Fiquei um bom tempo pensando sobre Adam, Oliver e o beijo que tinha dado nos dois.
Além de tudo, o comentário de Adam ainda agravou muito mais minha confusão mental.
[...]
Aquele dia foi bem comum. Mais um dia de aula, cheio de novas informações, que a maioria, com certeza, não usaria para nada.
Quando estava saindo da escola com meus amigos, vimos Adam na secretaria. Logo pensei que algo de muito grave havia acontecido, mas assim que ele nos viu abriu um sorriso largo.
-O que você tá fazendo aqui? - Perguntei quando chegamos perto dele e todos já haviam o comprimentado.
-Eu vim fazer minha matrícula para o próximo e último ano.
-Sério? - Todos perguntamos juntos, mas com entonações diferentes.
-Sim - ele respondeu sorrindo.
Blake, Diana e Brad cumprimentaram ele novamente por agora fazer parte do bando e da escola também.
Assim que todos acabaram de celebrar e fazer planos, Adam e eu fomos embora.
Conversamos a tarde inteira sobre os professores, as aulas, a formatura e muitas outras coisas sobre a escola e o último ano.
Adam pediu minha ajuda para terminar de arruma suas coisas em seu quarto. Ainda haviam 4 caixas enormes, que seu pai tinha mandado há dois dias.
-O que tem nestas caixas? - perguntei curiosa.
-Deve ser o restante das coisas que tinha no meu quarto.
Ficamos um tempo em silêncio enquanto arrumavamos suas coisas, até que Adam quebrou o silêncio.
-Posso te perguntar uma coisa?- Milhares de coisas passaram pela minha mente. Ele parou o que estava fazendo, ficando de frente para mim, esperando minha resposta.
-Pode sim - respondi finalmente também parando o que estava fazendo, esperando sua pergunta.
- Você ficou incomodada com o que eu disse sobre nosso beijo?
Minha mente deu mil voltas, antes de eu finalmente conseguir bolar uma resposta coerente.
-Não fiquei incomodada, Adam. Eu tenho que admitir que também gostei do nosso beijo, mas na verdade fiquei muito envergonhada e com bastante receio de falar isso para você quando você fez aquele comentário ontem.
Adam não falou nada, apenas se aproximou ainda mais de mim, colocou suas mãos na minha cintura e me puxou para mais um beijo. Eu quis impedi-lo, mas meu desejo por outro beijo de Adam foi maior que isso.
Como da outra vez, nosso beijo foi como estar sob efeito de droga, como se eu pudesse ter o mundo inteiro naquele momento. Adam passava suas mãos por todo meu corpo e eu fazia o mesmo, chegava a ser involuntário, como se estivéssemos treinado a vida toda para aquele momento.
Eu estava super envolvida naquele momento, até me vir a mente a lembrança da primeira vez que beijei Oliver, exatamente naquela casa.
Parei nosso beijo e empurrei Adam, que me olhou como se perguntasse o que havia feito de errado.
Desci as escadas de nossa casa correndo em direção a porta. Fiquei andando pela cidade, visitei alguns bairros afastados da escola e de casa.
Eu estava me sentindo culpada por ter beijado Adam novamente. Dessa vez não tinha feito parte de uma brincadeira "inocente" entre amigos. Nos tínhamos nos beijado e eu queria isso tanto quanto ele.
Cheguei a um bairro conhecido como um dos mais seguros da cidade por morar vários polícias no local. Enquanto andava entre as ruas, vi Oliver sair de uma das casas com um outro homem e correr até um vã branca com o nome de uma lanchonete.
Pensei em gritar seu nome mas aconteceu tudo tão rápido e não deu tempo.
Decidi ir até a casa de onde ele havia saído. Algo dizia que eu devia ir até lá. Foi mais como um instinto do que mesmo curiosidade.
Bati na porta algumas vezes e a campainha também. Será que Oliver havia invadido a casa de alguém? Milhões de teorias passaram pela minha cabeça.
Virei a maçaneta e a porta estava aberta. Entrei na casa que estava toda escura. Peguei meu celular e liguei a lanterna. Eu estava na sala da casa, dava pra ver que era bem grande, consegui enxergar o interruptor.
Assim que a luzes se ascenderam, meu único instinto foi gritar o mais alto que consegui.
Eu estava pisando em uma enorme poça de sangue, que estava se espalhando pela casa toda.
Em um dos sofás havia uma garotinha que aparentava ter menos de dez anos, seu pescoço estava cortado de uma ponta a outra, seus olhos estava abertos, mas não havia mais vida em seu corpo, o sofá estava ensopado com seu sangue.
Mais a frente, do outro lado,mais próximo a mesa de jantar, havia outro corpo, o de uma mulher, com certeza era a mãe da garotinha, eram bastante parecidas. Seu corpo tinha muitas marcas, como se ela tivesse sido torturada antes de terem atirado em sua cabeça.
Ao lado da mulher, ainda havia mais um corpo. Dessa vez era uma menina, ela me fez lembrar de mim mesma, com certeza nossas idades eram próximas. Ela estava encostada na parede com três perfurações de bala em seu tórax.
Aquele cena eu com certeza jamais esqueceria. As lágrimas estavam percorrendo meu rosto inteiro, era incontrolável.
Resolvi ligar para a polícia, que chegou poucos minutos depois e logo isolaram a área do terreno da casa.
Me fizeram muitas perguntas, nem todas eu consegui responder. Inventei uma história de que havia conhecido a garota em uma loja e que tinha combinado de fazer uma visita a ela, e que me deparei com a cena de terror quando cheguei.
Os policiais acreditaram na minha história, não tinham porque desconfiar de mim.
Logo os policiais me dispensaram ele me levaram até minha casa. Eu não conseguia pensar direito, muito menos responder as perguntas de Adam.
Eu só conseguia pensar no que havia visto naquela casa e em Oliver saindo daquele lugar. Minha cabeça doía, meu corpo também. Era como se eu tivesse corrido uma maratona.
Minha vontade era apenas de deitar na minha cama e apagar, e foi o que fiz.
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All I Want
ChickLitO que leva uma pessoa a tentar contra a própria vida? Uma rota de fuga da dura realidade? Talvez a falta de uma razão para continuar? Falta de paz? Amor? Afeto? Tudo que eu sempre quis foi ser feliz, feliz do jeito que eu via as outras pessoas sendo...