Capítulo VIII

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" Em algum ponto de Hakone, duas árvores antigas floresciam atrás de uma cafetaria, cujos troncos entrelaçavam-se do início ao fim de suas existências, como eternas companheiras.

As flores de camélias que o vento derrubava, constituía um grande tapete branco em suas raízes salpicado por camélias vermelhas. Embora sendo um espetáculo agradável aos olhos, poucos sabiam da existência das árvores gêmeas.

Exceto uma garotinha de cabelos ruivos e olhos tão cintilantes como a cor rubra de seus fios que permaneciam amarrados num rabo de cavalo baixo. A pequena criança havia ganhado esse hábito depois que o demônio Grimmer apresentou o espetáculo no início da primavera. Assistir às gêmeas soltarem suas belas flores tinha se tornado um passatempo angustiante no fim da estação, pois o outono bateria em sua porta. Descobrir que em pouco dias as gêmeas não exibiriam mais o contraste do branco puro junto ao vermelho rubro, deixava seu íntimo ansioso, tanto que, quando anoiteceu, a pequena estava sentada num dos galhos enquanto suspirava a olhar as estrelas acima de si.

- Lyra, ainda esta aí?

O timbre doce quebrou o silêncio ganhando os olhos cintilantes da pequena Lyra.

- Ainda está pensando no que Grimm disse? - Indagou , erguendo os olhos ao galho, onde a pequena Lyra assentiu levemente, voltando a suspirar para as joias cintilantes no céu.

Mika era uma jovem mulher de 25 anos que levava uma vida tranquila dirigindo a pequena, mas confortável cafeteria. E não eram só os doces que ganhava a atenção dos clientes que passavam por lá, porém sua beleza e gentileza alcançava o coração mais duro, desde humanos a seres sobrenaturais.

Os cabelos loiros platinados desciam em pequenas ondas atingindo a cintura, uma fita vermelha segurava a pequena trancinha no lado direito do cabelo . E, sem dúvida , seus olhos lembravam pedras lolitas de tão azuis e poucos desconfiariam que estes carregavam um dom raríssimo mesmo para sobrenaturais: Olhos de Deus.

- Sei que é estranho falar isso, mas mesmo que tudo se perca e nem volte mais a ver as flores, não será o fim.- disse Mika.

A criança a olha espantada.

- Mas e se elas morrerem?

- A morte não é quando a vida se esvai dos seus corpos, está na mente das pessoas.

- Não faz sentido.- franziu o cenho irritada com Mika.

- Enquanto houver alguém que lembre, ela nunca irá morrer e permanecerá viva nas memórias.

- Isso me parece amargo.- diz a criança descendo da árvore.

Miko a pega no colo e leva de volta ao café.

- As perdas de pessoas preciosas acabam sendo os momentos mais cruéis. Acho que todas despedidas tendem a ser amargas.- disse ao abraçá-la. "



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