We all pretend to be the heroes on the good side

You never learned to see the world in color

Harry nunca iria admitir que estava emocionalmente dependente de um maldito diário, mas aqui estava ele, emocionalmente dependente de um maldito diário.

Tom (sim, em uma noite chegou ao nível de chamá-lo apenas de Tom) era… muito compreensível.

Fez algumas perguntas de sondagem e não parecia nada com o Lord das Trevas. Poderia ser que existiam mais Toms Riddles do que imaginava?

Os puristas de sangue tinham o costume de reciclar nomes, mas Riddle não era um sobrenome do sagrado vinte oito até onde sabia.

Talvez fosse estrangeiro?

Enfim.

Era alguém que não sabia quem seu irmão era, alguém que não iria querer se aproximar apenas por querer uma ponte até Alexander, alguém que o via como Harry, apenas Harry.

E Tom dependia de Harry — de suas palavras —, afinal, segundo ele, ninguém escreveu no diário por anos.

Harry tinha o poder de deixar Tom solitário pelo resto da eternidade ou não. Se ele o aborrecer, poderia apenas deixá-lo de castigo ao não escrever.

Harry adorou o poder.

E adorou Tom por lhe dar isso.

— Meu irmão idiota está se exibindo de novo, acredita? Maldito sabe-tudo, está pior que a Granger.

Era aula de história da magia e seu irmãozinho parecia fazer questão de prestar atenção e interromper a aula do senhor Binns a cada cinco minutos com alguma pergunta presunçosa.

Ele queria ficar nas boas graças de um professor que era literalmente um espectro? O que ele ganhava com isso?

O senhor Binns já estava morto, mas mesmo assim parecia ainda mais mortificado ao ter pela primeira vez, em provavelmente décadas, um aluno prestando atenção em sua aula.

É claro que Alexander queria ser o centro de atenções em tudo, maldito exibido.

— Então seja mais esperto que ele. Apenas tolos espalham seus conhecimentos a mentes desinteressadas, é inútil. Estude sozinho, comigo, você será mais inteligente do que o seu irmão medíocre pode sonhar.

— Você me entende tão bem, Tom. Parece que você tem um irmão, como eu.

— Eu não tenho irmãos, mas tive algo próximo.

Harry sentiu-se tentado a perguntar, mas Tom sempre ficava recluso quando os questionamentos eram pessoais demais. Apenas poderia contar com essas migalhas que ele deixava escapar vez ou outra.

— Tom, você também estudou em Hogwarts? Antes de estar preso nesse diário?

Não sabia a idade de Tom, mas ele parecia ser mais velho.

— Sim.

— E em qual casa você esteve? Calma, me deixe adivinhar.

Harry tirou alguns segundos para pensar, considerando o pouco que conhecia de Tom até agora.

— Corvinal?

— "Harry..!" — Não teve resposta, fechando o diário às pressas ao ouvir a voz do seu odioso irmão.

Olhou para os lados — a sala estava começando a esvaziar.

— "O que quer?" — O sorriso de Alexander se desmanchou, mas quem se importava se ele era um floco de neve que ficava magoado com tão pouco?

— "Vim te avisar que a aula já acabou, para não se atrasar para a próxima…" — Harry revirou os olhos, o que desencorajou Alexander a continuar, sua voz diminuindo até ser apenas um sussurro.