Capítulo V

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Sofia se sentou o mais distante possível do casal na mesa circular em que tinham se sentado na praça de alimentação, ficou de braços cruzados pensando em como se livrar deles enquanto Evan voltava com o pedido.

Só então foi se lembrar que nem pudera tomar seu Milk-Shake, tinha deixado na bancada do quiosque se não estava enganada... Suspirou e fez uma careta quando o cheiro de fritura a atingiu vindo da mesa atrás dela.

Ajeitou-se na cadeira e respirou fundo.

— Maravilha, só faltava eu vomitar aqui – Resmungou, e Maiara a olhou com desdém, depois se voltou para Evan.

— E você me chama de enjoada, amor. – Inclinou-se para ele ao seu lado e tentou chamar sua atenção para um beijo que não ocorreu.

Ele estava concentrado em Sofia.

— Ela está grávida, Maia...

Maiara arqueou as sobrancelhas.

— Nova assim? – Perguntou com um sorrisinho.

Maiara – Evan brigou, e Sofia apenas manteve o semblante de mau-humor.

A outra riu suave.

— Foi só uma pergunta. Sabe quem é o pai, ou é mãe solteira?

Evan ia censurá-la de novo, mas Sofia deu um sorrisinho ácido e respondeu:

— Bem, seu namorado é um candidato.

Maiara ficou vermelha e arregalou os olhos.

— Você só pode estar brincando... – Ela começou agressivamente, mas o homem a interrompeu.

— Não está. Nós ficamos há um tempo...

— Evan!

Sofia riu e se inclinou para frente, apoiando o rosto na mão com o cotovelo na mesa.

— Que foi, querida, está descobrindo agora que os homens não prestam?

Evan segurou Maiara quando ela fez menção a se levantar bruscamente e olhou zangado para Sofia.

— Nós não estávamos juntos, Sofia, eu conheci ela algumas semanas depois.

— Ela deve estar engando você – Maiara disse. – Vai saber com quantos caras ela ficou sem preservativo e agora quer jogar essa criança...

Cale a boca – Sofia cortou com rispidez, e Evan tampouco foi delicado:

— Ou você ouve ou vai embora. Eu que fui atrás dela pra saber – E olhando para Sofia, continuou, com a voz mais neutra, embora demonstrasse uma leve preocupação: – Você já pode fazer o teste de DNA, não é?

Ela crispou os lábios com os olhos castanhos faiscando.

— Posso, mas não vou. Não tenho necessidade de fazer, o filho é meu...

— Eu quero saber se eu sou o pai, Sofia!

— Eu não! – Ela retrucou, e colocando a mão no peito insistiu – O filho é meu! Só meu! Eu vou dar tudo pra ele ou ela sem a ajuda de ninguém! Você não pode simplesmente surgir e querer roubar o meu bebê de mim...

— Roubar de você? Eu só vou assumir minha responsabilidade...

O sangue dela ferveu.

— Responsabilidade, é isso que é pra você! Eu sou a mãe, é só disso que ele vai precisar! Pegue esse seu senso de dever e fique bem longe de mim...

— Você é louca, Sofia? Eu tenho tanto direito sobre essa criança quanto você!

— Você não é o pai!

— Então faça o teste de DNA e prove isso – Ele retrucou, deixando Sofia vermelha de raiva. – Se realmente não sou vou te deixar em paz, mas se for meu...

— Esquece isso, Evan! – Ela interrompeu agitada, sentindo os olhos arderem. – O filho é meu, eu cuido, nunca vai faltar nada e você não vai ter que se agarrar numa criança que só vê como uma responsabilidade enquanto eu amo! – Falava tão rápido que impressionava que fosse tão clara. – Não é culpa sua; simples, esquece! Sem pensão, sem reunião de pais nem o caralho a quatro, eu vou fazer isso...

— Você não precisa fazer sozinha, Sofia, eu vou ajudar! Não é culpa sua também – Sofia quase riu.

— Deixa ela, amor. – Maiara tentou influenciar, mas o homem não deu sequer atenção.

— Faz o teste, entendeu? – Ele continuou. – Se for o problema, eu pago.

Sofia cerrou os dentes.

— Quanta nobreza. – Disse com desprezo, fazendo Evan bufar. – Muito bem, vou fazer o teste, mas você só vai perder dinheiro e tempo, porque não é seu.

— Tenho menos problema com isso do que com ser um pai ausente. – Ela revirou os olhos e limpou algumas lágrimas que escaparam quando piscou. – Me dá o seu número.

A contragosto, Sofia deu o número certo, pressupondo corretamente que dessa vez ele ia ligar em seguida para garantir.

— Maravilha, conseguiu dessa vez – Ela arrastou o botão e recusou a ligação.

Evan suspirou.

— Sofia, eu já disse que tentei...

— Não me importo – Ela se levantou e pegou suas coisas. – Já é o bastante por um dia, tchau.

— Você tá de carro?

— Não, vou chamar o Uber.

— Quer que eu te leve? Talvez você não esteja muito bem...

Nem se quisesse se fingir de pobre moça Sofia conseguiria conter a rispidez na voz.

— Que foi? Quer saber meu endereço para ter certeza que eu não vou sumir?

Ele cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.

— É, seria bom garantir.

Sofia bufou e revirou os olhos.

— Já tem meu número, é o máximo que vai conseguir.

— Até mais.

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