Alya
Podia ouvir as minhas irmãs postiças resmungando de seus quartos, alegando não quererem acorda cedo.
E podia ouvir claramente minha madrasta falando docemente com elas, as mimando.
— Durmam o quanto quiserem, queridas. -ela disse.
Vi a silhueta da bela feérica de cabelos negros e olhos esmeralda surgir no alto das escadas, e então descer.
Seu vestido de um verde escuro e elegante farfalhando a cada passo que ela dava. A cada degrau que ela descia.
— Bom dia, senhora. -falei.
Ela me encarou.
— Já preparou o café? -questionou ela.
— Sim senhora. -falei pondo os restos de sujeira na lixeira.
— Ótimo, sirva as minhas filhas quando elas acordarem. -ela disse.
— Claro, senhora. -falei.
Eu bufei fazendo uma mecha ruiva rebelde de meu cabelo voltar para o seu lugar. Ela me encarou.
— Não acha que está na hora de cortar? -ela encarou o meu cabelo com desdém.
— Cortar? -toquei as longas mechas do meu cabelo.
— Foi o que eu disse. —ela me encarou— atrapalham nos seus afazeres e a deixam praticamente cega.
— Não, não, é só amarrar, não há necessidades de cortar. -falei sacudindo a cabeça várias vezes.
— Eu acho que há. -ela disse.
— Eu gosto dele assim. —prendi meu cabelo em um coque alto— a minha mãe também gostava...
— Um péssimo gosto. -ela empinou seu nariz.
— E o meu pai também gosta, eu amo o meu cabelos do tamanho que estão. -murmurei.
— Se eu vir um fio ruivo solto por aí, garota, eu mesma o corto. -ela me encarou.
— Não haverá. -garanti.
— Eu acho bom. -ela disse antes de sair.
Encarei a silhueta da fêmea sumir nos corredores e suspirei.
— Ela já foi?
Eu encarei de relance o espírito de um panda vermelho surgir em meus ombros.
— Já, balu, e acho melhor não ficar aqui, se ela te vir comigo. -falei caminhando.
— E o que aquela bruxa feia pode fazer? —Ele surgiu em minha frente, levando as pequenas patas á cintura— espirrar?
Eu mordi os lábios contendo o riso.
— Pode te prender em um prisma. -falei.
— Vixe! -ele exclamou se escondendo atrás de mim.
Eu bufei uma risada baixa.
Eu saí pela porta dos fundos, caminhando até o poço.
— Tem muito trabalho hoje? Moranguinho. -ele questionou.
— E quando eu tive menos? -desvi o balde até onde estava a água, o vendo afundar com a mesma.
— Quando o seu pai chega. -ele disse.
— Ele não é o meu.. pai. —murmurei— meu pai e minha mãe morreram no incêndio, você sabe.
— Mas Azasel cuidou de você, ele era marido da sua mãe depois que ela e seu pai se separaram. —ele disse— a lei é clara, você é problema dele, filha dele.
— Não importa. -murmurei.
— Porém você o chama de pai, que curioso. -ele me encarou com deboche.
— Eu me acostumei. —murmurei— e criei afeto por ele, ele é uma boa pessoa.
— Você ama o seu pai, e fim de papo. —ele disse— você é a princesinha dele desde que ele e sua mãe se casaram.
Eu maneei a cabeça.
— Isso é verdade. -falei.
— E então?
Eu bufei.
— Eu amo o meu pai, balu, satisfeito?
Ele riu.
— E aí, morreu? -ele me encarou debochado.
Eu revirei os olhos, puxando o balde com água, eu caminhei com o mesmo em minhas mãos, tombando algumas vezes.
— Vai lavar a entrada?
Eu assenti.
— Mas você já lavou duas vezes ontem! -ele disse flutuando do meu lado.
— Não está suficientemente limpo aos olhos de Lady Corina. -fiz careta.
Ele bufou.
— É uma bruxa, e nada me tira isso da cabeça. -ele disse.
— Daquelas cheias de verrugas. -falei.
— E com um nariz gigante. -ele completou.
Nós nos olhamos e caímos na gargalhada, entrando novamente na casa.
E eu me pus a lavar a entrada da casa.
Seria outro inferno de dia.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.
Referência Balu^
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Rubi de Sangue
FantasyEm um mundo mágico, em um reino repleto de criaturas mágicas e místicas, desde feéricos a fadas, bruxas e tudo o que se pode imaginar. Vive uma garota, uma mestiça feérica que sonha em ter o seu futuro, que sonha ter seu lugar na alta sociedade mesm...