Capítulo IX

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Lilyan

Eu havia ligado para Pietra no dia seguinte e combinado a primeira sessão de fotografias e a entrega do contrato para a sexta às nove da manhã. A voz dela era pausada, suave e melodiosa devido ao sotaque. As vezes rouca quando falava em um tom mais baixo e, sendo sincera, parecia seduzir a cada palavra pronunciada...

Ou era só coisa da minha cabeça...

Passei a semana controlando a ansiedade em especial por causa das piadinhas da Sam. Meu livro teria boas imagens e eu estava mais que feliz, porém...

Não posso negar que meu coração disparou quando a vi tirar o capacete e balançar os cabelos depois de estacionar tranquilamente próximo ao Tribunal Superior. As roupas de frio escuras davam a ela um charme diferente, mais sério, mais sexy...

VOCÊ FICOU LOUCA LILYAN?!?!

Ela me olhava com aspecto de curiosidade. Ficou uns cinco minutos ao lado da moto apenas me analisando e abriu um sorriso. Balançou a cabeça e guardou o capacete no maleiro ajeitando a mochila de couro marrom nas costas. Agora eu que estava séria: o que será que ela pensou? Coragem para perguntar eu tinha?

- Tá, me conta o que você viu Pietra - eu pedi assim que ela parou na minha frente.

- Então, Bella criatura, uma confusão aconteceu aí dentro não? - ela sorria lindamente.

Filha da mãe respondeu devolvendo com uma pergunta. Eu a olhei de maneira ameaçadora e isso a fez sorrir ainda mais o que me fez sorrir de volta. O que está acontecendo comigo?

- Bom, pensei em fazer umas fotos aqui, trouxe uma cópia do livro e não sei muito bem como proceder - gesticulei apontando na direção da imensa construção.

Ela olhava para o local com uma concentração fora do comum. Os olhos verdes pareciam mais escuros, em análise profunda do ambiente a sua volta. Nem mesmo o vento frio me fez desviar minha atenção dela. Eu não conseguia olhar para nada da maneira como ela estava fazendo agora e nunca vi alguém fazendo isso na minha vida. Um movimento que ela fez para tirar a mochila quebrou a minha observação.

- Bene, tenho uma ideia - e piscou para mim.

Enquanto eu estava lidando com o calor que surgiu do nada a vi pegar a câmera dentro da mochila. Ela fez um gesto como se pedisse o livro e o estendi para ela que pegou a minha mão e posicionou na direção do local escolhido. Eu negava para mim, mas o toque das mãos dela me causava choques, minha respiração ficava difícil e eu brigava internamente comigo enquanto ela fotografava, de vários ângulos, o livros dançando ao sabor do vento na palma da minha mão.
Eu já havia sentido algo parecido antes, mas não com essa intensidade toda.

- Srta Eaton? - ela me olhava preocupada.

- Perdão, eu estava pensando no porque do posicionamento da mão - o que não era mentira - me perdi nas lembranças...

- Então, deixa eu te mostrar os cliques de agora - ela chegou pertinho com a câmera para me mostrar as capturas.

- Uau... - foi tudo o que eu consegui dizer.

As imagens ficaram perfeitas. A
minha mão aparecia e era algo bom de se ver. A mulher sabia trabalhar com uma câmera! Ao mesmo tempo que eu admirava as fotos percebia a presença dela quente e tranquila. Era da minha altura, usava um alargador preto de 4mm na orelha esquerda, uma correntinha prata fininha e eu fiquei curiosa pra saber se tinha pingente e o que era.

- Tem ideia de qual gostaria? - ela me olhava séria.

- É uma pergunta difícil pra fazer agora não? - eu coloquei o livro debaixo do braço e respirei fundo demonstrando minha confusão.

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