bem

Mais disposta p conversar agr?

Pensou em responder com um curto sim, mas encontrou resposta melhor:

Se eu te chamei 🙄

Se Evan fosse Sofia, já a teria bloqueado aí, mas infelizmente não era, e continuou a respondê-la educado e paciente, enquanto ela mantinha o oposto. 

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