Capítulo XI

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Eu precisava vê-la, ela não saía da minha cabeça!

Tudo que eu pensava, tudo que eu respirava era Pietra. Eu estava sentindo tanta falta dela que nada no meu dia prendia minha atenção. Meus pensamentos me levavam ao sorriso tímido contrastando com o olhar provocador, a voz rouca e baixa emoldurada pelo sotaque italiano que eu achava tão lindo, a forma como ela olhava para as coisas a sua volta e a humildade tão marcante em si.

Ela havia voltando na quarta passada, pedido para me ver e eu havia negado, protelando o máximo que eu podia chegando a ser rude com ela que ainda me tratou com muita gentileza e ficou de enviar as fotos assim que estivessem prontas para análise e desligou. Meu coração ficou mais que apertado. Liguei para ela umas três vezes após isso, mas a conversa girou em volta dos assuntos profissionais e em tom formal.

Se o que eu queria era vê-la porque havia tratado ela assim? Ela não merecia receber as farpas da minha confusão e ter apenas recuado dizendo que mandaria alguém entregar as fotos me deixou em pânico.

Passei o final de semana inteiro pensando em uma maneira de quebrar essa formalidade, de dizer o que eu queria, mas não conseguia. Eu me isolei no apartamento recusando até mesmo a visita do meu irmão. Não queria compartilhar com mais ninguém meu estado de nervos.

Saí do meu escritório em direção a galeria para a qual ela trabalhava. Havia ligado para o celular dela e estava desligado. Na casa dela nenhum sinal de vida até que resolvi ligar para o Saylor, gerente e dono da galeria, por sugestão de minha amiga e sócia do escritório. Ele informou que ela estava lá e que eu deveria ser paciente, pois ela não estava bem e ele não sabia o porquê.

Eu precisava chegar um pouco mais rápido, o táxi estava demorando, nenhum parava e decidi jogar um medo que eu tinha para o alto e pegar o Sr Neon da Samh, esta que ficou sem palavras ao me ver sair com as chaves nas mãos. Ela sabia o porquê que eu não dirigia e o quanto isso era significativo.

Dirigi por ruas e avenidas tão imersa em meus pensamentos que não percebi as horas passarem. Eram 19hs e o Saylor havia deixado uma mensagem para mim dizendo que um rapaz aguardaria minha chegada e, depois, eu ficaria por conta da Pietra para conseguir as chaves pra sair da galeria. Estacionei rapidamente e corri para a porta. Eu havia dirigido, eu havia pego em um volante novamente e não me sentia mal por isso, ao contrário, estava eufórica.

Um rapaz esguio abriu a porta para mim, saudou-me, e saiu em seguida entregando um bilhete do Saylor.

Ela está no salão dos fundos, no andar de cima. Você verá uma porta enorme, é lá! Espero que consiga tira-la do marasmo em que se encontra. Minha paciência cor de rosa se esgotou por hoje.
Beijins!

Mestre Say

A galeria era dividida em três espaços intercalados no andar inferior com design moderno e estava sendo preparada para uma nova exposição artística, provavelmente esculturas ao que consegui indentificar de relance.

Subi as escadas e passei pela sala da direção e de reuniões direto para uma porta de carvalho antiga. Respirei fundo antes de pôr a mão na maçaneta e descobrir que a porta gigantesca estava aberta.

A medida que fui abrindo a porta fiquei encantada com a sala que me refletia em vários ângulos e o teto com pinturas em estilo renascentista. Era simplesmente linda, mas minha observação durou apenas um segundo, pois um par de olhos castanhos prenderam meu olhar através das imagens refletidas no espelho.

Ela estava linda como sempre, naquele jeito formal/informal dela trajando Jeans escuros, camisa branca de botões com mangas ¾, as várias pulseiras de couro, linhas e fitas no punho direito que eu tanto gostava, descalça e com os cabelos soltos. Eu não conseguia ver, mas sabia que a correntinha dourada com o pingente delicado em formato de câmera fotográfica estava lá, eu só precisava tirar a dúvida se era mesmo esse o pingente.

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⏰ Última atualização: Mar 09, 2022 ⏰

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