2: Um de nós fica para trás

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Quando encontramos os outros, saímos em disparada na direção do acampamento. Nós sabíamos que as fúrias acabariam nos alcançando mesmo que tivessem fugido. Foi um momento desesperador, nós nos assustávamos com cada barulho, graveto quebrando, folha caindo, tudo. Depois de algumas horas correndo, nós chegamos à colina meio sangue. Mesmo agora faltando pouco para chegar no acampamento nos sentíamos muito mais nervosos que antes, podíamos perceber o quão perto as fúrias estavam.

Enquanto nós estávamos subindo a colina, percebemos que nem todos de nós chegaram no local. Alguém teria que segurar as criaturas, para que os outros pudessem sobreviver. Eu logo agarrei minha espada e desacelerei o passo, estava totalmente disposta a dar a minha vida pela dos outros. Luke não demorou muito para perceber o que eu ia fazer e disse:

— Todos podemos sobreviver Pietra! - falou ele.

— Você sabe que não Luke! - eu disse e as fúrias logo se aproximaram.

O problema é que elas não pareciam interessadas em me matar, e sim em me evitar. Thalia percebeu que elas pareciam ter um interesse especial nela e resolveu lutar com as criaturas:

— Vão! - gritou Thalia.

— Eu não vou te deixar aqui! - falei desesperada.

— Pietra, nós todos vamos morrer se não formos! - disse Luke.

— Leve Annabeth e Grover, eu vou ficar aqui! - falei ao loiro que não queria me obedecer - Agora Luke!

Ele levou todos para o acampamento, sobraram apenas eu e Thalia ali brigando com as fúrias. Uma delas me atacou e eu prendi meu pé no tronco de uma árvore, não conseguindo me mexer. O que ouvi a seguir foi apavorante, ouvi o último grito de Thalia. Minha única amiga agora estava morta, caída no chão e eu não consegui me aproximar dela porque estava presa em uma árvore. As criaturas fugiram assim que a mataram, tudo que consegui fazer foi gritar por socorro, mas ninguém apareceu. Depois de um tempo consegui me soltar e chegar ao corpo de minha amiga, ela estava morta, morreu para salvar a todos e eu não consegui impedir. Zeus depois da morte de Thalia criou uma árvore que garantiria que nenhum meio-sangue morresse daquela forma. Mas isso não muda o fato de que eles deixaram ela morrer e tudo que fizeram por ela, foi uma estúpida árvore em homenagem a mesma. 

Quando me dei conta eu estava com um machucado bem feio no meu ombro, tudo que consegui ver a seguir foi sangue. Depois minha visão foi ficando embaçada e escura, até que eu não estava mais consciente.

Acordei em algum tipo de enfermaria, com Luke ao meu lado. O loiro estava claramente bem mal, nem percebeu que eu estava consciente. Comecei a olhar ao meu redor e percebi que estava no acampamento, cercada por semideuses.

— Luke! - falei finalmente.

— Pietra, como está se sentindo? - perguntou ele.

— Bem! O que aconteceu? - questionei.

— Do que você se lembra? - perguntou Luke.

— Foi um sonho bem estranho, Thalia e eu nós estávamos lutando contra as fúrias e... - percebi o olhar triste do loiro e finalmente entendi - Não, não Luke ela não está morta! Não pode ser!

— Ei, calma! - falou ele me abraçando.

— Eu tentei protegê-la, mas... - comecei mas as lágrimas me impediram de continuar.

— Eu sei que você tentou Pietra, isso não foi culpa sua! - disse Luke.

Depois disso Luke me acalmou e eu logo tive alta. Fui falar com um tal de Quíron, ele me explicaria como tudo funciona aqui no acampamento. Ao chegar na "casa grande" vi que Quíron era na verdade um centauro, ele se aproximou de mim com um sorriso no rosto, o que sinceramente me irritou considerando a situação que eu me encontrava.

— Pietra, é muito bom vê-la! - disse ele.

— É um prazer! - falei e a minha voz soou mais fria do que eu pretendia.

— Você me lembra muito de alguém! - comentou o centauro mas eu nem dei muita atenção.

— Então, como as coisas funcionam por aqui? - perguntei.

— Bom, você se instala no chalé do seu parente olimpiano e treina para lutar contra monstros! - respondeu Quíron.

— E quem é o meu parente olimpiano? - perguntei.

— Suspeitamos que seja Hades! - respondeu o centauro.

— Como assim suspeitamos? - contestei.

— Bom, os Deuses precisam assumir seus filhos para que tenhamos certeza... - começou ele.

— E nenhum dos Deuses fez isso comigo! - terminei.

— Por enquanto você ficará no chalé de Hermes, o deus dos viajantes, com o tempo talvez seu pai resolva te reconhecer como filha dele! - falou Quíron e por mais que eu não quisesse a última frase me doeu.

A Filha de Hades e o Ladrão de RaiosOnde histórias criam vida. Descubra agora