Lisboa ✓

4 0 0
                                    

Camila

Quatro dias atrás...

Assim que desembarco no aeroporto, uma sensação muito forte de nostalgia tomou conta de mim, afinal são quase vinte anos fora de casa.

Chamei um táxi para poder ir para casa, estou sem meu celular por isso não pude avisar meu pai.

Pedi ao motorista que me levasse até Ourique, bairro onde morei a muito tempo.

Conversei pouco com o motorista durante o trajeto, afinal uma mudança brusca de idioma assim chega a travar minha língua, um dia falando coreano e no outro português arrastado.

Aqui já são dez da noite, engraçado essa troca de fuso, lá na Coréia já são umas sete da manhã, o pessoal deve estar dormindo.

-Senhorita, chegamos em Campo de Ourique - anunciou o motorista, o paguei rapidamente e desci com minhas malas.

O Campo de Ourique é um dos bairros de Lisboa mais afastados da área turística. Também muito tradicional e residencial, ele tem ruas calmas e tranquilas.

Caminhei mais algumas quadras e finalmente cheguei na casa de meu pai, agora uma casa tradicional portuguesa, enorme e branca.

-Lembro quando isso aqui era um humilde barraco... Fico feliz que papai tenha conseguido crescer na vida, e melhorar sua situação - sorri indo até a porta.

Bati na porta com as mãos tremendo de frio, o som chega ecoou por dentro da casa. Pude sentir a respiração de alguém se aproximando, coração acelerando.

-Camila...? - ouço uma voz grossa me chamar, vinha de dentro da casa, assim que a porta de abriu vi um homem alto e moreno, robusto de cabelos negros - É você mesma? - diz ele incrédulo.

-Ham, sim... - recuo alguns passos, ele avançou em minha direção e me apertou em um abraço forte, acabei derrubando minhas malas no chão.

-Senti tanto a sua falta! - murmurou ele com o rosto afundado no meu pescoço, respirei fundo e senti seu perfume.

Meu coração parou de repente, uma saudade apertou naquele instante, foi como se a ficha tivesse caído.

Eu tenho um irmão mais velho, o nome dele é Rafael, éramos pequenos quando fui embora e esse homem se parece muito com ele.

-R-Rafael? - engasguei.

-Mila.... - ele deslizou as mãos no meu cabelo, e depois no meu rosto - Você cresceu.

O apertei o mais forte que consegui, ele retribuiu mais uma vez. Aí que felicidade, achei que ele tinha ido embora do país não pensei que poderia encontrá-lo assim.

-Minha filha.. - observo pela porta atrás de nós aberta, meu pai incrédulo se aproximando de nós.

Rafa se afastou, porém continuou com os braços nos meus ombros, os olhos do meu pai se encheram de lágrimas, ele sorriu e me abraçou.

-Estou tão feliz que esteja bem, minha filha está viva... - ele murmurou em meu ouvido enquanto me abraçava.

Depois do momento só nosso, Rafa e papai me ajudaram a pegar as coisas, recolhemos tudo para o quarto que estava reservado para mim.

Tudo era em tons de branco, chegava a incomodar meus olhos, Rafa ficou no quarto comigo enquanto o pai tinha ido pra cozinha.

-Uau, como você cresceu, ficou bonita - diz ele sentando na cama enquanto desfaço minhas malas.

SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora