Deixa de ser careta, Katsuki. Eles disseram.
A festa ‘tá massa, bebe um pouco e se solta. Me incentivaram.
Todavia, eu só conseguia ficar irritado, eles haviam me prometido que seria uma festa tranquila quando me convenceram a ir.
É rodi ter amigos tão diferentes, ainda mais quando todo mundo só quer saber de festejar, encher a cara e tragar um bom marlboro. Estava na moda, parecia que ninguém lia o verso do maço, ou que não sacavam o óbvio; bebidas eram ilegais para menores, porra. Entretanto, ninguém parecia pensar no futuro, estavam mais ligados em seguir de exemplos de vida os rockstars. Confesso que o som era bem maneiro, fera demais, só que não é porque seu ídolo está se matando lentamente que você vai seguir ele para o inferno, morô?
Andando pelos cantos, procurei por um lugar mais vazio, foi quando eu avistei um colega do colégio. Kirishima Eijirou era seu nome. Nunca fui bom em memorizar nomes, mas daquele cara não havia como não guardar na memória, ele estava à frente da nossa era. Ele sim era descolado de verdade ao meu ver. Uma vez ouvi uma conversa dele na sala de aula com o Kaminari, onde ele comentava que havia ganhado um nintendo! Esse sim sabe como viver a vida, assim como eu.
Sempre quis ter coragem e convidá-lo para jogar Space invaders, ou qualquer outro jogo da Atari, mas eu me sentia estranhamente tímido com a sua presença. Não sei se é pelo fato do garoto ter aquela aura de inacessível ou por ele ser tão “perfeito” nos padrões que eu admiro. A questão é que ele é bonito demais e isso me desperta desejos singulares.
Queria que estivesse na moda não ter preconceito na sociedade, mas creio que isso sim é sonhar alto demais. Simplesmente não sabia o que esperar se chegasse nele em uma conversa e o convidasse para um rolê. A reação comum ao se deparar com um “vira-casaca” é dar um soco na cara dele e sinceramente não estou a fim de apanhar do carinha que eu tenho uma queda — que está mais para precipício —, isso seria o fim da minha dignidade, porque nem revidar eu seria capaz.
Eijirou estava tão lindinho com aquele novo corte também, queria chegar e o elogiar, dizer que ficou ainda mais fofo com aquele mullet, mas a coragem inexistente me fez ficar ali, encostado na parede, o olhando como um psicopata!
Quem diria, que Bakugou Katsuki, em plenos anos 80, estaria ali, com medo de alguém. Logo eu que sempre fui tão direto. Nunca tive problema em chegar em uma garota e pedir para ficar. O corredor dos beijos sempre era bem movimentado pelo pessoal no intervalo, as vezes dava problemas e a direção descia o cacete na gente, porque o povo extrapolava. Tinha gente que pensava que era corredor do sexo.
Mas confesso que se eu conseguisse levar Eijirou para lá, eu também não me contentaria só com uns beijinhos.
Levei um susto quando percebi que Eijirou percebeu meu olhar e encarava de volta. Droga, me senti exposto, estava tendo pensamentos tão indecentes. Desviei o olhar torcendo para ele achar que eu estava o encarando por acidente, que só estava viajando na maionese.
Subi meu olhar bem hesitante após alguns segundos, para confirmar se ele ainda estava ali e percebi que Eijirou se levantava do sofá que estava, trocando um toque de mão com Kaminari que estava ao seu lado, o melhor amigo daquela fera. Confesso que eu fazia parceria com Kaminari as vezes só para sentar perto do Eijirou nas aulas. Eu era um puto amigo falso, visto que fiz amizade com o Denki por interesse, mas ninguém precisava saber desse meu lado mau caráter.
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Anos 80 (KiriBaku +18)
Hayran KurguGostar de um garoto nos anos 80 não é nada fácil. Eu sentia-me um covarde por não me aproximar de Eijirou, entretanto, o medo de levar um soco não me permitia ser aventureiro como de costume.