0.8 🌷

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8.

Harry abriu os olhos e tudo o que pôde fazer foi encarar o teto. Sua cabeça doía e um enjoo insuportável o assolava. Ele fechou os olhos e flashbacks da noite passada começaram invadir sua cabeça e a vergonha o consumia com força.

— Merda! — Sentou na cama de abrupto, mas foi obrigado a voltar quando sentiu a cabeça girar. — Cachorro? — Chamou roucamente, mas o animal não estava no quarto e ele se deu conta disto quando olhou para a porta e ela estava aberta. Potter bufou alto e percebeu um remédio em cima da cama, ele não se perguntou se Draco havia deixado aquilo ali ou se deveria tomar ou não. Apenas jogou na garganta e tomou a garrafa de água posta na cômoda.

Com muito esforço Harry saiu da cama e tomou um banho demorado, sentindo o remédio o ajudar. Sua barriga roncava e ele só pensava em comer algo logo, por isso desceu a escada, mesmo que ainda sentisse uma vergonha enorme pelas próprias ações na noite passada.

— Boa tarde. — Ouviu a voz de Draco soar da sala e ao seu lado estava Theodore, o olhando de cima a baixo. Malfoy tinha o braço sobre os ombros do namorado. — Achei que não acordaria mais.

— Que horas são? — Procurou o cachorro pelo ambiente e o encontrou dormindo tranquilamente no tapete aos pés de Draco. Aquilo era estranho, muito estranho. Normalmente, Draco não gosta do cachorro e o cachorro não gosta de Draco.

— Quatro da tarde. — Riu sem humor. — Eu dei comida pro animal, ele estava faminto. — Revirou os olhos. — Por irresponsabilidade do dono.

— Obrigado. — Agradeceu sem energia suficiente para retrucar suas alfinetadas. Mas veio na ponta de sua língua comentar o quanto foi influenciado para beber taças e mais taças de vinho.

— Draco me contou da noite passada. — Theodore comentou quando o menino estava indo procurar comida e a reação imediata de Harry foi arregalar os olhos, sentindo o coração bater freneticamente no peito. Será que ele contou sobre as coisas que fiz sem pensar? Será que ele ao menos se lembra? Harry esperava profundamente que ele estivesse bêbado o suficiente para não se lembrar de nada. — Então quer dizer que você ficou bêbado pela primeira vez?

Harry pôde soltar o ar que segurava e rir sem jeito ao se virar. Potter notou no tom debochado e no olhar alheio que ele não queria ser amigável ou apenas comentar sobre. Theodore fazia pouco sobre o fato de Harry ter ingerido bebida alcoólica devidamente pela primeira vez com essa idade.

— Que legal. — Aquele sorriso com os olhos tinha tudo para ser adorável, mas Potter não sabia disfarçar o incômodo. — Obrigado por sair contando coisas sobre mim por aí, Draco. — Era tão legível a insatisfação de Theodore ao Harry citar aquele nome. O menino não dava a mínima. Draco não era sua mercadoria.

— Não foi por aí, nem precisei levantar do sofá. — Sorriu mostrando os dentes branquinhos. — Tem almoço, eu pedi. — Avisou, voltando a atenção para a televisão.

— Hm. — Fez um barulho sem muita emoção e colocou a quentinha para aquecer no micro-ondas. Harry não precisava olhar na direção do casal para notar o olhar de Theodore sobre si. Ele sentia o olhar alheio queimar em sua direção e aquilo estava o deixando muito incomodado.

Harry estava mais que feliz por ter um prato repleto de um almoço de verdade, não era a mesma coisa que feito em casa, mas era algo e ele não poderia reclamar nem se quisesse.

Potter analisou o casal rindo de algo ao sentar na cadeira alta do balcão e não pôde reprimir a careta ao assistir eles se beijarem. Era estranho. Harry não conseguia confiar em Theodore e não que tenha algo a ver com ele, ou Draco ou a vida amorosa deles. Quer dizer, ele não conseguia chamar aquilo de relação amorosa.

Fake Flowers, People Too | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora