Are you good, are you bad?

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Era hora de voltar para casa para o Natal.

Dessa vez, Harry dividia o compartimento com Draco Malfoy, balançando a cabeça às vezes para mostrar que estava ouvindo, mesmo que sua mente estivesse em outro lugar. Esperava que tudo desse certo...

Não queria voltar para casa, estava impaciente. Tom lhe explicou que o processo de fermentação seria o tempo do recesso de fim de ano, mas Harry não conseguia deixar de ser paranóico.

E se alguém descobrisse o que fizeram?

Eles não podem entrar na câmara, Harry.

E se Dumbledore decidisse lhe expulsar por praticar magia proibida?

Eles ainda não podem entrar na câmara, Harry.

E se Alexander, aquele enxerido, desconfiasse de algo?

Ele não iria perceber mesmo se fizéssemos o ritual em sua frente, Harry.

Isso não diminuía sua paranóia. Nem um pouco. Sua mente continuava trabalhando em um turbilhão de tudo de errado que poderia ocorrer. Não importa o quão grande e improváveis seus delírios fossem, Tom ainda tomou tempo de, calmamente, lhe explicar motivo por motivo do porquê nada disso iria acontecer.

Estava fazendo o contrário do que Tom pediu - era para descansar e relaxar. O ritual era contínuo durante todo o tempo de fermentação, ou seja, continuaria a lentamente drenar sua magia. Ele ainda lhe aconselhou a evitar fazer feitiços fortes, mas Harry não conseguia pensar em que tipo de situação no sossego de sua casa iria precisar fazer algum feitiço.

Bem, Pettigrew não era mais uma ameaça, então era, realmente, casa.

Alexander estava lá, mas isso era o de menos.

O vidro da janela refletia sua imagem. Precisava retocar sua raiz...

E estudar, estudar muito.

Claro, Tom lhe ajudaria.

Tom... o que iria acontecer quando ele finalmente tivesse um corpo? Harry nunca lhe perguntou isso. Mas seja o que for, não poderia deixá-lo ir, nunca. E se ele ousasse querer ir...

A marca em seu antebraço sumiu pelo menos, do jeito que Tom disse que iria sumir. Mas às vezes ainda sentia uma coceira estranha no local, como se algo estivesse faltando.

A viagem foi estupidamente longa quando não podia apenas dormir e aproveitar o tempo com Tom, já que Malfoy fez questão de alugar suas orelhas para reclamar de todos os alunos de Hogwarts naquelas horas de viagem. Sua cabeça estava doendo e estava cansado demais para aquele drama adolescente.

Sempre soube que era mais maduro que as outras pessoas de sua idade, mas não pensava que por causa disso elas seriam tão irritantes em sua visão. Não, não queria saber do novo drama familiar dos Weasleys por causa da filhinha caçula sonserina ou a nova fofoca sobre o capitão do time de quadribol da lufa-lufa. Ao menos tinha Ollie, poderia fazer carinho nela para se distrair e de quebra despertar a alergia do Malfoy - infelizmente, um espirro a cada três minutos ainda não o impedia de fofocar e a poção anti-alérgica tinha um efeito rápido demais para o seu gosto.

Após horas torturantes naquele vagão, Harry finalmente se viu livre, pois para as graças de Merlin seus pais e os pais do Malfoy não se davam nem um pouco bem.

Finalmente, casa.

Após tanto tempo distante, as coisas pareciam fora do lugar, havia um estranho sentimento de jamais vu quando vagava pelos corredores. Parecia um fantasma em sua própria casa, assombrando seu quarto como um maldito espírito obsessor. Nas refeições em família, se trocassem Harry por um ursinho de pelúcia seria a mesma coisa, ele não participava das conversas, ele não se importava tanto em responder as perguntas direito.

We all pretend to be the heroes on the good sideOnde histórias criam vida. Descubra agora