Capítulo 11

184 40 41
                                    

Alya

Eu estava tremendo, encarando o meu pai através da fresta das árvores.

Um escudo de som envolveu a mim e a texugo.

— Ele está ali, mate. -disse ele.

— Eu vou matar o meu pai? -questionei trêmula.

Ele travou.

— Merda. -ele xingou encarando o meu pai de longe.

— Ele sabia. —murmurei— ele sabia que o meu pai era o sexto conselheiro e não me disse nada antes de fazermos o acordo.

E agora eu tinha que matar o meu pai, tinha que matar ele.

Lágrimas caíam sem controle.

— Acalme-se. -texugo disse.

Eu baguncei os meus cabelos, a respiração ofegante.

Ele sabia, sabia e não estava nem aí. Ermes me paga. Ele vai me pagar.

— Desgraçado, infeliz. -murmurei em um soluço baixo.

— Alya, se acalma. -texugo me segurou pelos ombros.

Eu inspirei fundo, três vezes, três vezes.

A coroação seria amanhã, amanhã e todos os conselheiros deveriam estar mortos para ela acontecer. Para eu conseguir o que eu quero eu deveria matar a todos.

Eu me acalmei, ainda ofegante.

E eu o faria.

— Volta pro castelo. —murmurei— eu quero fazer isso sozinha, sozinha.

Ele me encarou.

— Vai matá-lo?

— E eu tenho escolha? O acordo vai queimar a minha alma se eu não cumprir. -o encarei fria.

Eu fechei os olhos deixando as lágrimas caírem.

— Por favor, se eu... Se eu tenho que matar o meu pai, eu quero fazer isso sozinha, quero ficar um tempo com o corpo dele sozinha, eu quero tempo para perdoar a minha alma imunda e me amaldiçoar até que o inferno congele. -murmurei.

Ele suspirou, assentindo sério.

— Quando terminar, não precisa voltar pro covil, descanse. -ele disse.

Eu assenti, encarando o meu pai, balançando a cabeça em negação.

— Mas que inferno. —eu solucei— quando ele ia pensar que criou uma vadia assassina?

Texugo suspirou.

— Eu realmente não sei o que dizer a você. -ele disse.

— Não precisa, eu sei que sou a porra de uma cadela e só isso já basta. —limpei as lágrimas— pode ir, eu vou resolver isso.

Ele me puxou devagar, beijando a minha testa. Um abraço apertado.

— Se precisar, me chame.

Eu assenti, e então ele atravessou.

Eu inspirei fundo, encarando quem eu deveria matar sem emoção, sem sentimentos, com frieza.

E assim o fiz, seu grito ecoando na floresta enquanto eu fervia seu corpo por dentro com as mais árduas chamas.

                                🌹

Eu encarava Ermes na sala de jantar, fingia a mais pura naturalidade, fingia estar tudo naturalmente bem.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 25, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Rubi de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora