Não sei bem o que faço agora, as meninas já sabem do meu maior problema, o que fiz foi apenas piorar a minha situação. Mas, como eu iria saber que Sangmin me ameaçaria desta forma?!
Me dá uma agonia ver as meninas assim, tão na dúvida, sem saber de nada, sem saber o que está acontecendo. Eu quero muito explicar, mas aí eu pioraria as coisas cem vezes mais, como abordar esse assunto?? Como eu falaria para elas o tipo de coisas que sou, ou como explicar o motivo da máfia japonesa estar atrás de mim??
Não somos mais crianças, se eu falar para elas que essas coisas sobrenaturais realmente existem, provavelmente elas entram em pânico.
Não tem como prever a reação delas e eu não quero ter elas longe de mim, com certeza as duas nem olhariam na minha cara depois de saber a verdade, então prefiro manter esse segredo e me distanciar de uma forma bem mais segura.
Eu não tenho muitas escolhas mesmo, a passagem de avião já foi comprada para domingo à tarde, não tem como adiantar, não tem como achar outro jeito de sair desse país o mais rápido possível, o jeito é esperar e rezar para que ninguém me encontre até lá.
E o Tae... Eu já não sei mais se quero ver ele amanhã, talvez o bote em perigo.
As meninas ainda estavam sentadas na sala com olhares perdidos, pensando em tudo que eu havia falado, em tudo que tinha acontecido.
Amanda já havia retirado a planta da lixeira por medo de intoxicação respiratória, nesse momento já começa a melhorar minha pulsação, começo a me acalmar, eu já não suava mais, já não tremia.
Assim que ameaço a dar algum passo, as meninas me olham com olhares de tristeza.
-Surubim, o que nós vamos fazer? -Luana questiona.
-Gente eu não faço ideia do que fazer, mas eu vou seguir o que já tinha planejado -digo.
-Qual é o seu plano? - Amanda questiona suspirando.
-Eu vou embora daqui, comprei uma passagem para Portugal para domingo, ficarei em Seul somente até lá e depois partirei... Somente minha família em Portugal poderá me ajudar com esse tipo de situação, eu não quero ficar para poder manter vocês todos seguros, inclusive os meninos... - começo a andar de um lado para o outro, em meu peito já começava a agonia.
-Mas, eu ainda não acredito que isso está acontecendo... - Luana choraminga colocando as mãos no rosto.
-Eu só preciso que vocês confiem mim, não sou uma pessoa ruim... Não faço coisas ruins, eu só nasci de um jeito diferente... E me envolvi com pessoas perigosas - uma lágrima começou a surgir em meus olhos, respirei fundo para que ela não caísse - Sou um ser humano diferente, e pelo visto perigoso para sociedade... - murmuro muito baixo para que elas não ouvissem.
-Se a gente puder ajudar de alguma forma...
-Luana não tem nada que vocês possam fazer, eu simplesmente me envolvi em uma situação inacreditável e somente eu vou conseguir me tirar dessa - digo me sentando na mesinha do centro, assim ficando de frente pra elas - Eu já disse, e vou repetir, não quero envolver vocês nisso, quero manter vocês todos seguros... - seguro a mão de cada uma - Por favor, assim que eu for embora continuem as férias, aproveitem o máximo, curtam junto com os meninos e tentem não pensar em mim...
-O que você quer dizer...? - Luana aperta minha mão com força.
- Assim que as coisas melhorarem, eu mando mensagens, ligo e aviso sobre minha situação - começo a me preocupar, acredito que elas estão entendendo onde quero chegar.
-Eu acho que está se esquecendo de uma coisa muito importante... Se a máfia está atrás de você, eles não vão te roubar, não vão te bater... Surubim, eles vão te matar!! Você tem noção do perigo - Luh me sacode puxando meu braço.
-É lógico que eu tenho noção do perigo Luana, é exatamente por isso que estou indo embora, mas não preocupe comigo... - engoli em seco preocupada com minhas próprias palavras.
Um silêncio permaneceu em toda sala, as meninas tinham um olhar triste e preocupante, com certeza saberiam que se a Máfia me pegar, já era... Mas, como eu posso explicar que a máfia só está atrás de mim por causa do monstro que eu sou perante a sociedade?
-Eu não faço ideia de como te ajudar. Argh!! - Amanda se levanta completamente frustrada - Eu tento pensar em alguma coisa que pudesse ajudar de alguma forma, mas nada aparece significante o suficiente, acho que o meio mais seguro é você ir embora mesmo...
Pude ver que uma lágrima escorrer no rosto de Luana, ela enxugou rapidamente para que eu não visse, porém já era tarde demais, eu consegui sentir agonia delas, a tristeza e a preocupação.
Me sento no sofá ao lado da Luh, e puxo Amanda para sentar ao meu lado, as puxo para um abraço, as apertei com força, respirei fundo e esperei alguns segundos antes de falar qualquer coisa.
-Eu amo muito vocês, e olha só, nosso sonho está se realizando, a gente finalmente conheceu os meninos, só quero que vocês aproveitem tudo isso - digo em meio as lágrimas. No fundo estou certame me conformando com a ideia de ser pega, aquilo já estava virando praticamente uma despedida - Finalmente encontrei o cara dos meus sonhos... Quero que vocês aproveitem isso ao máximo.
Nós três sentadas ali na sala, pude ouvir o coração das duas batendo com intensidade, as mãos tremiam em contato com a minha pele, Luh fungava segurando o choro no pé do meu ouvido, tive que engolir o choro muitas vezes para me permanecer forte. Essa não é uma situação nada fácil.
São muitas informações assim jogadas ao vento de última hora, mas elas compreenderam rapidamente a gravidade do problema.
Só tenho medo de tiver que ir embora e alguma coisa acontecer com elas aqui, me dói só de pensar.
Ficamos ali sentados abraçados por alguns minutos, até que as pulsações se acalmaram e a fome bateu, enxugamos as lágrimas e nos recompomos.
Pedimos um jantar para aliviar a tensão do momento, nesse tempo subi até o quarto e abri minha mala procurando algumas roupas para tomar um banho, assim que me preparei, guardei minhas coisas novamente na mala, porém encontrei uma arma que havia trazido por precaução.
A observo por alguns instantes, e a coloco rapidamente nos fundos da mala da Luana, nunca se sabe, melhor deixar com elas.
Assim que escutei a porta se abrindo desci para ver quem era, e sim era entregador, talvez lá no fundo eu quisesse que fosse o Tae novamente, suspirei e desci as escadas para jantar.
O jantar como esperado estava com um clima tenso, as meninas comiam quietas, sem olhar nos meus olhos, eu queria quebrar aquele gelo, porém nada do que eu falasse amenizaria a situação.
Um dia elas vão saber a verdade com certeza, mas não será hoje.
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Sonhos
FanfictionCamila, uma garota nascida lobisomem em Portugal, por causa da suspeita caçadores acabaram encontrando sua alcatéia e os obrigando a viverem escondidos. Seu pai na esperança de protegê-la, a manda ao Brasil para morar com sua mãe afim de tentar ter...