Capítulo 29

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Georgina, a pessoa que eu pensei que talvez pudesse ter mudado só me usou para ganhar dinheiro. Outra vez ela se mostrou uma péssima amiga. O que não era surpresa, mas no fundo eu esperava a mudança dela. Todos a minha volta eram decepcionantes. Menos Valerie, Mandy e Alex. 

— Bom, eu tenho muitas coisas pra falar pra você.  

— Eu não sei aguento mais revelações.  — me sentei. 

— A única revelação que tenho agora é boa. —  se sentou ao meu lado. 

 — Espero mesmo uma boa notícia. 

— Eu soube que mora aqui de favor com suas amigas. 

— É, elas são ótimas e eu as considero minha família.  

— Eu sou grata por elas serem tão boas amigas com você.  — sorriu — Mas quero te dizer que se quiser ter a sua própria casa você pode. 

— Minha própria casa?  — franzi a testa. 

— A vida toda eu guardei metade do que era meu pra você. Eu trabalhei, ganhei dinheiro e coloquei em um fundo pra que quando eu te achasse você usasse para a faculdade.  — sorriu com os olhos cheios de lágrimas. 

Aquela mulher, minha mãe, havia pensado em mim em tudo que fazia. Ela pensou até na minha faculdade. Aquilo também me comoveu. 

— Eu já tenho uma carreira, mas muito obrigada por pensar em mim todo esse tempo.  — sorri gentilmente. 

— Tudo bem, mas o dinheiro do fundo é seu e eu quero entregar pra você.  — pausa — E sobre a casa, temos uma que alugamos a um casal, mas ela também será sua quando quiser se mudar. 

Era tudo muito novo para mim. Uma mãe, um novo lar, dinheiro e cuidados. Coisas que nunca tive antes e agora estavam presente na minha vida. 

—  Eu vou pensar nisso. — sorri.

— Você não aceita as coisas de mãos beijadas não é? —  riu  — É exatamente como eu.

— Eu sempre tive que ser eu por mim, então não, não quero as coisas de mãos beijadas. 

— Embora eu queria que aceite meus presentes, eu admiro isso em você. Ensina a ser forte e independente.  — passou as mãos em meus ombros. 

O toque dela era tão bom e confortante. Nunca havia entendido o que era o toque de uma mãe, mas aquilo foi muito intenso. 

{...}

— Como foi a conversa? — Valerie perguntou.

— Emocionante. Vamos jantar qualquer dia desses. Ela disse que o marido também quer me conhecer melhor.  — sorri. 

— Sua mãe parece uma pessoa boa. Eu sabia que vocês iam se entender bem.  

— Eu estou ficando bem outra vez. Acho que tudo vai voltar a ser como antes agora. — sorri sem mostrar os dentes. 

— E por que eu tenho a impressão de que você não está estasiada com isso?  — franziu a testa e cruzou os braços.

Valerie  sabia me ler como ninguém. Estava tudo certo demais. Eu gostava desse meu novo momento, mas mesmo que as coisas estivessem indo para um lado bom, ainda não me faziam estar completa. Eu me sentia tão fechada e silenciosa. Minha vida desmoronou e mesmo assim eu fiquei quieta sentindo a dor. Nunca tive um momento onde eu não me preocupava com nada e com ninguém. Sempre tinha alguém para quem eu queria ser boa. Minhas amigas, Shawn, Alex e agora a minha mãe. 

— Sinto que nunca pirei.  — disse. 

Valerie soltou uma gargalhada e me encarou sem entender absolutamente nada. Minha frase havia mesmo sido bastante desconexa. 

— Como assim Camila? 

— Minha vida desmoronou por tempo e mesmo assim fiquei sendo a Madre Tereza.  — suspirei — As garotas me chamavam assim e eu realmente sou! 

— Não estou te entendendo. 

 — Eu nunca pirei geral e sai dos trilhos. Sou previsível e chata. — rolei os olhos. 

— Você não é chata. Previsível talvez, mas chata não.  — se aproximou. 

— Eu tenho o direito de pirar alguma vez na vida e ser totalmente o contrário do que eu sou! —  afirmei. 

— Camila, eu não sei o que está passando pela sua cabecinha, mas sim, você tem esse direito.  — riu. 

— Eu vou te dar um exemplo.  — pausa — O Shawn, passou por várias merdas e resolveu criar uma casa do sexo com várias garotas. Foi inesperado pra ele e mesmo assim foi uma loucura necessária na sua cabeça. Ele meio que surtou e fez algo insano. 

— Está dizendo que quer fazer algo insano porque você merece pelas merdas que passou? 

 — Foi só uma ideia. — bufei — Eu não vou pirar. Sou previsível demais. Vocês sabem que agora vou ser a boa filha, a namorada legal e a garota simples que tira algumas fotos. — rolei os olhos. 

— Talvez você deva pirar geral.  — Mandy disse entrando no quarto — Escutei um pouco a conversa e acho que deveria tentar ser algo novo e imprevisível. 

— Mandy!  — Valerie gritou — A garota ta ficando meio louca. Não alimenta. 

— Foi só a minha opinião.  — resmungou. 

A verdade era que Mandy tinha razão. Eu deveria tentar ser algo novo e imprevisível. Isso me faria bem e me deixaria cheia de adrenalina. Eu precisava de adrenalina e não de ser a boa garota. Poderia ser só um momento de reflexão maluca e idiota, mas naquele segundo eu quis pirar geral. 

— É, talvez eu queira um pouco de loucura agora!  

New Girl - (AGCG Volume 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora