Cap. 15: O Perdido e o Estranho

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Sábado, 10:13 da noite.

Christian se debruçava sobre o volante do carro, que estava parado na beira da estrada, longe do chalé. Ele suspirou fundo e fechou os seus olhos. Queria que quando os abrissem novamente, tudo aquilo que estava vivendo naquele dia "evaporasse" ou que tudo aquilo nada passasse de uma grande brincadeira de mal gosto ou mais uma daquelas "trollagens" que seus amigos gostavam de fazer com ele. Seu maior desejo naquele momento era de que alguém surgisse no meio da estrada com uma câmera na mão e Castanhari andando logo atrás, rindo da sua cara. Queria sentir o susto e aquele nervosismo que sempre sentia quando caia em uma pegadinha, aquele sentimento momentâneo que logo se dissipava e dava lugar ao sentimento de alívio e o sentimento de que tudo estava bem e de que tudo não passava de uma simples brincadeira.

Se curvou lentamente para trás e se encostou no banco. Encarou a estrada de terra, passando seus olhos pela ponte mais a frente e a estrada que desaparecia-se em uma curva mais além. Respirou profundamente. Sentia-se desanimado, sem energia. As dores em seu corpo pareciam mais intensas naquele momento, provavelmente porque só agora estava dando atenção à elas.

Olhou um pouco para cima e se encarou no retrovisor. Fitou os seus olhos cansados e avermelhados por alguns segundos. Respirou profundamente ao ver a linha de sangue, agora seca, que descia de sua testa até sua bochecha. Seus olhos logo se encheram de lágrimas. Christian então se viu em uma tristeza profunda e dolorosa. E chorou. Lágrimas rolavam pela sua face e ele gemia baixinho. Seu peito arfava pesado e a angústia consumia seu corpo. Chorou mais alto, fechando fortemente seus olhos. As lágrimas molhavam a linha vermelha e o sangue voltava a se tornar "líquido". Esfregou suas mãos pelo seu rosto a fim de se livrar daquela fadiga. Logo a lateral de seu rosto estava sujo por uma grande mancha vermelha. Ele soluçava, se engasgando em seu próprio choro. "O que está acontecendo?" se perguntava aos prantos.

Chorou por mais alguns minutos até que se jogou novamente no encosto do banco, encarando novamente a estrada e respirando fundo, uma respiração rápida e pesada. Em seguida, olhou para sua esquerda, pela janela do veículo. Daniel não estava mais ali, parado na beira oposta da estrada, como estava antes. Agora ele sumira. Deduziu então, que Daniel resolvera ir atrás de Lukas.

Christian então engoliu o choro e encarou novamente a estrada à sua frente. Respirou profundamente, procurando recuperar as suas forças.

"O que vou fazer agora?..." - pensou, desanimado.

Segundos depois, Christian ouviu um barulho e olhou rapidamente para sua direita, assustado.

A porta passageira do veículo se abria.

Em seguida, Daniel entrou no veículo e se sentou no banco, fechando a porta.

Os dois então se encaram por alguns segundos, sem dizer nenhuma palavra. Por fim, Christian encarou novamente a estrada. Daniel fez o mesmo. E os dois ficaram em silêncio.

***

Cocielo entrou às pressas na grande cozinha do chalé, caminhando rapidamente em direção a saída que havia ali. As luzes do cômodo estavam apagadas, porém a luz lunar que adentrava levemente pelas janelas, guiava seus passos. O rapaz estava bem assustado e carregava sua mochila em um dos ombros. Atravessou a cozinha em passos largos e logo chegou à porta. Pegou na maçaneta e a girou, porém a porta parecia trancada. Forçou a maçaneta novamente, mas não conseguiu abri-la. "Porra!" - xingou mentalmente.

Cocielo: Ei, abram essa porra! - disse, tentando chamar a atenção de Lira, Malena e Taciele, que deveriam estar cuidando daquela saída.

Não houve resposta.

Cocielo deu algumas batidas na porta, esperando por algum retorno. Porém, não havia ninguém do lado de fora que poderia abrir para ele. A angústia então cresceu em seu peito e o medo lhe arrancou arrepios. Ele então se jogou contra a porta, numa tentativa apavorada de sair dali. Se jogou mais algumas vezes, sentindo o impacto da porta pelo seu ombro. Gritou abafado e só parou quando ouviu o sons das garrafas de vidro, dentro de sua mochila, se baterem uma na outra. Cocielo então se afastou da porta, trazendo a mochila para seu peito, a envolvendo em seus braços e torcendo para que nenhuma das garrafas tenham se partido. O rapaz então, passou rapidamente os olhos pela cozinha, pensando em como sairia dali. Logo notou a porta da dispensa e correu até ela. Entrou apressado no local, pegando a chave que tava na fechadura e fechando rapidamente a porta, se trancando pelo lado de dentro.

Youtubers e o Segredo da CabanaOnde histórias criam vida. Descubra agora