Capítulo 34

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POV SHAWN 


E lá estava eu, me sentindo ainda mais disposto em tê-la comigo. Camila era como uma luz que surgira para mim quando menos esperava. Ela me trouxe uma coisa que pensei que nunca mais teria. O amor. Eu realmente me apaixonei por ela e Deus sabe o que eu sinto quando estou ao seu lado. Infelizmente eu errei com ela e arcaria com as consequências dos meus atos mesmo que fosse doloroso. Tudo para que ela me quisesse de volta. Tudo por ela, até mesmo estar no meio da sua loucura disfarçada de auto conhecimento. 

Assim que deixei a sua casa fui para a minha e busquei as minhas coisas. Camila me recebeu ao entardecer com minhas duas malas e meu computador de trabalho. Sua casa estava enfestada de homens e aquilo me incomodou, sim, muito. Mas eu me segurei, afinal eu estava ali por meu próprio pedido.  

— Então eu vou dividir o quarto com dois caras?  — encarei Camila. 

— Sim, você, o George e o Steve. 

 — Ok. — assenti colocando minhas malas na cama. 

— Está mesmo disposto a isso?  — me perguntou seriamente. 

— Eu posso aguentar.  — disse firme. 

Eu estava mentindo. Eu não sabia se poderia aguentar vê-la saindo, beijando e até mesmo dormindo com outros homens. Seria doloroso demais, mas se no final disso ela me escolhesse, valeria a pena sofrer. 

— E então, podemos conviver normalmente e conversar normalmente agora?  — perguntei. 

— Vamos morar na mesma casa durante trinta dias.  — deu de ombros — Acho que seria melhor termos boa convivência. 

— Hum, concordo. —  sorri sem mostrar os dentes  — Mas já que podemos conversar, queria saber o porquê de não estar mais com o fotógrafo?

— Pessoal demais. 

— Camila, por favor, não finja que não somos íntimos a esse ponto. Isso é hipócrita demais até para a nossa situação.  — elevei o olhar. 

— É, tem razão.  — bufou — Bom, não tem um motivo grande. Só não funcionamos como eu queria. 

— Eu sinto muito.  

Camila me encarou como se me criticasse. Ela sabia que eu não sentia muito. Eu não estava nem aí para aquele fotógrafo. Eu queria que ele sumisse, mas para a minha infelicidade, apareceram sete no lugar dele. 

— Não seja hipócrita. Sabemos que você não sente muito.  — rolou os olhos. 

— É, não sinto.  — rimos. 

Por um momento escutar a sua risada leve e natural me levou a um lugar de paz absoluta. Me levou ao dia em que ela me fez voltar a querer pescar. Estávamos rindo, nos divertindo e sendo leves. Aquele momento me marcou e eu quase me aproximei para um beijo ao me lembrar que ela me trazia algo que nem eu mesmo sabia explicar na época. A garota que ganhou o meu coração só por entrar em um barco simples comigo me olhava daquela forma e sorria daquele mesmo jeito. Seus olhos estavam perto demais dos meus e sua boca também. Eu queria beijá-la.

— E você e a Savana não deram certo por qual razão?  — disse me tirando do transe. 

— Eu já te disse. — desviei o olhar — Ela não é o amor da minha vida. — suspirei. 

— Ela aceitou numa boa? 

— Ela é muito compreensível. 

Savana era mesmo uma pessoa incrível. Embora tenha me pedido para não deixá-la, aceitou pacificamente e não interferiu em mais nenhuma das minhas decisões.  Eu poderia não amá-la mais, mas sempre a guardaria no meu coração como o meu primeiro amor. 

— Bom, eu tenho um encontro daqui a pouco e preciso começar a me arrumar.  — ela disse coçando a nuca inquieta. 

— Hum, um encontro?  — apertei o maxilar tentando não explodir. 

— Vou jantar com o George em um restaurante.  — ela disse fazendo meu coração palpitar. 

— O garoto de Londres, típico galanteador. — raspei a garganta e soltei uma risada abafada.

— Eu gosto de como ele é educado, cavalheiro e gentil. —  afirmou.

Não disse nada em primeiro instante. Apenas engoli a seco e respirei fundo para não dizer o quanto aquilo era patético. Mas eu tinha que aguentar. 

— Bom, então ótimo encontro pra você, Camila.  — obviamente estava sendo irônico. 

— Obrigada. — disse e saiu logo em seguida. 

Camila saiu me deixando desolado, mas nada me doeu tanto quanto quando entardeceu. Da janela do quarto eu pude ver quando ela saiu acompanhada daquele inglês de merda. Estava em um vestido azul e com os cabelos soltos. Ela parecia uma sereia. A minha sereia. Mas estava indo jantar com outro. Ele segurava a mão dela como se quisesse conquistá-la, e ela sorria para ele como se gostasse. Aquilo era difícil. Fechei as cortinas tão brutalmente que quase senti ela se rasgar. 

— Nossa, parece nervoso.  — um deles disse entrando no quarto. 

— Estou bem.  — respondi sem muita empolgação. 

— E nós sete sobramos. Nossa anfitriã gostosa preferiu levar o príncipe inglês no primeiro encontro.  — bufou — Eu poderia levar ela ao céu com um orgasmo intenso, mas ela preferiu o que segura a mão e puxa a cadeira. — riu acendendo um cigarro. 

— Não pode fumar no quarto, deixa um cheiro horrível.  — disse tentando não socar o mesmo pela forma como ele havia a chamado. 

— É, desculpa cara. Só fiquei revoltado.  — apagou o cigarro na cabeceira da cama — Ela poderia escolher a mim e me pagar um belo de um jantar, mas não me escolheu. 

— Ela gosta de homens legais.  — disse com desdém. 

— Eu seria legal com ela.  — sorriu — Ela iria adorar a forma com que sou legal. Eu colocaria ela no meu colo e deixaria ela brincar comigo. 

— Cala a porra da boca! — gritei. 

Billy me encarou sem entender e estufou o peito vindo em minha direção como se fosse me socar na cara várias vezes.

 — Qual é a sua cara? — se aproximou. 

— Só pedi pra calar a boca.

— Quem você pensa que é?  — arregalou os olhos. 

— Sou o amor da vida dela! — soquei a cara dele com força — Você e os outros são perda de tempo. 

Eu sabia que isso me causaria problemas, mas que se dane. Eu queria socar aquele cara e fazer ele engolir a língua. 






New Girl - (AGCG Volume 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora