Cap. 26: Espelhos

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Malena leva as mãos às costas, alongando um pouco a coluna. Ela faz uma careta de desconforto. Suas pernas estiradas no chão terroso e rochoso, não tinham vontade nenhuma em se levantar.

Forçando os pulsos contra o solo, ela se senta de uma forma menos desajeitada.

Além de cansada, se sente derrotada.

Pousou os cotovelos sobre o colo e esfregou o rosto.

A mistura de sensações lhe causavam algo estranho. Pois o manto negro daquela noite de lua cheia lhe causava medo. Porém a luz lunar clareando diretamente a sua pele, lhe remetia a esperança. Ao mesmo tempo em que o vento leve amenizava o suor de seu rosto e a superfície firme lhe transpassava segurança, as dores pelo corpo lhe causavam impotência.

O pior era os pensamentos de alívio brigando contra os de tristeza, por causa da fatalidade que acabara de vivenciar. Ela sobreviveu, mas uma vida foi perdida.

Em um momento, ela verifica o outro lado do desfiladeiro esplêndido diante dela. Havia se esquecido daquela criatura surreal, que parecia ter sido retirada de algum conto mitológico.

Mas o que vê, para além daquela região aberta, é a grande floresta. Mais para a direita, a silhueta deslumbrante das montanhas distantes. Porém à sua frente, além do abismo, ela repara uma porção de terra destruída. Ali indicava onde a torre se localizava, a qual foi arrancada como uma enorme árvore de ferro.

Felizmente, ela não encontra aquele ser metade homem, metade touro. Pelo menos, não na área aberta.

Ela faz menção de se levantar, mas desiste quando o seu tornozelo direito reclama.

Fez uma careta ao imaginar como o seu pé deve estar agora.

Se ajeitou para analisar.

Com cuidado, desamarrou o tênis, retirando-o.

Abaixou a meia até a metade, revelando o ferimento. Agora a moça adquiriu uma hemorragia. Finos vasos sanguíneos superficiais estão em destaque sob a pele clara. Estavam rompidos, formando uma área de cor roxa próxima à lesão.

A jovem, entretanto, se surpreende, pois não está doendo tanto comparado com a aparência.

Apenas sentindo um incômodo, ela recoloca o calçado. Amarrou de uma forma que não fique apertado.

Se põe à se levantar lentamente.

Mas, de repente, seu corpo se contorce. Uma nova pontada intensa faz Malena soltar um grito, que só foi possível abafá-lo um pouco ao cerrar os dentes.

Seu coração começa a bater bem forte.

Sofreu tentando passar pela dor.

Enquanto isso, observa os seus arredores, temendo em ter atraído àquele monstro. Porém, lágrimas espremidas deixaram a sua vista embaçada.

O que ela enxergava naquela condição eram formas e silhuetas borradas.

Piscou algumas vezes, engolindo a vontade de chorar.

Suas pálpebras limpam a visão. Ainda estava ofuscada, todavia, dava para distinguir os elementos da área.

Algo atrai sua atenção.

Um ponto de luz branco surge no interior do breu do desfiladeiro.

A moça acompanha o brilho borrado. Ele vai se erguendo aos poucos, à alguns metros de distância dela.

A jovem pisca forçadamente, à fim de entender o que era.

A esfera desfocada, do tamanho parecido com a de uma laranja, continuou avançando sem pressa em direção à ela.

Youtubers e o Segredo da CabanaOnde histórias criam vida. Descubra agora