Twenty Six

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Minha cabeça não para de girar e um vazio enorme toma conta do meu peito. Porém isso não detém Savannah, ela não me dá trégua.

- Preste atenção. - Ela está com a mão em meu ombro, conduzindo-me pelo parque, e Corbryn segue também ao meu lado. - A sua lista de tarefas para hoje é bem longa.

Ainda bem que minha irmã está me guiando, porque eu não sei para onde estou indo e não tenho a menor ideia do que fazer.

Quinze minutos atrás, meu pai teve que sair às pressas para lidar com o desmantelamento do negócio mais importante de sua carreira - fracasso esse que ocorreu graças a mim. E Gaby já é história.

Tentei encontrá-la, mas ela simplesmente sumiu. Eu poderia ligar para ela com o celular da Sav, mas, depois que a realidade se abateu sobre mim e me roubou toda a esperança, não sei se tenho condições de impor mais tortura ao meu pobre coração.

"Oi, Gaby. Que chato saber que você não gosta de mim, é uma pena. Ei, eu tenho algumas ideias para a nossa nova campanha de marketing. Sim, com certeza você vai gostar dos meus planos para vendermos mais drinques."

- Tudo bem. O que temos nessa lista de tarefas? - pergunto com uma voz apagada. - Será que alguma delas envolve acordar desse pesadelo?

- Não mesmo - ela responde com sarcasmo, puxando-me mais para o seu lado a fim de evitar um skatista. - Bem-vindo à sua vida, Joshua Beauchamp. A sua boca grande lhe criou muitos problemas e você precisa sair desse buraco em que se meteu.

- E eu não vejo o fim desse buraco, cara - Corbryn diz. - Você deve ter usado uma pá e tanto para cavar fundo desse jeito. - Eu quero rir. Quero mesmo. Em vez disso, porém, eu fecho a cara.

- Enquanto vocês se divertem com a minha desgraça, entre uma gargalhada e outra, talvez sobre um tempo para me darem sugestões a respeito de Any, porque não sei o que fazer para resolver minha situação com ela. Não sei com que cara vou conseguir tocar um negócio com ela depois de um vexame desses. - Minha irmã me lança um olhar tão penetrante que poderia furar o asfalto.

- Ela não é o primeiro item da lista de tarefas, Joshua.

- Não é?

Sav balança a cabeça numa negativa, no momento em que deixamos o parque e entramos na Quinta Avenida. Ela aponta para a frente, indicando um local distante.

- Lá. A dez quarteirões daqui, você vai encontrar uma joalheria. O escritório do nosso pai fica no sexto andar. Tudo o que você tem de fazer é ir vê-lo e implorar de joelhos o perdão dele. - Abaixo a cabeça, desanimado, e dou um longo suspiro.

- É, dessa vez eu realmente fodi com a coisa toda. - Corbryn ri com simpatia:

- Fodeu mesmo, cara. Mas agora é hora de desfoder. - Olho para Corbryn sem entender nada. Uma carruagem passa pela Quinta Avenida atrás de nós.

- Como se faz isso? - eu digo. - Foder, sim, isso eu conheço bem. Mas... desfoder? É mais ou menos como tirar antes?

- Não, não exatamente. É uma nova descoberta científica. É como osmose reversa, uma espécie de filtragem, só que, em vez de água, você filtra a merda que fez. Simples, né? - Sav bufa, impaciente.

- Ei, garotos! A gente precisa de concentração aqui. Sei que vocês são peritos em falar bobagem, mas agora não é hora de exibir as suas habilidades.

- Vamos lá, então. - Eu passo a mão na cabeça de um jeito nervoso.

- Qual é o primeiro passo? - Sav respira fundo e se volta para Corbryn.

- Devemos dizer a ele ou deixamos que descubra sozinho? Corbryn repuxa o canto da boca, e então ajeita os seus óculos.

-Não acho que o cérebro dele esteja funcionando numa velocidade satisfatória hoje.

Just Friends | ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ.Onde histórias criam vida. Descubra agora