Adam - parte I

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A aula já havia começado há vinte minutos, e minha atenção estava toda voltada à movimentação no corredor.

Na verdade, nada estava realmente prendendo minha atenção naquela manhã. O fim de semana parecia um filme, se repetindo toda hora em minha mente. A festa, as bebidas, minhas amigas, Oliver e o beijo na vadia, Adam que chegou trazendo tanta coisa diferente.

Eu não havia conseguido falar com ninguém até então, havia apenas algumas trocas de olhares dispersos com Emma que estava sentada quase em frente ao professor de matemática.

Apesar de não nos termos visto, ela parecia irritada, cogitei muitas hipóteses, mas nada que explicasse as caretas que ela estava fazendo.

Para minha infelicidade completa, o professor resolveu aplicar uma prova surpresa. Minha mente não conseguiu processar quase nada do que estava ali, com sorte, acertaria ao menos uma questão.

Terminei a prova dois minutos depois de o sinal ter batido. Emma estava me esperando na porta e meu atraso parecia ter inflado ainda mais sua raiva.

-Bom Dia - eu disse a ela, assim que consegui diminuir nossa distância. E começamos a andar em direção ao pátio.

-Bom Dia - respondeu em um sussurro, e fez uma longa pausa antes de finalmente continuar - Onde você estava? Estamos tentando falar com você desde sábado. Oliver está desesperado. Fomos a sua casa, te ligamos varias vezes, mandamos mensagem e nada. Achei que você tinha voltado para Los Angeles.

-Desculpa. Eu nem sei onde está meu celular. Não fiquei muito em casa esse fim de semana. - sorri sem perceber

- O que houve? Onde você foi? - Ela se apressou em perguntar.

-Aconteceu muita coisa, muita coisa mesmo- sorri outra vez- Mas espera, a gente esta indo na direção errada.

-Você esta com a cabeça em que lugar? - Emma perguntou incrédula. Devo ter feito cara de interrogação, pois ela balançou a cabeça algumas vezes, depois começou a explicar - O professor avisou várias vezes que a professora de Artes está doente, e que deveríamos ir para o pátio.

-Ah, não escutei...

-Percebi - ela parou ao meu lado e olhou em volta- Vem, o pessoal está ali - apontou para uma mesa a direita.

Nos aproximamos do pessoal e fui surpreendida por duas mãos em minha cintura, me forçando à um abraço, só descobri quem era pelo conhecido perfume amadeirado. Oliver.

-Onde esteve? - ele perguntou, segurando meus ombros, depois de ter nos distanciado um pouco. Seus olhos estavam vidrados, a pupila dilatada, a respiração ofegante e suas mãos estavam tremendo levemente.

-Fiquei fora de casa esse fim de semana, sai com um amigo. - disse a ele, enquanto me sentava a mesa, tentando demonstrar o mínimo de importância possível.

- Um amigo? Que amigo? - perguntou se sentando a minha frente, do outro lado da mesa. Todos estavam esperando por minha resposta.

-Não te devo satisfações Oliver, o máximo que você tem que saber como um amigo, que é o que você é, é que não estive em casa e não sabia que estavam tentando falar comigo.

Todos em nossa mesa me olharam surpresos, exceto Oliver que me analisava friamente, mas no fundo de seus olhos eu enxerguei a tristeza.

- Então é isso? Agora eu sou só seu amigo? Tudo que eu te disse não significou nada?

-Tudo o que você disse, deixou de ter significado quando as suas atitudes entraram em contradição com elas.

-Isso é ridículo - ele sussurrou e deu um sorriso sem vontade - Aquilo foi um erro enorme, eu esperava de você uma atitude mais compreensiva.

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